Operação Padrão: presos podem se rebelar

Familiares dos presos temem rebelião (Fotos: Portal Infonet)

Na manhã desta sexta-feira, 10, os agentes prisionais de Sergipe iniciaram a Operação Padrão. O movimento faz parte de uma série de ações que serão tomadas pelos servidores na tentativa de pressionar o governo para negociar os trabalhadores quem pleiteiam isonomia salarial, plano de carreira e realização de concurso público.

No Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copencam), em São Cristóvão os familiares que levaram a alimentação complementar dos presos voltaram com os produtos. As visitas foram realizadas normalmente, mas os visitantes afirmaram que a proibição de entrar com a comida e cigarros pode ocasionar uma rebelião na unidade. Aos 60 anos, uma idosa que pediu para não ser identificada disse que o filho preso ficou muito agitado com a notícia. “Ele esta na 'detenção' com mais uns 15 homens e ninguém gostou de não ter direito á comida. O cigarro é um vício e preocupa porque se eles ficarem mais revoltados podem até se rebelar, e aí a gente não sabe o que pode acontecer”, lamenta.

O sindicato afirma que o movimento é a favor da categoria que tenta negociar com o governo

Muitas mulheres que preparam a alimentação logo cedo para levar para os presos também não gostaram da decisão e chegaram a realizar um pequeno tumulto na frente do presídio. “Moro em Aracaju, acordei na madrugada para trazer a comida dele e agora chego aqui e não pode entrar. A comida daí é ruim, ele fica esperando a visita para fazer uma refeição melhor”, lamenta a mulher de um dos detentos do Copencam, que pagou R$ 1,50 para guardar a sacola em um bar próximo ao presídio. A Operação Padrão foi mantida também nas unidades de Areia Branca, Tobias Barreto e Nossa Senhora da Glória.

O diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários e Servidores de Sergipe(Sindpen), Albérico Aragão, disse que existe a preocupação por parte dos agentes de que os presos tentem uma rebelião, mas alerta que a Operação Padrão tem o objetivo de chamar à atenção para a situação indigna em que são submetidos os detentos.

“Existe uma falta de assistência médica aos presos. Muitas vezes eles não têm acesso a remédio e os agentes são obrigados a comprar um Anador e levar para o preso”, alerta Albérico, lamentando a falta de diálogo com o governo.

A entrada da alimentação complementar foi suspensa

O sindicato diz ainda que o Estado possui 630 agentes, mas que somente 400 atuam nos presídios. Uma quantidade considerada insuficiente para atender a demanda das unidades. “Por Lei são cinco presos cada agente, o que calculamos que uma média de 1.500 agentes. A situação atual é de 12 agentes para dois mil presos”, explica Albérico Aragão, mencionando que na próxima semana fará uma avaliação do movimento.

“Esperamos que até a próxima semana tenhamos uma resposta favorável do governo, porque se não as ações podem ser intensificadas como limitar o banho de sol em duas horas, barrar a escolta dos presos e limitar a visita de familiares aos detentos”, promete.

Sejuc

Em nota enviada na última quinta-feira, 9, ao Portal Infonet a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania de Sergipe (Sejuc) informou, através do diretor do Departamento do Sistema Penitenciário, Manuel Lúcio Neto, que mesmo diante da 'Operação Padrão' a visita nas unidades prisionais estariam garantidas e  alertou aos visitantes para não levar as mensagens (biscoitos, doces e guloseimas que os visitantes levam para seus parentes) para os internos enquanto estiver durando a operação.

Quanto às refeições servidas nas unidades prisionais, não haverá nenhum tipo de alteração. O diretor do Desipe informou, ainda, que as viaturas utilizadas para audiências estão em perfeito estado e que a Sejuc mantém oficinas de manutenção cadastradas. Ele assegura que todos os motoristas são devidamente habilitados. Manuel Lúcio deixa claro que se houver algum impedimento na visitação a responsabilidade será exclusivamente do presidente do Sindpen, Iran Alves e da diretoria que compõe o sindicato, esperando que os mesmos não causem tumulto.
      
Por Kátia Susanna