Quando aparece um anjo na vida de um refém

O sorriso de Cristielane ao ser encaminhada ao Hospital (Fotos: Aldaci de Souza/Portal Infonet)

Um anjo caiu na vida de Cristielane Caetano Mota Santos. Cris como é conhecida pelos familiares e amigos passou por momentos angustiantes desde às 9h da manhã desta segunda-feira, 18, quando o ex-marido José Elígio Tavares, a manteve como refém na casa onde o casal morava à rua Tenente Wendel Quaranta, no bairro Suissa. Foram horas de incerteza, com um tiro na perna e uma arma apontada na cabeça.

Até que o anjo veio ao seu encontro: a psicóloga do Centro de Atendimento Psicossocial da Defensoria Pública do Estado de Sergipe, Juliana Passos Andrade. Ela parece ter chegado decidida a colocar um fim naquela situação que envolvia não apenas os familiares e amigos, mas a sociedade como um todo. E fez bem feito. Deu um final feliz ao drama.

Psicóloga Juliana Andrade manteve tranquilidade durante as negociações

Juliana Passos Andrade chegou ao local por volta das 9h30 da manhã desta terça-feira, 19, conversou com os policiais, se inteirou de como estava o andamento da situação e não pensou duas vezes: literalmente arregaçou as mangas e assumiu as negociações. No primeiro contato, conseguiu ganhar a confiança de Elígio Tavares, confiança esta que vinha sendo desejada por todos os policiais envolvidos. O agressor disse que não queria ser preso e que se entregaria se saísse direto para uma clínica de reabilitação. Sabe aquela coisa de ‘negócio fechado?’.

A psicóloga correu para o passo seguinte: um documento assinado dando conta de que o acordo seria cumprido. Com o

Momento em que as equipes do Samu se preparavam levar o casal

documento em mãos era chegada a hora de dar continuidade às negociações e assim foi feito. As horas se passando, a expectativa aumentando e as conversações sendo intensificadas. No início da tarde, uma pausa para conversar com a imprensa:

“Ele mostra estar muito debilitado e ela tranqüila. Elígio dá sinais de extremo cansaço. A todo instante ele fala no nome do filho. Mostrou ser um pai exemplar. Disse que faz questão de arrumar a sacola do filho levar para a escola e está usando uma gravatinha com a frase ‘super-pai’. É uma pessoa que realmente precisa de tratamento quando sair daqui, a exemplo da jovem. Teve um momento em que ele baixou um pouco a

Valderez não esconde a emoção

janela e deixou a arma cair e já está perdendo a noção do tempo, dizendo que ontem fez um cachorro quente pra esposa. Tenho certeza que mais um pouco e vamos obter êxito”, relata confiante a psicóloga.

Missão cumprida

Os policiais, os familiares e a imprensa já davam sinais de cansaço, quando o secretário de Estado da Segurança Pública, João Eloy retornou ao local, conversou com a equipe e por volta das 14h30, os sinais de que o drama estava chegando ao fim começaram a aparecer. Equipes do Serviço de Atendimento

Público vibrou com o trabalho da polícia e da psicóloga

Móvel de Urgência (SAMU) se preparavam colocando luvas e vestindo coletes, os delegados se movimentando mais e as ambulâncias se posicionando. A psicóloga Juliana Passos, que no momento já tinha conseguido levar uma amiga do casal para a conversa, continuava garantindo a integridade física de Cristielane e de Elígio.

De repente Cris, a jovem mantida em cárcere por quase 35h aparecia nos braços dos servidores do Samu. Os aplausos por parte dos populares, o choro dos familiares, os cumprimentos entre os policiais, a alegria dos defensores públicos e a emoção dos profissionais de imprensa foi inevitável. O Dia de Santo Expedito, protetor das causas impossíveis foi lembrado por uma

Quarto em que Cristelane ficou encarcerada por quase 35 horas

repórter e os agradecimentos dos vizinhos e de todos que sofreram juntos durante quase dois dias, surgiam a todo instante.

“Invadir a casa era a nossa última opção. A missão é do dever cumprido sem esquecer que o trabalho da psicóloga da Defensoria Pública foi de suma importância”, reconhece o secretário João Eloy.

“Meu Deus, cadê minha sobrinha? Eu sabia senhor que ela ia sair viva dessa situação. Me dê um abraço, deu tudo certo, gritava a tia da jovem de 21 anos, a Senhora Maria Valderez, para a reportagem do Portal Infonet.

Elígio sai acompanhado da psicóloga e de policiais(Foto: SSP/SE)

Ah! a personagem desta matéria, a psicóloga Juliana Passos Andrade? Não deu tempo para mais uma palavrinha, deve ter saído logo para descansar, afinal, ser anjo por um dia, dá muito trabalho.

Mas, a reportagem do Portal Infonet deixou a cena do seqüestro com uma das melhores despedidas: O sorriso de Cristielane, segurando a mão do chefe de segurança do governador Marcelo Déda, o major Eduardo, que a acompanhou na ambulância até o Hospital da Zona Norte.

Por Aldaci de Souza

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