PMA intensifica ação para destruir barracos

Máquinas destroem os barracos (Fotos: Cássia Santana)

Nesta sexta-feira, 20 a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) intensificou as ações de combate ao favelamento no bairro Santa Maria, com o objetivo de retirar famílias das áreas de risco de deslizamento. Na ação, estão sendo destruídos cerca de 100 barracos que, de acordo com moradores do local, foram erguidos há pouco tempo, entre quatro e seis meses, por pessoas que tentam obter apoio da PMA para ter acesso a moradia digna.

Muitos já estavam cadastrados pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc), mas outros são classificados como oportunistas, apesar de não possuir renda suficiente, como informam, para arcar com custos do aluguel de imóveis.

De acordo com informações da equipe técnica da Semasc, as famílias serão inicialmente encaminhadas para a residência de parentes e de pessoas mais próximas. Aqueles cadastrados no programa de moradia popular receberão auxílio moradia destinado a aluguel de casa. “Graças a Deus estou cadastrada”, comemora a dona de casa Elane Santos da Silva, 22, que foi transferida, juntamente com os três filhos, para a casa do pai, no próprio Bairro Santa Maria. “A prefeitura está fazendo uma coisa boa”, resume.

Pertences vão para casa de parentes

A expectativa é que as famílias sejam efetivamente inclusas em um programa de habitação população. Mas a PMA, conforme já advertiu o próprio secretário Bosco Rollemberg, da Semasc, só incluirá nos programas de moradia já em andamento aquelas famílias que já possuem cadastros. Muitos não possuem. Segundo avaliação da assistente social Anne Barbosa, as pessoas que mais reclamam são aquelas que não possuem cadastro na PMA.
Alojamento em Escola

A grande maioria das famílias sem cadastro na Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc) está alojada provisória e precariamente na Escola Estadual André Mesquita, cujas aulas estão suspensas desde quinta, 19. A PMA destruiu todos os barracos erguidos numa nova invasão – no Sítio das Mangabeiras e, revoltados com a ação do poder público, elas invadiram as instalações da Escola no início da noite da quarta-feira, 18.

Elane, cadastrada, é acompanhada por assistente social

Na Escola, as famílias expulsas da invasão do Sítio das Mangabeiras reclamam de maus tratos e da falta de atenção da Prefeitura de Aracaju. “Eles atearam fogo no barraco e ainda me puxaram para eu retirar meu filho, dizendo que iria tocar fogo no barraco com a criança dentro”, denuncia Joseane Pereira da Silva, 16. No quarto mês de gestação, ela garante que o filho, com dez meses de nascido, estava dormindo no momento em que os técnicos da PMA iniciaram a derrubada dos barracos. “Eles tocaram fogo em tudo que tinha dentro do barraco: colchão, roupa, documento e até em geladeira e fogão”, informa Márcia Santos Domingos, 28, que mora com dois filhos, de dois e dez anos de idade.

O coordenador da Defesa Civil Municipal, Nicanor Moura Neto, questiona a versão e garante que toda a operação para retirada das famílias do Santa Maria ocorreu de forma pacífica. Ele alega que a região está inclusa entre os 15 bairros classificados como área de risco de deslizamento e desabamentos. Segundo Nicanor, este é o motivo para a operação de derrubada dos barracos das invasões no Santa Maria, que inclui a Prainha, as variadas etapas do Arrozal, Marivan (que ganhou o apelido de Preó, devido a aproximação de uma fábrica de premoldados) e o Sítio Mangabeiras.

Cícera, na Escola: luta por casa para irmão e neto

Para recepcionar a imprensa, as famílias que ocuparam a Escola elegeram a dona de casa Maria Cícera Pereira, 53. Ela garante que o grupo é formado por 211 pessoas, com um grande número de crianças, gestantes e desempregados, que antes viviam pagando aluguel. Motivo que incentivou o grupo a invadir o Sítio das Mangabeiras. “Vou falar a verdade, eu tenho minha casa na B12, mas tô aqui em defesa do meu irmão e do meu neto”, diz Cícera, cobrando atenção da PMA.

A Secretaria de Estado da Educação, na quinta-feira, 19, solicitou do Poder Judiciário a reintegração de posse uma vez que professores estão impossibilitados de ministrar aulas. Na quinta, professores e alunos ainda foram à Escola, mas retornaram devido à invasão feita ao prédio.

De acordo com informações da Assessoria de Comunicação, a Secretaria de Estado da Educação está aguardando a decisão judicial pela reintegração de posse para normalizar as aulas, que poderão ficar comprometidas, mesmo com a retirada das famílias, devido à mobilização dos professores da rede estadual que anunciam greve geral a partir da próxima segunda-feira, 23.

Por Cássia Santana

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