Familias tentam refazer a vida após enchente

Bem Ti Vi diz que vai continuar no local (Fotos: Portal Infonet)

Após 19 dias do resgate de famílias e animais por equipes do Corpo de Bombeiros no Loteamento Poxim, moradores continuam tentando retomar a vida.  A reportagem do Portal Infonet retornou ao local na manhã desta segunda-feira, 13, e conversou principalmente com o morador que preferiu não ser resgatado pelos bombeiros. Conhecido como 'Bem-Te-Vi', Edvaldo dos Santos, 51, contou que não pensou em morrer na enchente do rio Poxim.

“Eu disse aos bombeiros: Não vou não. Fico com Deus! Coloquei a cama em cima de quatro blocos, mas nem adiantou, a água subiu demais. Pensei na geladeira que podia queimar e ai fui lá e prá desligar. Meus três gatinhos ficaram em cima da parede me fazendo companhia e também os porcos do vizinho. Se a água subisse mais eu ficava no telhado até baixar. Minha irmã mora aqui no Rosa Elze, mas é enjoada e não deixa eu fumar meu pacaio em paz [sic]”, afirma o homem, referindo-se ao cigarro, que não largou um momento sequer durante a entrevista.

Ele mostra até onde o nível da água chegou

Bem-Te-Vi não trabalha fora. Vive da ajuda da irmã e do cunhado, que inclusiva estão construindo outra casa ao lado da que mora. “Nem penso em sair daqui. Foi a primeira vez que encheu tanto assim e eu sabia que ia passar. A água chegou até a metade da parede. Mas eu nunca pensei em sair. Aqui é um local tranquilo. Quando meus pais morreram, meu cunhado comprou esta casa e eu sou feliz aqui. Ele me dá a feira e aqui tem muita banana, de vez em quando eu vendo. Tem peixe também, mas não pesco porque não tenho canoa. Aqui temos energia, mas água para beber, a gente pega na universidade”, diz.

Refazendo

Diferente de Bem-Te-Vi, o senhor Pedro da Silva está preocupado com os prejuízos. “Minha filha, eu perdi toda a minha plantação de mandioca. Não dá nem para saber os prejuízos. Entrou cerca de 150 porcos na minha plantação e acabou com tudo, fora as águas que subiram demais. O vizinho perdeu cerca de 60 porcos e eu ainda não consegui recuperar a minha plantação. Nunca as águas do rio Poxim tinham subido tanto, disseram que foi uma barragem que abriram”, afirma Pedro da Silva mostrando a plantação destruída.

Sr. Pedro mostra a plantação

D. Cecília dos Santos não esperou as águas baixarem nem o resgate dos bombeiros. “Eu moro aqui há três anos e não esperei tempo bom, peguei todo mundo e fomos para a casa de familiares. Como nós moramos aqui na beirada do rio, perdemos alguns objetos. A primeira noite que as águas começaram a subir, eu não dormi, amanheci o dia com as pernas em cima de blocos e pedindo a Deus para não morrer. Agora é hora de refazer a vida, as plantações, cuidar dos bichos e pedir a Deus para nunca mais acontecer”, destaca lembrando que perdeu dois cachorros na enchente.

A notícia do casal resgatado pelos bombeiros é de que eles preferiram não se arriscar. “Eles alugaram um quarto no Rosa Elze e não vão voltar mais pra cá”, disse Bem-Te-Vi.

                                                                                                        

D. Cecília foi para casa de familiares

Por Aldaci de Souza

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