Creche pode fechar por falta de parceiros

Socorro (à esquerda) e a diretora Maria de Lourdes(Fotos:Portal Infonet)
Criada através da Casa da Doméstica, a creche-escola Dom Távora, localizada na praça da Bandeira pode fechar por falta de parceiros e voluntários. Atualmente, o local abriga 227 crianças com faixa etária entre dois e nove anos e enfrenta a difícil tarefa de cuidar e alimentar estas crianças.

Mesmo com o apoio do governo, que atende 122 das 227 crianças abrigadas na creche, coordenadores, diretores e funcionários relatam que a situação está ficando cada dia pior. “Temos essa parceria com o governo e hoje não atendemos apenas aos filhos das domésticas, mas as trabalhadoras que não tem onde deixar os filhos. Acontece que falta, sobretudo, material humano. Faltam voluntários”, pontua a diretora Maria de Lourdes Santana Lorenz.

Maria de Lourdes ainda explicou a creche conta com sete voluntários, além de seis funcionários, onde três são da creche e três cedidos pela prefeitura. “Hoje nos desdobramos nas atividades com as crianças e tentamos, dentro das nossas possibilidades, prestar o melhor serviço”, pontua a diretora.

Permuta

Mesmo sabendo das dificuldades das trabalhadoras, a equipe que se desdobra entre creche e escola, realiza ainda um trabalho de permuta com as mães. “Oferecemos para as crianças que estudam pela manhã na escola o reforço escolar, então as mães optam pagar uma taxa de contribuição, que serve para pagar as estagiárias de pedagogia, que dão aulas de reforço, ou então a mãe troca por serviços. Muitas fazem faxinas em troca de mais um turno na escola” explica.

Com o dinheiro arrecadado a creche consegue remunerar alguns estágiário que trabalham durante um turno, a exemplo da estagiária de pedagogia, Cláudia Silva Menezes. ” Estou aqui a pouco mais de um mês e esse trabalho tem sido gratificante. É sempre bom trabalhar com as crianças”, ressalta a estágiária

Ainda de acordo com Cláudia, durante todo o turno as atividades desenvolvidas na creche são intensos.” Aqui as crianças estudam, brincam, se alimentam bem. Temos sala de leitura, um parquinho de recreação e sempre depois do almoço colocamos todas em salas com cochonetes para dormirem um pouco, até o início das atividades da tarde”, explica a estagiária.

Diariamente a creche nescessita de 8 a 10 quilos de carne
A alimentação das crianças fica por conta da  cozinheira Erivânia de Menezes, que trabalha há mais de 10 anos. “Diariamente preparamos de oito a dez quilos de carnes, além de quatro quilos de feijão, macarrão e  quatro de arroz”, detalha Erivânia.

Diariamente a creche também fornece lanches para as crianças no horário da tarde, antes que elas retornem para as residências. ” Aí o lanche depende muito do que temos, mas pode ser biscoito com suco, ou algum bolo. O importante é que eles não fiquem sem as refeições”, ressalta.

Parceiros

Segundo a auxiliar administrativa, Maria do Socorro Villar Ramos, durante o final do ano passado e início deste ano, a creche fez parte de um projeto de uma emissora de TV e acabou recebendo mais de 20 parceiros. “Foi ótima a ajuda das pessoas e a participação nesse projeto, mas depois que saiu da mídia restou apenas três parceiros. Na época abrimos o maternal e contratamos professores, só que depois tivemos que fechar”, explica Socorro.

A estagiária Cláudia é remunerada e trabalha um turno
Outro ponto levantado pela auxiliar administrativa é em relação a situação de diversas crianças e a falta de um acompanhamento psicológico. “Temos aqui crianças que vivem em um ambiente familiar cheio de problemas. Temos crianças que são abusadas das mais diversas formas, outras que são espancadas. Tratamos aqui do bem estar, da alimentação, educação, dando carinho, mas realmente o ideal seria um profissional, um psicólogo”, pontua.

Problemas

Ainda de acordo com Socorro, as crianças que apresentam algum tipo de alteração no comportamento são encaminhadas para o centro de referência. “Nós encaminhamos a criança, que vai ser atendida no centro de referência. Acontece que alguém tem que levar a criança até lá e nesse caso a própria família”, salienta.

Para Socorro a maior dificuldade encontrada pelos profissionais e voluntários que hoje trabalham na Creche, é o saber lidar não só com a criança que precisa de uma atenção mais especial, como também com a família. “Tem uma criança aqui que a mãe está passando por problemas mentais, o pai é presidiário e uma tia é que as vezes fica com ela. Tentamos trabalhar com a família, mas l

ógico que dentro das nossas possibilidades e orientações” pontua.

Paleativo

O funcionário Danilo Oliveira, que é estudante de Pedagogia, relata que na tentativa de ajudar busca orientações com os professores. “Em casos como esse dessa criança que a mãe está com problemas mentais e também em um outro caso onde uma criança sofreu abuso sexual, eu converso com meu professor de psicologia para saber como podemos agir com elas aqui dentro, mas lógico que isso não é o ideal, porque não somos os profissionais”, relata.

Para Danilo a experiência de trabalhar com essas crianças tem mudado a sua vida e seus conceitos. “A gente convive com cada situação aqui, cada realidade e percebe o quanto elas precisam de carinho e atenção. As vezes é só disso mesmo que elas estão precisando, coisa que qualquer um pode dar e é de graça”, ressalta.

Exemplo

Um grande exemplo na creche de que basta um pouco de carinho para melhorar a vida do outro, é a presença de dona Amélia Travassos. Uma senhora de 57 anos, que é especial e resolveu ser voluntária da creche.

De acordo com os outros funcionários, a presença de dona Amélia é de extrema importância para o trabalho que é desenvolvido na creche Dom Távora. “Ela simplesmente senta em um banco ou cadeira e a criança coloca a cabeça no seu colo, para que ela faça carinho. Essa é a contribuição dessa voluntária há 15 anos na nossa instituição.

Por Alcione Martins

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