Primeira Reflexão: “Annus horribilis”.
Uso como título o mote “Annus horribilis”, ouvido por mim, quando a Rainha Elizabeth II se referiu ao ano de 1992 em um discurso pronunciado no fim daquele ano, por ter sido um período marcado por escândalos e desastres para a Coroa Real Britânica.
Os comentários da rainha, ocorridos há trinta e dois anos atrás, permanecem ainda hoje notáveis, porque foram notícia internacional, e a frase que significa “ano terrível” ou “ano desastroso”, posteriormente entrou no léxico comum do noticiário mundial, para descrever um ano de grande infortúnio pessoal ou político.
Segundo o Dicionário de Cambridge, “Annus horribilis” é uma citação latina, que define “um ano eivado de eventos extremamente ruins”.
Visto sob uma perspectiva histórica, a frase “Annus horribilis” fora utilizada pela primeira vez em 1891 numa publicação anglicana para descrever 1870, como o terrível ano em que a Igreja Católica Romana definira o dogma da “Infalibilidade papal”.
A infalibilidade papal virara então um dos dogmas da Igreja Católica.
Por tais princípios, definidos como indiscutíveis, a teologia católica afirmava que o Papa, em comunhão com o Sagrado Magistério, quando delibera, define e clarifica solenemente algo em matéria de fé ou de moral, aí incluídos os costumes, e o fazendo, “ex cathedra”, que quer dizer; “a partir da cadeira” de São Pedro, age sempre acertadamente, de modo a esclarecer solene e definitivamente, “urbe et orbe”, outra frase latina destinada à cidade de Roma que o escuta, e ao mundo como um todo em seu amplo rebanho, em matérias de Ordem e de Fé, quando o Sumo Pontíficegoza aí da assistência sobrenatural do Espírito Santo, que o preserva de todo e qualquer erro.
Desnecessário dizer que tudo isso se restringe a matérias de Fé.
E em matéria de Fé, falecem todos os argumentos divergentes, ou não de todo convergentes, afinal de longa data há um outro mote mais longevo: “Roma locuta, causa finita”, quando Roma encerrava toda e qualquer contenda, enquanto tribunal final, definitivo, onde recurso não mais havia neste aquém à sombra do Sol.
Em matéria de Fé todavia, o ano de 1870 ficaria para a Publicação Anglicana de 1891 como um “ano horrível”, afinal o Papado de Pio IX restara “assaz reacionário”, perante tempos anteriores de liberação do pensamento dos enciclopedistas e das múltiplas revoluções acontecidas a partir da França, em contamino crescente mundo a fora…
Eram tempos de reação à Igreja, com o próprio Papa Pio IX perdendo o seu poder temporal nos chamados Estados Pontifícios, ampla região central da Península Itálica, considerada como “Patrimônio de São Pedro” entre os anos de 876 até 1870, quando aquele Papa perante uma Itália Unificada como nação, restou acuado como prisioneiro, assim se sentindo todos os Papas a si sequentes; Leão XIII (1878-1903) , Pio X (1903-1914), Bento XV (1914-1922), Pio XI(1922-1939), quando foi assinado o Tratado de Latrão, que via Concordata com Benito Mussolini, o papado recuperou o Estado do Vaticano sob o controle da Santa Sé.
“Annus horribilis” portanto, tem sido um bom mote a repetir e representar infaustos acontecimentos, lado a outro, conforme o pensar de cada um, quando em verdade o termo bem melhor seria “Anni horribiles”, ou anos horríveis: no plural.
Todavia, por “Annus horribilis” foi assim classificado o ano que finda hoje, 31 de dezembro de 2024, assim entendido por Jean-Pierre Robin em seu artigo de 23 de dezembro no Le Figaro, porque representou o pior ano em termos de natalidade na nação francesa, desde 1930, uma tendência que arrisca fortemente acentuar a crise política e econômica daquele país.
Por “Annus horribilis” também, foi considerado na França o ano que finda hoje, porque logo após a derrota dos partidários de Emanuel Macron nas eleições para o parlamento Europeu, este resolveu antecipar as eleições gerais de seu país e viu crescerem sobremodo as cadeiras ligadas a sua oposição, tanto à Direita com Marine Le Pen, conquistando 154 posições e daqueles ligados à esquerda dos aliados aos Insubmissos de François Mélenchon com 182 cadeiras, nenhum dos dois grupamentos conseguindo maioria para governar, o que levou o país a quatro Primeiros-Ministros efêmeros: Élizabeth Born, Gabriel Attal, Michel Barnier e François Bayrou; todos incapazes de aprovar a mínima coisa no parlamento, numa paralisia sem fim e em excessos de discursos.
Por “Annus horribilis” outros, podemos classificar o ano de 2024 no Brasil, com o Governo Lula fracassando em todos os setores onde assumiu subindo a rampa do planalto em convescote de esbórnia e irresponsabilidade, afinal ninguém, fora dos editoriais da Grande Imprensa tem creditado alguma esperança, com os juros crescentes, a Economia declinante e o Dólar assumindo patamares nunca dantes aó chegados.
Com tantas achegas verificadas, poder-se-á dizer que novos “Anni horibiles” secundarão a partir do Ano Novo de 2025 que nos chegarão em desesperanças, pedindo a Deus que tenha pena de nós todos, porque merecemos padecer por nossos erros.
Se não é assim que pensam os meus leitores, que cada um erga suas preces aos céus, para que sejam tanto merecidos ou não tanto.
Eu, de minha parte, estou descrente mas irei em frente, até para ter a confirmação das misérias que virão.
Felicidades desejo a todos neste 2025, porque vamos precisar de muito mais do que a nossa vã esperança que nos alimenta o viver.
Temos, cada vez mais, de aprender a sobreviver muitos “Anni Horribiles” com essa gente no poder.
Reflexões melhores vindas de minha médica favorita:
Dra. Daniela Garcia Moreno Cabral Matins.
Antes que 2024 se vá!
Ao contrário da trend, como posso ter sido triste em 2024…. eu afirmo que eu o fui várias vezes. Isso não significa que a alegria não tenha sido a emoção predominante. Nem que 2024 seja um ano a ser esquecido. Foi um ano de despedidas previstas e Apenas uma constatação de que a tristeza faz parte da nossa vida e não podemos desprezá-la.
Não que eu seja daquelas que fica feliz com os aprendizados que ela nos traz. A segunda afirmação é verdadeira mas não me empenho, nem um pouco, em sair da zona de conforto ou almejar sofrer para crescer. Não me empolgo com anti-fragilidade nem estoicismo. Quero rir, sorrir, se possível, gargalhar, até dizer basta pois a barriga está doendo.
Comecei 2024 em novembro de 2023 e pretendia terminá-lo no final de janeiro. Sou dessas que estabeleço o calendário da minha alma! Já fiz isso outras vezes: começos adiantados, pontos finais atrasados. Se existe o calendário gregoriano, o islâmico, o chinês, os meridianos a mudarem os fusos, por que não posso ter o meu? O tempo do relógio pode ser o tempo oportuno, ou não… As prioridades e metas individuais podem ser não ser compreendidas mas a verdade de assumi-las pode ser aquilo que não nos põe à margem de nós mesmos.
E eis que durante esse meu devaneio, percebo que 2024 provocou uma briga da matemática com o português e se tornou um ano ímpar! Um ano de despedidas previstas e muitas metas concretizadas.
E como tal, em sua unicidade a seguir o padrão do tempo que é somente o agora, e na certeza de que é saudável mudar de opinião, eu decidi encerrá-lo no exato minuto final de 31/12.
Para frente, somente repetir bons hábitos adquiridos no ano vigente e ser uma boa morada para mim mesma! Sem maiores metas, planos, regras, mas na certeza de que algo novo, e que no momento ainda é completamente desconhecido pelo sujeito está a escrever sua história (eu mesma) chegará. E eu vou estar pronta! Com sorriso vibrante, olhar vívido e braços abertos.
DGMCM
Reflexão de uma médica em home office.
O bom do home office é que eu levo meu trabalho pra qualquer lugar.
O ruim do home office é que eu levo meu trabalho pra qualquer lugar.
O anúncio de necessidade de auxílio médico em um voo pode soar como nem aqui eu tenho paz ou que grandioso ser eu aqui a pessoa capaz de fazer a diferença.
O bom e o ruim podem conviver juntos na mesma situação. Cabe a cada um decidir como enxergar.
No livro “As Coisas que Você Só Vê quando Desacelera” de Haemin Sunin, o autor propõe que a realidade não é tão real assim. E o verdadeiro pode ser aquilo que você decide ver ou sentir. Isto é, em grande parte das coisas podemos definir o que é a realidade a partir do acreditamos, ou, pelo menos, desejamos acreditar. A forma como vemos o mundo é um reflexo do que se passa em nossa mente.
Raiva pode ser interpretada como livramento.
Saudade como diagnóstico de momentos bons.
Cansaço como sinônimo de sucesso.
Medo como figurador da verdade.
Tédio pode ser paz.
A decisão é sempre uma escolha.
E ela é sua!