A notícia do crime de uma garota que aos 13 anos teria matado o pai após uma briga teve grande repercussão no Estado. O fato aconteceu no dia 6 desse mês no município de Siriri, distante 34 km da capital sergipana. Segundo informações da polícia o crime teria sido motivado após uma briga entre a garota e o pai. Dez dias após o crime a equipe do Portal Infonet conversou com familiares da menina e ouviu uma psicóloga para tratar do assunto. Parentes estão preocupados com a menina
Apesar da gravidade do crime, a psicóloga Edelvaisse Mendonça Ferreira, afirma que não é surpresa o crescimento do índice de violência praticada por crianças e adolescentes. “Note-se que tais crimes são cometidos contra os mesmos adultos que não souberam orientar. Essa orientação tem que ser delegada à família que se planta a semente do bom comportamento, da honestidade, da solidariedade, do respeito. Portanto, se uma criança comete um ato infracional, não é porque a escola não soube controlar ou reeducar, e sim porque, na família, essa lacuna já se fez sentida”, observa.
Hostilidade
Muito abalado o tio, que por medida de segurança será identificado pelas iniciais J.C.M, conta que a garota está sofrendo muito e que o crime mudou a rotina da família. “Ela chora muito, está muito arrependida, uma coisa dessas mexeu com todo o Estado. É muito triste porque todo mundo aqui gostava muito dele, tinha defeitos, mas era um homem bom”, diz. A psicóloga Edel Ferreira orienta para que pais e filhos tenham diálogo
J.C.M afirma que desde o crime toda a família tem sido apontada nas ruas e que a menina tem evitado sair de casa com medo dos comentários da vizinhança. “A gente sai nas ruas e sempre tem alguém que aponta e faz algum comentário. Muitas vezes a gente tenta explicar que foi muito triste o que aconteceu, mas isso pode acontecer em qualquer família. Muitas pessoas ficam dizendo coisas diferentes do que aconteceu, aumentando tudo”, lamenta.
A psicóloga esclarece que muitas vezes os próprios pais dão exemplos inadequados. “Veja o caso em questão, em que o pai foi reconhecido como alcoolista, violento, agressivo e desrespeitoso em relação à família, inclusive à própria mãe. Como, sendo exposta a tal modelo de conduta, essa menina poderia aprender um comportamento sócio familiar desejável?”, questionar Edelvaisse Mendonça que completa, “Como diante de tal exposição, ela não aprenderia também as primeiras lições de violência, agressividade e desrespeito?”, alerta.
Futuro
J.C.M explica que após o crime a família tem buscando forças na Igreja Católica e que o
apoio será fundamental na recuperação da jovem. “Ela só pode contar com a nossa ajuda. Por isso, temos procurado conversar e dizer que a vida tem que seguir. Ela é muito jovem e tem muitos planos para o futuro”, lembra. A psicóloga alerta para que pais estabeleçam limites Foto: divulgação
Edelvaisse alerta que a adolescente deve ter garantida como medida de proteção, o acompanhamento psicológico e afirma que o conflito sofrido pela jovem pode provocar vários traumas. “Depois de passado o momento de total descontrole e aplacada a raiva, a menina inevitavelmente cairia em si e perceberia que atentou contra a vida do próprio pai. Isso a faria ter uma imagem negativa de si mesma, especialmente quando a situação vira notícia no Brasil inteiro e as pessoas passam a vê-la não mais como uma adolescente comum”, destaca a psicóloga.
Limites
Ao tratar sobre os conflitos envolvendo pais e filhos a psicóloga lembra que é necessário garantir o diálogo familiar e enfatiza que limitar é também um ato de amor. “Tudo o que as crianças e adolescentes buscam é o conhecimento dos seus limites e é exatamente por isso que desafiam tanto os mais velhos. Desafiam, porque ainda não sabem até onde podem chegar. Se não lhes são dados os limites os filhos vão ultrapassar todas as barreiras do adequado”, pontua.
Inquérito
A delegada Mariana Andrade de Amorim, responsável pelo caso ressalta que a jovem confessou ter cometido o crime, e mantém a versão de que o pai era agressivo. O inquérito deverá ser concluído até o final do mês.
Por Kátia Susanna
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