Está no Evangelho de Lucas em 6:29: “Se alguém bater em você numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém tirar de você a capa, não o impeça de tirar a túnica”.
O conselho viera em reprovação à Lei antiga.
Está melhor explicitado em Mateus 33: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, vos digo: não resistais ao homem mau; antes, aquele que te fere na face direita, oferece também a esquerda; e aquele que pleitear contigo, para tomar-te a túnica; deixa-lhe também a veste.
No mesmo tom, Paulo nos admoesta em Romanos 12: “A ninguém pagueis o mal com o mal; seja a vossa preocupação fazer o que é bem para todos os homens, procurando, se possível, viver em paz com todos, por quanto de vós depende. Não façais justiça por vossa conta, caríssimos, mas dai lugar a ira, pois está escrito: ‘A mim pertence a vingança, eu é que retribuirei’, diz o Senhor. Antes se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede dá-lhe de beber. Agindo dessa forma estarás pondo brasas na cabeça dele. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”.
Dito assim, sem maiores dúvidas, o pensamento Evangelizador, quer que os homens se santifiquem uns aos outros.
Não é o caso de uma República, para quem bastaria que os homens fossem obedientes à Lei.
E a Lei seria fruto da recomendação humana, para o bom convívio dos diferentes…
Mas os homens são diferentes, muito diferentes!
Alguém já disse que o “o homem é o lobo do homem”, e por isso foi gestado o Estado para defendê-lo.
E o Estado, no seu desenvolver Leviatã como polvo enorme, em muitos tentáculos, sufoca os homens em regras e delitos, cada vez maiores, sem realizar um mínimo de paz no existir.
Se hoje não vivemos tempos cruéis imperiais dos idos Césares Romanos, Tibério, Calígula e Nero, outros vingaram depois, a História marcando com ferro e fogo a sua passagem, como Átila, o guerreiro huno que devastava tanto, que nem ao rastro do seu cavalo, viçava vã erva por vil rasteira.
E a história humana mais fala de agressões e agredidos, do que dos Santos, seus feitos, e sua pregação sempre inútil, só para dizer que o conclamado, por divino, a tudo resiste em pregação continuada.
Porque as contendas em todas delendas se repetiram e continuam, lavrando os feitos dos heróis a cultuar, a repelir e até; a imitá-los.
De Bertolt Brecht, cantador dos feitos em verso e verve, pondo em um de seus personagens na sua peça notável, Vida de Galileu, a frase é dita em voz alta: “Infeliz da terra que não tem heróis”.
A qual respondeu Galileu, com voz fraca, irreconhecível, perante tanta tortura e sofrimento, que sofrera no calabouço da inquisição religiosa; “Infeliz da terra que precisa de heróis”.
Frase que me vem no mesmo verne e na mesma intolerância, porque aos condenados sempre sobra a insolvência do melhor sofrimento, como agora com Bolsonaro, para quem nenhum direito tem valia, tudo isso na nossa República Idolatrada salve, salve!
Porque nesse campo condenatório, todo vergaste é menor, mesmo que o mundo saia às ruas para condenar o seu sofrimento.
Um desfile inútil de protesto, porque a imprensa canalha o esconde nas suas páginas cotidianas e no seu zarolho perverter.
Um sofrimento que já está vencendo fronteiras, suscitando castigos vários, no bolso daqueles que nunca sentiram sua responsabilidade no ato e no fato, afinal todos louvam a toga que tudo acoberta, inclusive a nódoa do próprio crime, e quem quiser que se exime, quando tudo virar de lado…
E, ao que parece, está virando…
Porque a sabedoria divina tenta sanear a vingança, por pacificação suasória de ânimos, mas não consegue.
Quem em tantos desafios pode se eximir da vendeta que se faz mais degustativa quando ressurge bem rápido?
Não está com excessiva demora, um crescente vamos ver odiento, que está sendo desafiado, a desesperar os espíritos mais pacíficos?
Não já está com a massa crescente nas ruas, e reverberando lá fora, perante nações amigas, plantando tanta cizânia na alma nacional, que a resposta se fará terrifica; justo em terras brasileiras, amoráveis no canto e no verso?
Quando esse povo descobrir o que os une, não serão as vidraças que sofrerão!
E nenhuma masmorra os amordaçará, como fazem agora a Bolsonaro, que tudo sofre, em arbítrio e violência.
Bolsonaro que é o culpado de tudo, segundo essa gente, canalha que escreve e tudo açula.
Canalha, retifico, não é tanto quem escreve, mas quem os lê, e pagam para sujar o papel com os seus maus escritos.
E a imprensa que toda discórdia planta, justo contra o malfadado Bolsonarismo, já está desabando aos pedaços, ao que parece!, com duas jornalistas, ambas louras, inteligentes e belas, Eliane Cantanhede e Daniela Lima, usadas pela Rede Globo de TV e Rádio, o mais importante meio de comunicação do país, que sem o dizer, já se reconhece nas entrelinhas, e sem mudar de linha: vulneráveis!
E o que dizer dos nossos articulistas mirins, tão chorões em sofrimentos sofridos e havidos em antanhos tempos, nunca de todo comprovados e imerecidos, não estão eles nessa luta contra o “Bolsonarismo” e em oposição a Anistia, não estão excessivamente cavando para si uma resposta digna do conceito a eles traçado?
Porque o Bolsonarismo até aqui vem sofrendo o pão que o diabo vem amassando, seguindo os seus escritos intolerantes.
E aí eu volto aos Evangelhos, porque cerca de dois milênios depois, nada do que Jesus falou em termos de bofetada recebida, com oferecimento de outra face, em termos de aceitação e tolerância, nada disso tem vingado.
Cristo disse aos que O crucificavam e traçavam dados por sua túnica: “Perdoai, Pai, porque não sabem o que fazem!”
Era uma promessa perante o mundo do porvir, não daquele mundo que estava para chegar; o futuro do homem na terra, como escorpiões e lacrais rastejantes, em tantos descaminhos e ferroadas.
O mundo que estava por vir, tem sido uma luta renhida de vindita eterna e prosseguida.
E o Brasil, que nunca vivera assim, tão haurido no ódio, se prenuncia em revanche, palavra francesa, rotineiramente repetida por vingança irrefletida, o que não deveria coexistir entre nós, porque é sempre fácil reunir a mais vil razia para eliminar o inimigo, que se nos apresenta inerme.
É isso que essa casta funesta não se vê, espelhado em seus escritos, falando só pra sua bolha venenosa, sedenta do quanto pior melhor.
Uns chegando até a dizer: “Toca fogo, cabaré!” Os eternos cabaretiers da esbórnia.
Quanto a mim, torço que a vingança não lhes seja tão maligna como merecem!
Mas se a Lei Magnitsky não voga tanto como susto por vingança encapsulada, o tarifaço de 50%, bem pode aumentar e ficar pior.
O céu não é o limite? Que nos diga Cuba que nada vende, nem açúcar, nem charuto, nem revolução, já se vão setenta anos!
Isso, porém, não nos afeta.
Não nos vale o conselho antigo: “Aprenda com as misérias dos outros, não para se regozijar, porque com as próprias, sofre-se muito!”
Nada, todavia, nos atinge; o culpado sempre é o outro, mesmo nos denunciando tão gigante, quanto anão, pigmeu e miúdo.
E nessa miudeza superior denunciada, bem evidenciada e assaz minudenciada, eis que ouço, em tantas “Fake News” disseminadas, que A Lei Magnitsky, esta novidade superior e saneadora, só prende no laço os bisões “Pantagruélicos e Gargantúicos da Toga”. E suas famílias que não poderão mais viajar para as terras civilizadas.
Quanto ao tarifaço, que bem pode ficar pior e aumentar, além dos bondosos 50%, só quem tem dinheiro para comprar como os Yankees, é quem pode bem precificar do lado oposto do balcão.
E mais! Tal tarifaço só quem vai pagar é gente rica, sempre insensível, aquele “Tubarão”, de quem nos falou um dia, Luiz Gonzaga, no velho Xote em que galhofava: “Num se pode comprar nada sem topar com tubarão No Ceará não tem disso não. Não, não, no Ceará não tem disso não”.
Gente que na falta de bom panelaço de pirão, sempre garfa sua farofa primeiro, tanto que já estão conseguindo urgente compensação do erário, via Medida Provisória, para não atrasar, com o crédito chegando antes do débito.
Quanto a nós outros, perdidos na rua, só ficaremos farofando.