Queda de ponte deixa famílias isoladas

Ponte caiu parcialmente (Fotos: Infonet)

A insegurança toma conta dos moradores e professores que trabalham nos povoados Jabiberi e Batata, localizados no município de Tobias Barreto. O dia a dia deles mudou bruscamente na tarde desta quarta-feira, 25, quando as chuvas provocaram o desabamento de parte da ponte que dá acesso às localidades.

Os transtornos são inúmeros e o temor dos moradores é se houver alguma emergência em caso de doença. Isso porque a ponte está interditada para o tráfego de veículos. Por enquanto, só podem passar pela ponte do riacho Jabiberi, motocicletas e bicicletas.

Sr. Joseilton atravessou de bicicleta

A reportagem do Portal Infonet esteve no local na manhã desta quinta-feira, 26, e pôde sentir de perto o drama das famílias que residem nos dois povoados. Os estudantes e professores são os que mais estão sofrendo. O ônibus escolar chega até a ponte, mas não pode atravessar e, do local interditado até o Povoado Batata, são cinco quilômetros e, até o Povoado Jabiberi, são dez quilômetros de estrada de chão batido.

“Eu moro aqui tem muitos anos, mais de 20, e nunca tinha acontecido. Mas, com as chuvas dessa semana, a ponte que já era fraquinha, foi levada quase pela metade. Os homens vieram e colocaram aquelas barras para não passar carro grande nem carro baixo. Eu, se fosse vocês, voltava porque só passa quem tem bicicleta ou moto”, diz o Sr. Joseilton dos Santos.

Claudionor aguardava os estudantes

Mas a reportagem optou por não seguir o conselho do Sr. Joseilton e, com muita, mas muita dificuldade mesmo, conseguiu chegar do outro lado e constatar a preocupação dos moradores. Na ponte, o motorista de um ônibus escolar, o Sr. Claudionor Alves dos Santos, conhecido na região como Tatá, relatou a situação.

“Minha filha, ontem à noite a coisa pegou aqui. Isso porque, com a queda desta ponte, os professores e estudantes que precisavam voltar para Tobias Barreto, amargaram. Alguns conseguiram um carro até aqui, mas a maioria veio andando por quase dez quilômetros e eu também passei maus bocados. Como vocês estão vendo, a estrada é muito estreita e não tem como manobrar o ônibus, então eu manobro lá na frente e venho de ré por quase dois quilômetros, só que de noite a situação é outra, pois aqui não existe iluminação”, contou o Sr. Tatá, que aguardava, desde às 11h, a chegada dos estudantes. Eles só conseguiriam chegar até o transporte por volta das 12h40.

Viela

Luziene: "Não estragou ninguém"

Após alguns minutos tentando chegar ao Povoado Jabiberi, a reportagem do Portal Infonet encontrou, no meio do caminho, uma viela de casas pequenas, mas muito bem arrumadinhas. Algumas pessoas na janela, que entraram imediatamente e outras que saiam às portas para saber do que se tratava.

D. Luziene Oliveira foi a primeira a manifestar que éramos bem vindos e foi logo nos informando que ali ainda não era o Jabiberi, mas o Povoado Batata. “Aqui moram 18 famílias que sofrem com a falta de esgotos e de um orelhão e, agora, com a queda desta ponte, a situação piorou mesmo. É por ela que vamos para a feira, para o supermercado, para os médicos e as crianças para a escola em Tobias Barreto. E agora? A ponte já era bem velhinha e agora com as chuvas, se acabou e acabou o nosso sossego. Ainda bem que caiu por si e não estragou ninguém”, afirma D. Luiziene, que reside no local há dez anos.

Professores andaram em busca de carona

“Ontem, eu fiquei muito preocupada com minha filha de 15 anos. Ela foi para a escola à tarde, mas quando voltava a ponte já tinha caído e aí ela andou muito até chegar em casa. A minha maior preocupação é se alguém de nós adoecer, o que fazer se os carros não estão passando?”, indaga D. Josefa Oliveira, que mora no ‘Batata’ há 15 anos.

Educadores

Na estreita estrada de barro, mais uma parada. Desta vez, para conversar com professores da rede municipal de ensino que seguiam em uma Topic que os levaria até a ponte, mas não sabiam como poderiam chegar em tempo de dar aulas na cidade de Tobias Barreto. Eles elegeram o professor Néviton Silva Barbosa para falar em nome da categoria.

Povoado Jabiberi

“Nós estávamos ministrando aulas no Povoado Jabiberi. Antes, éramos transportados em um ônibus, agora colocaram esta topic, só que, com a queda da ponte, temos que correr contra o tempo para chegar em tempo de cumprir o horário em outra escola no turno da tarde. Temos colega aqui que ainda terá de ir trabalhar na Bahia. A gente ligou e está vindo um carro da prefeitura, mas, ao chegar na ponte, vamos andando para adiantar. Os transtornos são enormes”, lamenta o professor Néviton.

Apreensivos

Finalmente, a reportagem conseguiu chegar ao Povoado Jabiberi. Maior do que o ‘Batata’, os moradores contam com igreja, escola, uma praça bem cuidada, ruas calçadas, casas mais confortáveis e até orelhões. “Mas está faltando o principal, que é o acesso para a cidade. A ponte caiu ontem e até agora ninguém veio consertar e, se demorarem demais, vai cair a outra parte e aí danou, porque a gente vai ficar mais isolado ainda. Só Deus para evitar que aconteça uma desgraça”, diz o aposentado Manoel Arcanjo.

“Eu estou operada e ainda não pude ver como está a situação da ponte, mas já estou muito preocupada porque, na próxima semana, tenho que ir para o médico fazer a revisão e não sei como vou passar, pois não tenho condições de ir de moto”, diz Josilda Rosa dos Santos.

Interdição

A ponte foi interditada parcialmente pela Coordenadoria da Defesa Civil no Município de Tobias Barreto. A orientação do coordenador Adinelson Vidal é de que o tráfego de veículos seja feito pelo Povoado Agrovila, localizado há 17 quilômetros do Povoado Jabiberi. Ele informou ainda que a Prefeitura de Tobias Barreto já havia solicitado ao Departamento de Estradas e Rodagem (DER) a construção de uma nova ponte.

O presidente do DER, Antônio Vasconcelos, afirmou que o Departamento está aguardando a viabilização de recursos da Secretaria da Fazenda para iniciar as obras de construção da nova ponte”.

Por Aldaci de Souza

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