Morte de grávida: Julgamento é adiado

Cícero e Marta no dia do casamento (Fotos: Reprodução Portal Infonet)

“Daqui mais dois dias eu estarei completando uma idade nova e o maior presente que a Justiça sergipana pode e certamente vai me dar é a condenação desses miseráveis que mataram a minha filha e o meu neto ou neta”. O desabafo foi feito na porta do auditório do Fórum Gumersindo Bessa no final da manhã desta quarta-feira, 27, pela Srª Silvana Alves Teixeira, mãe da jovem Marta Alves, que foi encontrada morta com sinais de afogamento em março de 2008, no rio Sergipe.

De acordo com D. Silvana Alves Teixeira, à cada dia, a saudade de Marta Alves aumenta. “Era a minha primeira filha, namorou com ele, fizemos o casamento e eles fizeram uma coisa dessas com ela, mesmo sabendo que estava grávida de três meses. E o pior que choraram no enterro, não mais do que eu que até hoje choro e clamo por justiça”, afirma.

Marta estava grávida de três meses

O acusado é o próprio marido de Marta Alves que tinha à época 27 anos. José Cícero do Santos e o sobrinho Iran dos Santos, que teria participado do crime que chocou a sociedade sergipana [com o agravante de que Marta estava grávida de três meses], seriam levados a julgamento na manhã desta quarta-feira, mas por solicitação da Defensoria Pública, por conta da falta de acesso a interceptações telefônicas que seriam usadas pela acusação, a juíza Olga Silva Barreto adiou.

De acordo com a advogada da família de Marta Alves, Elizabeth Costa, todas as provas levam a crer que José Cícero e o sobrinho Iran dos Santos foram os autores do afogamento.

“Eles eram casados há cinco anos e moravam no bairro Porto D’Anta. Marta estava grávida de três meses e segundo familiares José Cícero não aceitava a gravidez da esposa e também

D. Silvana quer justiça

queria alguns bens dela a exemplo de casa e carro. Segundo o laudo a causa da morte foi afogamento. Existem duas testemunhas oculares: um vigia do mercado central, que viu quando eles passaram e desceram para o rio Sergipe e um segurança de um navio  como estão nos autos”, destaca a advogada.

A advogada afirmou que a família clama por justiça. “Em verdade, não só a família, a mas a sociedade clama por justiça. Foi um crime que chocou e os réus respondem por homicídio e crime de aborto, encontrando-se presos no Compecam. Depois de todas as provas, não temos dúvidas de que foram os autores”, ressalta.

Abnegada

Marciana Alves: "Luta incansável"

Elizabeth Costa contou ainda que o processo foi aberto por conta do empenho da irmã da vítima, Marciana Alves Teixeira. “Ela é uma abnegada e é muito perspicaz. Quando encontrou o cunhado no Instituto Médico Legal (IML) percebeu que ele estava com alguns arranhões e com os pés sujos de lama, sem contar que ele disse que Marta poderia ter caído. De imediato, Marciana pensou: caído de onde?. Ali ela já saiu com a certeza de que ele foi o autor e de lá pra cá ela não parou em busca de justiça”, enfatiza a advogada.

“Eu não vou sossegar enquanto não provar que os dois foram quem mataram a minha irmã que tinha 27 anos e estava grávida dele. Ainda no IML, o sobrinho soltou: ‘tio, vá ver que ela ficou tonta e caiu do muro’. De que muro?. Eles não esperavam que ela fosse encontrada logo, mas o segurança de um navio que estava atracado viu o corpo da minha irmã, que nem chegou a boiar. Cícero foi preso alguns dias após o crime e o sobrinho e se entregou. Eles viviam bem até o momento em que Iran chegou para morar com eles”, explica Marciana Alves.

Testemunha

Eloy disse ter visto os três indo para o rio

O Sr. Eloy Natalício da Cruz trabalha como vigia no mercado central e está arrolado no processo como testemunha.
“Eu vi bem quando os três passaram na porta do mercado já de noite. Ele empurrando uma bicicleta e uma moça mais um rapaz do lado. Foi quando os três desceram para o rio Sergipe. Pensei: vão mijar (sic). Fui jogar dominó, foi quando vi passar um carro da polícia e meus colegas foram olhar. Quando eu fui ver quase caio.

Ela a mesma moça que tinha passado com os dois homens e desceram para o rio. Eu não queria me meter, mas Rosa, que trabalha no mercado ouviu em comentar e me pediu chorando para eu falar. E quando me chamaram na delegacia botaram 20 homens para eu mostrar quem eu vi com ela. Não tive nenhuma dúvida quando vi os dois. Eram os mesmos que passaram na frente do mercado”, relata.

Inocente

João Santos garante inocência do filho

O pai de Iran dos Santos, o Sr. João dos Santos Silva veio da cidade de Coruripe (Al) aonde reside para acompanhar o julgamento do filho e garante que o rapaz não teve qualquer participação no crime de afogamento.
“Eu converso muito com meu filho nas visitas e ele sempre me diz a mesma coisa, que o tio, que é meu cunhado, saiu de casa sozinho com a esposa, que ele não participou de nada. Meu coração de pai também sente que Iran é inocente, pois a gente conversa muito e quando pergunto, a resposta é a mesma. Agora estamos aqui aguardando que a justiça seja feita e meu filho sejam inocentado”, espera João dos Santos.

Atraso

O julgamento estava marcado para iniciar às 8h com as presenças da juíza Olga Silva Barreto, tendo como defensores públicos, Ermelino Costa Cerqueira e Sérgio Barreto Morais, além do promotor Rogério Ferreira e a advogada de acusação Elizabeth Costa. Mas não pôde ser iniciada porque a defesa levou uma fita em VHS, cedida pelo Banco do Estado de Sergipe (Banese) da Av. Gentil Tavares, mostrando que o casal esteve no banco na tarde do ocorrido. Só que a fita estava corrompida e não conseguia abrir.

Iran Alves

Apesar de o problema ser solucionado, a defesa solicitou o adiamento do julgamento para que tenha maior prazo de acesso às interceptações telefônicas que seriam uma de uma parente da vítima que mora na Espanha, que ligou, uma pessoa atendeu e desligou e outra em que registra um grito. O crime aconteceu por volta das 22h do dia 23 de março de 2008. O julgamento deverá ser remarcado em 15 dias.

Por Aldaci de Souza

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