O acidente ocorrido na última segunda-feira, 26, quando o desabamento de uma marquise no centro da capital tirou a vida dona de casa Vanuza Silva dos Santos, de 30 anos, e deixou os dois filhos dela feridos, reacendeu o debate acerca não só da conservação, mas também dos riscos que os prédios mais antigos na capital oferecem à população. Marquise está escorada com estrutura de madeira na Avenida Ivo do Prado (Fotos Portal Infonet)
O edifício da loja de departamentos onde ocorreu o acidente estava em uso, o que implicaria a certeza da solidez de sua estrutura. No entanto, outros três prédios também no Centro da cidade são velhos conhecidos da população pelo estado de abandono e risco que oferecem aos que circulam diariamente naquela região. Processos judiciais, a própria burocracia dos órgãos públicos e a ausência de uma política concreta de revitalização ou reuso desses espaços, verdadeiros ícones da história sergipana, acabam por criar um jogo de empurra-empurra em que todos saem perdendo.
Antigo “Diário de Aracaju” Estrutura foi interditada em 2009, mas desde 2007 apresenta risco
O exemplo mais claro do perigo iminente que esses edifícios oferecem é o prédio que abrigou o antigo ‘Diário de Aracaju’ e a empresa ‘A Fonseca’, localizado na Avenida Rio Branco. A estrutura já comprometida foi interditada em 2009, mas desde 2007 já se sabia do risco de desabamento do local. Desde a interdição a marquise está escorada com uma estrutura de madeira.
O presidente da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Paulo Roberto Melo Costa, explica que a responsabilidade pela demolição do local é dos proprietários. Um laudo feito pelo órgão já foi encaminhado ao Ministério Público Estadual (MP) e uma audiência deve ocorrer em breve para tratar do assunto.
“Estamos sempre monitorando a área e trocando o escoramento. Uma equipe passa periodicamente para verificar a situação do edifício”, disse Cosa, sem precisar a freqüência com que esse trabalho é realizado. Hotel Palace segue sem destino definido
Hotel Palace
Há 20 anos o Palace encerrou as atividades que o tornaram um dos mais importantes prédios da capital. De lá para cá vários foram os projetos apresentados para uso do espaço, mas nada foi concretizado. Em 2002, parte da marquise do edifício também desabou, mas ninguém ficou ferido. Um ano depois ele chegou a ser interditado, mas após a realização de obras emergenciais, como a retirada das marquises restantes e o fechamento das janelas com blocos, o prédio continuou sendo usado.
Trabalhando há 15 anos no local, o ambulante Jailton Silva dos Santos disse não ter medo de acidentes. “O que ocorreu antes foi por falta de vistoria e de manutenção, mas hoje melhorou muito. Não há infiltrações e eu nunca vi uma rachadura”, diz. Outros comerciantes preferiram não falar com a reportagem por alegar medo de ter de sair do local, caso haja qualquer intervenção na estrutura do prédio. Jailton Silva diz não ter medo de estrutura do antigo hotel
A dona de casa Estela Cristina disse temer pelas pessoas que trabalham no edifício. “Não só esse, mas há prédios bem mais velhos e que ninguém se preocupa em conservar. Não se percebe muita segurança aqui. As pessoas estão trabalhando aqui porque precisam, mas sabem do risco”, afirma.
Paulo Roberto explica que a Emurb realizou no prédio do antigo hotel todos os serviços que eram da competência da empresa, ressaltando, todavia, que o edifício pertence ao Estado, à União e a terceiros. O MP, segundo ele, também esta movendo uma ação para definir o uso do prédio. Paulo Costa, presidente da Emurb
Já o coordenador estadual da Defesa Civil, major Erivaldo Mendes, disse que o imóvel não oferece mais riscos à população. “Pode ocorrer o desprendimento de revestimentos. Mas o caso está no MP, que está dando o encaminhamento necessário”, concorda.
Antiga Alfândega
Construído em 1855, o prédio que abrigou a Alfândega quando da transferência da capital de São Cristóvão para Aracaju permanece fechado e relegado aos sinais do tempo. Em 2005 o edifício foi transferido da União para a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), que deveria ter apresentado um projeto para destinação do imóvel em até cinco anos. Em maio deste ano o Ministério Público deu prazo de 90 dias para que a PMA apresentasse um projeto, mas o presidente da Emurb diz que ainda este ano uma proposta de revitalização será apresentada. “Estamos correndo para fazer este serviço ainda em 2010, só depende de ajustes”, afirma.
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Por Diógenes de Souza e Kátia Susanna
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