Na política, como na natureza, o poder está sempre em disputa. Grupos tentam manter sua influência, enquanto novos atores buscam espaço. Esta narrativa, inspirada no reino animal, é apenas uma fábula sobre os bastidores de uma disputa acirrada. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. O verdadeiro debate não é sobre nomes, mas sobre transparência, independência e legitimidade. No fim, um poder só se sustenta quando governado com justiça. PASSEMOS À FÁBULA:
Na selva da OAB, o Quinto Constitucional virou uma guerra declarada. Se antes os animais apenas acatavam os rugidos do Leãozinho Daniel e os comandos estratégicos do Caçador CAM, agora a coisa mudou de figura. Os riachos murmuravam intrigas, os galhos estalavam com movimentações suspeitas, e os bichos que antes aceitavam tudo calados decidiram mostrar as garras.
Por anos, o Conselho da OAB foi um grupo discreto, limitado a referendar decisões da cúpula. Mas algo inesperado estava acontecendo: os conselheiros começaram a conversar. Isso mesmo! Dessa vez, os animais do Conselho resolveram sair das cavernas e das copas das árvores e começaram a ouvir os candidatos diretamente. O jogo virou!
Os tradicionais donos do poder perceberam que não controlam mais tudo como antes. O Leãozinho e o Caçador CAM sentem a floresta fugir das patas deles. Lá do alto, o Pavão Márcio bateu suas penas nervosamente, esbravejando: “— Leãozinho, isso aqui sempre foi nosso! Agora esse bando de conselheiros resolveu ter opinião própria? Como deixamos isso acontecer?”.
O Leãozinho rosnou baixinho, tentando manter a calma e sussurrou: — Calma, Pavão. Estamos apenas testando a lealdade do Conselho”. Neste instante o Caçador, sempre frio e calculista, fechou a cara, e resmungou: “— Daniel, meu afilhado, pare de se enganar. O Conselho não está mais na nossa mão! Estão ouvindo os Lobos, os Tamanduás, as Jaguatiricas… Isso pode acabar mal pra gente”.
Enquanto isso, os candidatos aproveitavam a nova fase. Carlos Pina, o Tamanduá, já corria de galho em galho, farejando apoios. A Coruja Clara Machado, sempre atenta, cochichava nos ouvidos certos. Já Inácio Krauss, a Preguiça, e ABES, o Rato, reforçavam aos conselheiros que essa era a chance de romper com o passado: “— Vocês não precisam mais abaixar a cabeça para ninguém!” — bradava a Preguiça, com uma energia rara para sua espécie.
O Rato ria de canto de boca: “— Pela primeira vez, a escolha está nas mãos de vocês. Não entreguem esse poder de bandeja!”. Os conselheiros, antes acostumados a ouvir e obedecer, agora estavam gostando do novo papel. A selva tremeu. Os favoritos da cúpula não eram mais garantidos.
O Pavão se desesperou: “— Isso aqui está fugindo do controle!”. O CAM, com um olhar sombrio, murmurou: “— Talvez seja tarde demais para recuperar o domínio”. E, pela primeira vez, o Leãozinho não rugiu. A batalha pelo Quinto Trono estava apenas começando. E dessa vez, ninguém sabia quem sairia vitorioso.
O Leãozinho falou para o CAM: “— Padrinho CAM, o que está acontecendo? Antes, bastava um rugido meu para que a floresta inteira se curvasse! Agora, esse Conselho novo não me escuta, não me obedece… O que faremos?”. O Caçador, experiente e astuto, cruzou os braços, franzindo a testa: “— Afilhado, meu lindo, estamos com um problema. Os conselheiros acordaram. Antes, eram cordeirinhos; agora, parecem lobos, tucanos e até jaguatiricas! Precisamos agir rápido, senão nossos escolhidos podem ficar de fora da lista décupla!”.
Conrado que desfilava pela floresta com suas penas impecáveis e o ego inflado. Por dentro, porém, estava uma fera! De repente, ele marchou até a toca do Leãozinho, batendo a asa contra o chão com força e voltou a dizer, agora mais raivoso: “— Leãozinho, isso aqui virou bagunça? Desde quando Tamanduá pode competir comigo? Eu sou o favorito do tribunal, sempre fui! E agora, essa história de que o Rei dos Leões, Fábio Mitidieri, já tem um preferido?
Daniel, sentado sobre um trono de ilusões, olhou desconfiado para o Pavão.: — Márcio, controle-se mais uma vez meu lindo! Você ainda é forte no tribunal, mas o Rei dos Leões quer o Lobo Fabiano Feitosa no trono.
O Pavão inflou as penas, bufando de raiva: “— O Lobo?! O preferido do Rei? Esse forasteiro quer atravessar meu caminho?”. O Tamanduá, astuto, aproveitou o clima tenso e se aproximou, olhando de lado para os dois, disse: “— Interessante… Parece que a floresta está dividida. Enquanto vocês brigam, os conselheiros estão cada vez mais independentes”.
O Leãozinho rosnou, sentindo o perigo. Se o Conselho resolvesse pensar por conta própria, seus dias de reinado estariam contados: “— Escutem bem! Se não nos unirmos, o Lobo do Rei vai levar essa!”. O Pavão, ainda inflado, resmungou: “— Pois então trate de consertar isso, Leãozinho! Porque eu não pretendo perder para um Lobo domesticado pelo Rei!”.
Enquanto os três debatiam seus destinos, o Conselho observava, cada vez mais inclinado a fazer sua própria escolha. E na escuridão da mata, Fabiano Feitosa apenas sorria, aguardando a hora certa para dar o bote. A floresta nunca esteve tão selvagem.
Clara Machado, a Coruja, observava tudo do alto de sua árvore. Ela já estava conversando com os conselheiros, tentando convencê-los de que a tradição deveria ser mantida: “— Meus caros, não podemos deixar a floresta virar um caos!”— piou, ajeitando os óculos e lançando um olhar severo: “— Sigamos a tradição: os mais experientes, os que sempre estiveram no poder, não devem continuar decidindo! Afinal, quem melhor para mandar do que… vcs do Conselho e nós mesmos?”. (referindo-se a advocacia).
Mas lá no chão, a Preguiça Inácio Krauss espreguiçou-se e abriu um sorriso inesperadamente rápido: “— Respeito ao Conselho!!”, bradou, surpreendendo até a si mesmo por falar tão rápido. — Chega de teatro! Agora é nossa vez dele (o Conselho) decidir e precisamos acreditar nisso!!”.
O Rato deu um pulo e roeu um galho de nervoso: “— Ah, pronto, lá vem vocês com essa ladainha! Querem que a eleição continue sendo um teatro? Um bando de fantoches balançando a cabeça pro Leãozinho e pro Caçador?! Pois eu digo: o Conselho agora tem dente afiado, e a gente vai morder essa velha política!”.
Lá nas sombras, o Lobo, observava a cena com um sorriso de canto de boca. Enquanto os outros discutiam, ele já rondava os conselheiros, conquistando apoios com seu olhar penetrante e aquela voz sedutora de quem sabe persuadir: “— Companheiros, vocês sabem que a floresta precisa de um líder forte… Alguém que não tema caçadores nem pavões…”.
A essa altura, a Coruja sacudiu as penas e arregalou os olhos: “— Líder forte? Mas desde quando Lobo manda na floresta? Aqui sempre fomos nós, os mais sábios, os mais tradicionais!”. O Lobo soltou uma risada baixa: “— Ah, Coruja… O vento mudou. E eu sou bom de caça. Quem cochilar, vira janta”.
A Floresta da OAB nunca esteve tão dividida, e a escolha do Quinto Constitucional estava cada vez mais imprevisível. Seria a queda da velha realeza ou mais um teatro bem encenado? O chão tremia sob as patas do Elefante Evânio Moura e do Rinoceronte Juvenal Rocha, que caminhavam pesadamente, como quem carrega o peso de toda a advocacia nas costas: “— A OAB precisa de solidez, não dessas promessas vazias!” — bufou Evânio, batendo a pata no chão com força suficiente para levantar poeira.
Juvenal parou, encarou o colega e deu uma risada de quem já viu muito nessa vida: “— E também precisa de renovação, meu caro! Ou quer que a gente continue nessa marcha lenta, enquanto os bichos mais espertos correm na frente?”. Antes que um trombasse no outro, Denise Figueiredo, a Jaguatirica, saltou de um galho e disse: “— Aqui ninguém é bobo, não! Se querem guerra, então que joguem limpo! Mas já aviso: se vier golpe baixo, eu arranho!”.
Getúlio Sobral, o Macaco, balançava-se nos cipós, rindo da confusão como se já tivesse vencido: “— Ai, ai, vocês são muito sérios! Enquanto ficam aí debatendo como velhos professores de tromba longa, eu já garanti os meus votos!”.
Lá no alto, Edem Augusto, o Leopardo Pantera Negra, estava em silêncio, observando os movimentos de cada um, com um olhar de quem não perde um detalhe. Ele sabia que, na hora certa, bastava um bote bem dado para garantir a vitória. Enquanto isso, Tatiane Silvestre, a Cabra; Victor Barreto, o Tucano; e Carla Caroline, a Cutia, corriam de um lado para o outro, tentando garantir seus apoios.
“— Cada voto do Conselho vale ouro!” — berrou a Cabra, desviando de um galho baixo. “— Se vale! E eu vou garantir o meu com charme e diplomacia!”. — respondeu o Tucano, ajeitando as penas coloridas e pousando ao lado de um grupo de conselheiros. A Cutia, sempre acelerada, deu um pulo e olhou para os dois: “— Vocês ficam aí falando e eu já tenho uma lista inteira de apoiadores! Na política, quem cochila, vira jantar!”.
E assim, enquanto o Elefante e o Rinoceronte debatiam, o Macaco dava piruetas, a Jaguatirica afiava as garras e o Leopardo planejava seu bote, a floresta inteira entrava num verdadeiro jogo de sobrevivência. O Quinto Constitucional? Esse prêmio só seria conquistado pelo mais astuto… ou pelo mais rápido!
CAM cruzou os braços e lançou aquele olhar de quem sempre controlou o jogo: “— Senhores, sabemos como isso funciona. Vamos manter as tradições ou abrir espaço para o caos?”. Silêncio. Mas só por um segundo. ABES, saltou no meio da roda, bigodes tremendo: “— Tradição? Meu caro, isso que vocês chamam de tradição, nós chamamos de cartel bem organizado! E advinha? Hoje, o estoque de enganação acabou!”.
Inácio Krauss, levantou-se lentamente. Demorou tanto que o Pavão bufou impaciente. Mas quando finalmente abriu a boca, sua voz veio firme como um raio: “— Chega de lista pronta! Chega de empurrar goela abaixo os queridinhos de sempre! Os conselheiros vão decidir com independência”.
Márcio Conrado bateu as asas com força, espalhando penas pelo ar. Seu ego, tão grande quanto sua cauda colorida, estava ferido: “— Isso é um insulto à hierarquia da Floresta! Como assim, os conselheiros vão pensar por conta própria?!”. Fabiano Feitosa, soltou um riso, afiando os dentes: “— Temos sim que respeitar o Conselho! Não demos permitir as listas prontas! Cada bicho do Conselho deve decidir por si e não pela imposição da presidência!”.
Naquela noite, ninguém dormiu na floresta. O rugido dos debates ecoava pelas copas das árvores, os tamanduás farejavam alianças, os lobos circulavam sorrateiros, e os tucanos tentavam se equilibrar entre os galhos do poder. O Caçador CAM e o Leãozinho Daniel ainda tentavam acreditar que tinham as rédeas da situação. Mas a verdade era que o Conselho havia acordado – e quem desperta para a independência não volta a ser marionete.
Na manhã seguinte, enquanto o Pavão ainda ajeitava suas penas e ensaiava discursos de indignação, Fabiano Feitosa já estava nas trilhas, garantindo apoios com seu olhar astuto. O Tamanduá, por sua vez, continuava sua dança política, lambendo os beiços e garantindo votos em cada galho que visitava. A selva não era mais a mesma, e quem não percebesse isso ia ser atropelado pelos novos tempos.
E assim, no meio do caos, ficou claro para todos: o Conselho precisava se valorizar. Se os conselheiros aceitassem um papel de figurantes, assinando uma lista já escolhida nos bastidores, seriam apenas bichos enjaulados num circo repetitivo. Mas se assumissem de vez o protagonismo, poderiam transformar essa eleição na mais democrática que a OAB já viu.
E no final do dia, a floresta entendeu que só há uma coisa mais perigosa do que um Conselho obediente: um Conselho que pensa; um Conselho que escolhe; um Conselho que não se curva. O jogo ainda não acabou, mas uma coisa é certa: o Conselho que aí está não é mais o mesmo. E a selva? A selva nunca mais será a mesma.