Matadouro já estava sendo reformado antes da decisão de fechamento (Fotos: Portal Infonet)
Os últimos acontecimentos que envolveram o Matadouro Público da cidade de Itabaiana, distante 58 km de Aracaju, deixaram muitas pessoas preocupadas com o destino do fornecimento da carne bovina pela região. Com o cancelamento da liminar que proibia o funcionamento do espaço, aos poucos as mudanças já estão sendo efetuadas.
Com a alegação de que o matadouro da cidade não estava de acordo com os requisitos básicos de higiene, no dia 13 de dezembro foi expedida uma Ação Judicial pela 2ª Vara Cível de Itabaiana, através da Juíza de Direito Maria Diorlanda Castro Nóbrega, onde foram suspensas as atividades de abate e transporte de carne para consumo.
Mas de acordo com o Secretário de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente de Itabaiana, Waltenis Braga, as reformas já vinham sendo iniciadas antes da determinação da justiça de fechamento do matadouro. Ele conta que com a suspensão dos serviços, cerca de três mil trabalhadores sairiam prejudicados.
Secretário diz que mais de 3 mil trabalhadores seriam prejudicados
“No dia 30 de setembro de 2010, nós assinamos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), onde nos comprometemos que em seis meses regularizaríamos todas as possíveis irregularidades identificadas no matadouro, incluindo reforma de toda sua infra-estrutura, utilizando os parâmetros do Ministério da Agricultura”, explica.
Ele diz que ainda assim, a limitar foi autorizada. “De qualquer forma, muitas adequações já estavam sendo feitas como a regularização do horário de funcionamento, as reformas nos banheiros, dentre outras coisas”, diz o secretário.
Prejuízo
O secretário Waltenis diz que em apenas uma semana, é feito uma matança de 300 a 600 bois no local. Além de Itabaiana, o matadouro fornece carne bovina para as cidades de Moita Bonita, Malhador, Areia Branca e parte de Aracaju.
“Com o possível fechamento todo fornecimento da carne nestes locais estaria comprometido. Teríamos de fazer a matança em Propriá, que não tem condições alguma de realizar todo o serviço que fazemos aqui. Assim, tanto o preço do quilo e do transporte quanto a demora na entrega da mercadoria seriam elevados”, aponta.
Otacílio trabalha há 20 anos no matadouro
Para o responsável pelo matadouro, o ex-vereador Erivaldo Freire, conhecido como Vado de Olimpio Grande, as mudanças já podem ser vistas nas dependências do matadouro.
“Aqui já tem melhorado muita coisa. Sem contar que muita gente trabalha aqui a gerações e, portanto, não tem nenhuma outra ocupação senão o de abate e preparação dos bois para consumo”, diz.
Alívio
Em 25 de dezembro de 2010, o desembargador Roberto Porto, presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, determinou o cancelamento da decisão de suspensão dos serviços do matadouro. De acordo com o termo judicial, o fechamento do matadouro “é mais prejudicial à sociedade do que a suspensão da mesma”.
Para muitos trabalhadores o matadouro é a única fonte de renda de suas famílias. “Realmente aqui estava precisando de algumas mudanças. Mas as coisas já estão se resolvendo”, diz Otacílio de Góis que trabalha como machante há 20 anos no local.
Fateira está em fase final de reforma
Ele conta que o trabalho no matadouro já ultrapassou algumas gerações de muitas famílias que fazem serviço na localidade. “Só na minha família são oito machantes. Para a gente esse já é um ramo de tradição. Este é o nosso serviço, nosso local de trabalho”, comenta Otacílio.
O machante ainda ressalta que todo o tratamento da carne vem sendo feito com bastante cuidado para manter a higiene e a qualidade do produto.
“Depois que abatemos o boi, limpamos com a maior higiene possível. Depois o boi é pendurado para ser devidamente transportado no caminhão baú, sem tocas no chão. Agente percebe que aqui é muito mais limpo do que muitos matadouros por aí”, observa o trabalhador.
Mudanças
Segundo o secretário Waltenis, já nos próximos dias serão iniciados os serviços na ala responsável pela organização e preparação de tripas e fatos, sendo realizados por diversas mulheres denominadas de fateiras. Para Maria Albertina dos Santos, mais conhecida como Ninha, diz que não saberia para onde ir caso o matadouro fosse fechado.
Ninha afirma que não sabe fazer outra ocupação, além de fateira
“Eu ia morrer de fome. Ia viver do que? Graças a Deus tudo está se resolvendo e a gente pode continuar o nosso trabalho. Há muito tempo que trabalho aqui, então não me vejo fazendo outra coisa. Gosto de ser fateira”, diz Ninha. O secretário também esclarece que o matadouro não faz uso do trabalho infantil em sua rotina produtiva.
“Sanitários, galpões, espaços onde se preparam as miúdas e cabeças, pintura, estruturas metálicas em certos locais, além de ajustes administrativos já estão sendo reformado aqui no matadouro. Inclusive estaremos atuando com os serviços de uma Equipe de Prevenção Industrial (EPI), que fará todo o acompanhamento com os animais. Nesta equipe também teremos dois veterinários”, explica Waltenis.
Ele ainda informa que os gados que chegarem para o abate deverão estar com um registro de Guia de Trânsito Animal (GTA), emitido pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), garantindo assim a boa procedência dos animais.
Prefeito informa que será construído um frigorífico no matadouro
Prefeitura
De acordo com o prefeito de Itabaiana, Luciano Bispo (PMDB), o órgão tem fiscalizado constantemente as reformas do local. “Acredito que a questão de matadouros em todo o Brasil precisa de um sério investimento de recursos para a efetuação de seus serviços. Neste matadouro, ainda temos a intenção de construir um frigorífico para manter e melhorar o funcionamento do local”, declara.
Ao todo estão sendo investidos pouco mais de R$200 mil nas obras de reforma do matadouro. Com o frigorífico, o processo de refrigeramento das carnes traria maiores condições ao abate. “Estamos atentos à situação e fazendo todas as adaptações necessárias para trazer uma carne de qualidade para todos os itabaianenses e os municípios que utilizam nossos serviços”, garante o prefeito.
Por Victor Hugo
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