Evento discute os caminhos para uma arte Nordestina em trânsito

O evento debate os caminhos, desafios e possibilidades da internacionalização da arte nordestina

O evento debate os caminhos, desafios e possibilidades da internacionalização da arte nordestina (Foto: Divulgação)

Na manhã do dia 26 de junho, o Memorial de Sergipe recebe o artista visual, curador e fundador da Casa Oxente, Wilame Lima Vallantin, para uma roda de conversa sobre os caminhos, desafios e possibilidades da internacionalização da arte nordestina, a partir da experiência concreta de criação de uma galeria independente em Lisboa. 

Com o tema “Internacionalizar a Arte Nordestina: Possibilidades em Lisboa, Portugal”, o evento propõe uma escuta atenta e uma provocação: como levar a arte nordestina para o mundo sem folclorizar ou ceder às armadilhas da brasilidade clichê? Como construir um espaço de presença e escuta no contexto europeu, onde o Nordeste ainda é frequentemente filtrado pelos centros hegemônicos do Sul global? 

Wilame traz uma narrativa pessoal e política. Nascido em Sergipe, com trajetória que passa pela França, Suíça, Áustria, Estados Unidos e, atualmente, Portugal, ele compartilha como suas experiências de deslocamento, invisibilidade e reinvenção atravessam seu fazer artístico e curatorial. Seu ponto de partida como artista foi a morte de um amigo e sua vivência como homossexual nordestino. Seu trabalho questiona papéis sociais, territórios e identidades, sempre a partir do corpo. 

A Casa Oxente nasce desse percurso afetivo e estético. Inicialmente instalada em sua própria residência em Lisboa, a Casa é hoje uma galeria que articula arte, política, afetividade e descolonização. Mais do que um espaço expositivo, é um lugar de encontro, partilha e escuta — onde obras de arte dividem espaço com saraus, comidas, conversas e residências artísticas. 

Durante o evento, Wilame explora também as tensões e fricções que envolvem a tentativa de dar ao Nordeste um lugar no imaginário europeu, sem reduzir sua complexidade. Ele propõe a ideia de uma “territorialidade ageográfica”, onde o Nordeste não é apenas um espaço geográfico, mas uma presença que habita afetos, memórias, corpos e linguagens. 

A pergunta central da roda é: “O que é o Nordeste?” — um convite a se despir dos clichês e construir uma resposta situada, plural e questionadora. Wilame desafia os participantes a refletirem sobre a construção simbólica da região, suas fronteiras imaginárias e as consequências políticas de sua representação. 

O evento também aborda aspectos práticos da internacionalização da arte nordestina: exportação, logística, feiras, editais, instituições como a Apex Brasil, oportunidades de residências artísticas e a importância de uma presença digital estruturada. Wilame compartilha dados, contatos e experiências que podem ajudar artistas nordestinos a expandirem suas redes e circularem com autonomia. 

A roda de conversa é parte de uma série de iniciativas da Casa Oxente para construir pontes entre o Nordeste e a Europa. Entre elas está a Residência “Nordeste Fora de Si”, lançada neste ano e que já está com inscrições abertas. A proposta é acolher artistas nordestinos em Lisboa, oferecendo acesso a uma rede de contatos e a possibilidade de expor na Casa Oxente. 

Outro destaque é o projeto em parceria com a jornalista e gestora socioambiental Lizandra Gasparro, que busca mapear técnicas de produção artística em risco de desaparecer. A iniciativa deve começar em Sergipe e ser expandida para outros estados do Nordeste. 

A conversa termina com uma novidade: a Casa Oxente está prestes a inaugurar seu novo espaço físico, localizado na Rua Passos Manuel, 64A, em Lisboa. A nova sede contará com galeria e ateliê, abrindo caminho para uma programação mais consistente de exposições coletivas e residências. 

O evento é gratuito, mas as inscrições já estão encerradas. 

Sobre a Casa Oxente 

A Casa Oxente é uma galeria independente sediada em Lisboa, dedicada à arte nordestina e às estéticas do deslocamento. Atua como espaço de difusão, escuta e encontro entre práticas populares e contemporâneas. Seu compromisso é abrir caminhos para que a arte nordestina circule pelo mundo de forma livre e direta, sem se submeter a filtros centralizadores. 

Sobre Wilame Lima Vallantin 

Artista visual, curador e fundador da Casa Oxente. Nascido em Sergipe e radicado em Portugal, sua obra transita entre fotografia, performance e instalação, abordando temas como memória, identidade e presença dissidente. Sua trajetória reflete a complexidade de ser nordestino fora do Brasil e a urgência de construir um espaço de escuta e representação para a arte do Nordeste no contexto europeu. 

 

Fonte: Assessoria de Imprensa

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