O Super Mouse e a Revolução na Selva da Justiça

 

Na densa Floresta Jurídica, um lugar onde os bichos viviam sob regras aparentemente justas, mas que, nos bastidores, escondiam manobras para manter o poder nas patas de poucos. A floresta estava em alvoroço, pois uma nova eleição se aproximava. Os advogados da selva escolheriam um representante para ocupar o cobiçado trono dourado da Justiça (a vaga do Quito), mas, sorrateiramente, o Leãozinho Daniel Alves, o astuto Caçador CAM e outros bichos da floresta decidiram mudar as regras, impedindo que todos votassem livremente.

 

Porém, na mata, havia um pequeno e destemido roedor, Aurélio Belém, o Rato, que não engolia injustiças. Corajoso e esperto, ele roeu cada detalhe do regulamento, farejou inconsistências e decidiu enfrentar os gigantes da selva.

Todos riram dele. “— Um rato enfrentando um leão e um caçador? Só pode ser brincadeira!” — zombavam os poderosos. Mas o que ninguém esperava era que esse não era um rato qualquer. Era um Super Mouse! Com suas afiadas presas jurídicas, ele avançou pela selva dos tribunais, subiu nos galhos das leis e, num golpe de mestre, conseguiu uma liminar que suspendeu todo o processo eleitoral imposto pela OBF (Ordem dos Bichos da Floresta)! E foi aí que a confusão começou…

A selva fervilhava em discussões e os animais se preparavam para a grande disputa, uma sombra poderosa cruzou o céu. Era Vladimir Souza Carvalho, a Águia da Justiça, que chegava para restaurar a ordem e devolver aos advogados da Floresta o direito de escolherem livremente seus representantes.

Com suas asas imponentes e sua visão aguçada, ele sobrevoava a floresta, atento a cada detalhe, analisando cada movimento com um olhar firme e calculado. Nada escapava à sua percepção afiada. Ele viu as trapaças, sentiu o cheiro da manipulação e percebeu que a liberdade dos advogados estava sendo esmagada sob o peso das regras impostas pelo Conselho da Floresta.

Mas a Águia não agiu sozinha. Em suas garras, estava a petição do pequeno, mas destemido Super Mouse, Aurélio Belém, que com sua inteligência jurídica afiada havia desmontado cada fio da teia de artimanhas que tentaram impor. O Rato, com sua tese irrefutável, provou que a Constituição da Selva não permitia interferências no direito de escolha dos advogados e que qualquer tentativa de manipulação feria os princípios da Justiça.

E então, com um voo rasante e preciso, a Águia da Justiça lançou sua sentença como se fosse uma rajada de vento que dissipasse a neblina da incerteza. “— O voto pertence aos advogados, não aos intermediários!” — bradou ela, com uma voz que ecoou por toda a mata. A clareza e a precisão de sua decisão foram como um raio cortando o céu. Sem hesitação, ele suspendeu a manipulação eleitoral e garantiu que todos pudessem votar diretamente nos candidatos, restabelecendo a democracia na selva.

Cada palavra de sua sentença foi cirúrgica, bem fundamentada e inquestionável. Mas era preciso reconhecer: ela só foi possível porque um pequeno Rato ousou desafiar os poderosos, construindo uma tese jurídica tão sólida que nem mesmo os mais astutos predadores da floresta puderam derrubá-la.

A Águia, pousando majestosamente no topo da árvore mais alta, completou sua decisão: “— “A democracia não pode ser uma concessão. Ela deve ser um direito inalienável.” Os animais da floresta ficaram em silêncio por um momento. Até o rugido do Leãozinho e o resmungo do Caçador foram abafados pela imponência daquela decisão.

A Floresta Jurídica precisava de um juiz que não se curvasse às forças do poder, mas também precisava de um guerreiro astuto, que desafiasse as injustiças com inteligência e coragem. E foi exatamente isso que aconteceu: a Águia da Justiça garantiu o voo da democracia, mas foi o Super Mouse quem construiu as asas para que ela pudesse alçar voo.

A batalha pela democracia na selva continuava, mas agora, com regras justas e equilibradas, pelo menos por enquanto. E tudo graças a ABES, que teve a coragem de lutar, e à Águia da Justiça, que teve a sabedoria de reconhecer a verdade.

Depois de ler a sentença com atenção, o Elefante Evânio Moura, sempre sereno e ponderado, começou a caminhar de um lado para o outro, suas enormes patas fazendo o chão da floresta tremer a cada passo. O peso da decisão ecoava em sua mente. Inquieto, ergueu a tromba, pegou o telefone e discou freneticamente, sentindo a urgência da situação.— “Rinoceronte, meu amigo, você viu isso? Tá sabendo da Liminar que o Rato conseguiu?!” — trombeteou, ainda surpreso com o desfecho inesperado.

Do outro lado da linha, o robusto Rinoceronte Juvenal, um bicho de casca grossa, mas de coração justo, soltou uma risada forte: — “Claro que estou sabendo, e estou muito feliz! Finalmente teremos uma eleição justa! Não aquela maluquice que queriam reduzir a escolha para apenas 12 bichos dos 29 que se inscreveram!”

Ele fez uma pausa, inspirou fundo e completou, agora em tom de admiração: — “Mas olha, Evânio, que sentença foi essa da Águia Vladimir?! Que decisão brilhante! Precisa, firme e justa. E tudo isso só foi possível porque o Super Mouse Aurélio, esse pequeno gigante, teve coragem de peitar os poderosos com uma petição afiada como os dentes dele! Se não fosse pela tese impecável do Rato, a floresta continuaria refém das artimanhas dos de sempre.”

O Rinoceronte bateu novamente a pata no chão, entusiasmado: — “Hoje, meu amigo, a Justiça voou alto… e foi um Rato quem a fez alçar voo!” Os dois caíram na gargalhada. No fundo, porém, o Elefante ficou pensativo e murmurou para si mesmo: “— A democracia tem que vir dos advogados. Não podemos impor regras que limitem a escolha do próprio eleitorado”.

O Super Mouse ABES saltitava de galho em galho, ainda vibrando com sua vitória. O vento da justiça soprava forte, e ele mal podia conter a euforia. Logo avistou Inácio, a Preguiça, pendurada tranquilamente em uma árvore. Fingia que lia um livro, mas sua respiração ritmada denunciava que estava, na verdade, tirando um cochilo bem acomodado na sombra fresca.

Super Mouse pousou no galho ao lado e, sem conseguir conter a animação, cutucou o amigo: — “Viu só, Inácio? Nós conseguimos!” A Preguiça abriu um olho preguiçosamente, bocejou e esticou as patas antes de responder: — “Hmmm… Conseguimos mesmo… Eu sabia que você tinha uma boa tese, mas confesso que nem eu esperava que a Águia fosse derrubar aqueles urubus do poder assim, de uma vez só…”

Super Mouse sorriu, os olhos brilhando de orgulho. — “Todos riram de mim, disseram que eu estava me desgastando à toa, que eu não tinha chance. Mas eu abaixei a cabeça, recorri e… GANHEI! E não foi só uma vitória minha, Inácio. A Águia Vladimir soube enxergar a verdade e restaurou a justiça para toda a Floresta!”

A Preguiça balançou a cabeça lentamente e bocejou novamente, dessa vez com um sorriso satisfeito. — “Sim, Super Mouse… A Justiça foi restabelecida. A Floresta pode dormir tranquila hoje… E eu também…” E, com isso, abriu um dos olhos lentamente e deu um bocejo: “— Aurélio, agora você é o meu SUPER MOUSE!”.

Nesse instante, Tatiana, a Cabra, surgiu batendo seus cascos no chão, empolgada: “— Aurélio, meu lindo, parabéns! Agora eu tenho muito mais chances de concorrer! Meu medo era essa lista de 12 candidatos. Se eu caísse nessa peneira, já era! Agora é jogo aberto, agora é para valer!”. O Super Mouse sorriu: “— Exatamente, Cabra! Essa vitória não é minha, é da advocacia sergipana! Agora todos podem votar nos 29 inscritos e não apenas em quem o Conselho escolheu”. A floresta vibrava com essa nova chance de justiça. Mas nem todos estavam felizes…

Enquanto a selva celebrava a grande reviravolta, o Leãozinho Daniel Alves andava em círculos, sua juba desgrenhada, o olhar perdido e o rabo inquieto. Ele simplesmente não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. — “Isso não pode ser real! Como aquele Rato… aquele insignificante Rato… conseguiu virar o jogo desse jeito?!”— rugiu, incrédulo, chutando um galho seco no chão.

O suor escorria pelo seu focinho enquanto ele disparava em disparada pela mata, pisoteando folhas secas, até chegar à cabana do Caçador, que descansava em sua rede depois de um longo Carnaval de festa e folia. Sem fôlego, o Leãozinho entrou esbaforido, batendo as patas no chão.— “Padrinho! Padrinho! Acorda!”

O Caçador abriu um olho, coçou a barba e resmungou: — “O que foi agora, Leãozinho? O baile acabou e você ainda tá correndo?” — “Padrinho, você não tá entendendo! O Super Mouse conseguiu uma vitória que ninguém acreditava! A Águia Vladimir deu uma decisão certeira, e agora toda a floresta tá vibrando! Eles dizem que a justiça foi restaurada, que o voto é dos advogados!”

O Caçador bufou e se espreguiçou lentamente, sem demonstrar o mesmo desespero do seu afilhado leonino. — “Calma, meu filho. Dias bons virão, dias ruins também. Mas olha…” — ele fez uma pausa, olhando pela janela para a densa floresta. — “Essa decisão da Águia… essa aí vai ser difícil de reverter. Ele fundamentou tudo direitinho, destruiu os argumentos do Conselho e, pior ainda, usou a própria Constituição da Selva pra dar o golpe final. Se você quer saber, meu caro Leãozinho…” — ele tomou um gole de chá e completou com um sorriso amargo — “o jogo fugiu das nossas mãos.”

O Leãozinho afundou as garras na terra, cerrando os dentes. A Floresta Jurídica nunca mais seria a mesma… e, pela primeira vez, ele sentia o peso de uma verdadeira derrota.

A Floresta Jurídica estava em ebulição. Por toda parte, nos galhos, nas tocas e nas clareiras, os animais comentavam a decisão que mudara o rumo da eleição. A notícia da liminar da Águia Vladimir, fundamentada na tese afiada do Super Mouse, corria de boca em boca, pata em pata, asa em asa.

No meio da trilha principal, a imponente Girafa Robson Millet caminhava com sua elegância característica, observando do alto a movimentação agitada dos bichos. Foi então que avistou Carlos Pina, o Tamanduá, que, pensativo, lambia o focinho e batia levemente suas longas garras no chão.

Curiosa, a Girafa abaixou o longo pescoço e perguntou: — “Tamanduá, o que achou dessa decisão?” O Tamanduá, sempre calmo e metódico, ergueu os olhos lentamente e respondeu com sua voz arrastada: — “Confesso que não esperava que alguém fosse barrar essa mudança. Pensei que a selva já estivesse acostumada a engolir essas imposições”. Ele suspirou, coçou o focinho e completou: — “Mas é como dizem por aí: quando a Águia desce e o Rato avança, até os maiores predadores têm que se mexer.” A Girafa sorriu, olhando para a movimentação da selva. A disputa agora era de verdade.

De repente, Joab, o Vagalume, surgiu no meio da clareira, piscando sua luz com orgulho. Ele flutuava no ar, chamando a atenção dos outros bichos, que ainda discutiam os desdobramentos da decisão. — “Iluminar é minha missão!” — declarou ele, com um brilho intenso no olhar. — “E hoje, a Justiça brilhou como nunca! A sentença da Águia foi certeira, justa e bem fundamentada!”

Lá do alto, a Arara Gardênia deu um rasante, suas penas vibrantes refletindo os últimos raios de sol. Ela abriu o bico e gritou entusiasmada: — “Isso mesmo! Vamos correr atrás e obedecer à Justiça” Os animais concordaram com acenos e murmúrios de aprovação. A excelente sentença da Águia havia varrido as sombras da incerteza, e agora, a floresta pulsava com um novo ar de disputa limpa e democrática.

A Cutia Carla Coroline caminhava de um lado para o outro, inquieta. Pequena, ágil e sempre atenta aos detalhes, ela tinha a fama de saber de tudo antes de todo mundo.  De repente, o Tucano Vitor Barreto pousou em um galho próximo e com sua voz estrondosa e sua presença chamativa, ele sempre fazia questão de se destacar nas discussões importantes. — “Agora sim, meus amigos! Agora teremos uma disputa honrada, forte e de igual para igual!” — anunciou ele, sacudindo as penas. — “Não aquela coisa manipulada que queriam nos empurrar goela abaixo!”

A Cutia, roendo nervosamente um galhinho seco, levantou a cabeça e respondeu, com os olhos arregalados: — “Agora sim… Já imaginou o tamanho dessa disputa? Cada bicho correndo atrás do seu espaço, brigando pelos votos como se fosse um pedaço de goiaba madura? ”

O Tucano franziu o bico, enquanto a Arara torceu o pescoço curiosa. — “Embora… precisamos ter atenção com as paridades, viu?” — continuou a Cutia, batendo as patinhas no chão. — “Dos 29 inscritos, apenas oito são fêmeas! Se não prestarmos atenção, a representação pode acabar muito desigual.”

Nesse instante, Marília Meneses, a Ex-Caçadora, que agora jogava do lado certo, deu um passo à frente e falou com firmeza: “— Por mim, tanto faz! O que importa é disputar! Mas, se essa liminar se mantiver, pelo menos teremos uma eleição limpa!”. “— Exatamente!” — disse o Lagarto Genison Cruz, que até então estava camuflado num tronco. “— O jogo virou e eu já estou indo visitar os advogados, porque agora o corpo a corpo vai decidir essa eleição!”. O Jacaré Cícero Dantas, sempre quieto, se aproximou e sussurrou no ouvido da Capivara Felipe Augusto: “— Capi… agora a gente tem que correr atrás, porque o negócio virou do avesso!”.

No fundo da clareira, a Pantera Negra Eden Augusto ergueu a cabeça. Ele já sentia no ar que o jogo havia mudado completamente e declarou com firmeza: — “Agora, nada de tapetão!” Foi então que ele se lembrou da conversa que teve dias antes com o astuto Gato Coroa  da Lancha, Waguinho Ribeiro.

O Gato, sempre com aquele ar de sabichão e um olhar preguiçoso soltou o aviso: — “Escuta aqui, Pantera… Eu já cacei muito nessa floresta, e deixa eu te dizer uma coisa: esse Rato aí… até eu tenho dificuldade de pegar!”

A Pantera surpresa. — “Ah, qual é, Waguinho? Você é um gato! Desde quando um Rato te dá trabalho?” O Gato esticou as garras e bocejou, sem nenhuma pressa. — “Meu amigo, esse aí não é um rato qualquer! Esse é o Super Mouse! O danado escorrega, pula, se enfia nos cantos e, quando você acha que pegou… ele já escreveu uma petição de 50 páginas e te derrubou no tribunal!”

A Pantera soltou uma gargalhada, mas o Gato continuou, balançando a cauda de um lado para o outro, com um sorriso malicioso: — “E quer saber o pior? O Leãozinho achou que ia rugir e o Rato ia sair correndo! HA! Esse Rato olhou pro rugido e respondeu com um artigo da Constituição! Agora, olha aí… O Leãozinho tá desmilinguido, correndo atrás do Caçador, implorando por um plano B!”

A Pantera riu alto, imaginando a cena do Leãozinho desesperado. — “Então o bichano tá dizendo que nem ele pega o Rato?” — provocou Eden. O Gato esticou as patas, fingindo se espreguiçar, e deu um meio sorriso. — “Não sou eu que tô dizendo… é a floresta inteira que tá vendo!”

Lá no fundo, o Lobo Fabiano Fetosa, sempre à espreita, observou tudo de longe e disse: “— O ideal é que os advogados escolham… e não que um grupo escolha pelos advogados. Mas, de qualquer forma… que vença o melhor!”. A Iguana Kleidson Nascimento, sempre atenta, arrastou-se até a Capivara Felipe Augusto e sussurrou: “— Vamos trabalhar, porque se a gente não se mexer, vamos ficar pra trás nessa disputa! Não importa quais sejam as regras…”.

E assim, a floresta foi sacudida pelo pequeno, mas destemido Super Mouse ABES, que, com sua astúcia e determinação, desafiou os gigantes da selva, roeu as amarras da manipulação e garantiu, pelo menos até agora, que a escolha fosse justa para todos. O rugido do Leãozinho já não soava tão ameaçador e o Caçador havia virado poeira ao vento, e os animais, que antes assistiam passivos, agora se moviam com energia renovada, salvo o Pavão que parecia que tinha perdido suas penas brilhantes.

A eleição estava reaberta, e a floresta se transformava em um verdadeiro campo de batalha político. Cada bicho agora corria para conquistar votos, alianças eram feitas, promessas sussurradas entre as folhas, e a disputa prometia ser acirrada como nunca. Mas, no meio de toda essa movimentação, uma coisa era certa: nunca mais iriam subestimar um rato.

Pois agora, toda a selva sabia…

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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