Invisíveis ao poder público

Muita lama e esgoto que corre na porta do barraco

Há oito meses, mais de 500 pessoas estão abrigadas em barracos, localizados em um terreno do município de Nossa Senhora do Socorro, no conjunto Albano Franco, nas proximidades do Distrito Industrial. Sem acesso a água potável, iluminação pública e com escassez de alimentação, a reclamação entre as 140 famílias é que o poder público não vem trabalhando para reverter a situação.

A ocupação é organizada pelo Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (Motu) que alega falta de interesse da prefeitura em propor uma solução que possa amenizar o sofrimento das famílias. O coordenador do Motu, Silvaney de Jesus, lembra que há meses assistentes sociais estiveram na área realizando o cadastro de algumas famílias, mas ficou faltando outras famílias.

“As assistentes chegaram sem nenhum aviso e muitas pessoas estavam no trabalho, as casas fechadas e não conseguiram se cadastrar. Nós marcamos no dia 4 de julho para que fosse realizado o cadastro final, mas ninguém do município apareceu e até hoje ninguém deu uma posição sobre quando vão cadastrar essas famílias restantes”, fala.

Os barracos são improvisados e não oferecem dignidade aos moradores

Silvaney de Jesus disse ainda que cadastro é um instrumento que será repassado aos órgãos competentes de modo que seja possível realizar uma ação de inclusão social garantindo acesso aos direitos que ainda não exercem. “Será também a partir deste cadastro que o Motu irá lutar pela realização de um projeto de moradia popular onde casas sejam construídas especificamente para estas famílias que ocuparam aquele terreno. O cadastro é um documento necessário para que prefeitura/governo encaminhem com rapidez a efetivação da construção de casas populares, tirando, definitivamente, aquelas famílias de condições irregulares de morada”, lembra.

Aos 29 anos, Edivânia Santos da Anunciação, conta que depende da renda do programa bolsa família. O valor de R$160 segundo Edivânia é a única renda para comprar alimentação e remédios para os filhos. “Nós estamos esquecidos pelo governo que não faz nada por nós. Estava morando de aluguel no Marcos Freire I pagando R$100 e quando fiquei sabendo dessa ocupação peguei meus filhos e vim para cá. Quem fala que a gente se aproveita é porque não conhece a vida de quem não tem uma casa para morar”, diz Edivânia que mora sozinha com os filhos e ressalta que a localidade não é apropriada para a moradia.

Edivânia pede atenção do poder público 

“Por conta desse mato que tem no fundo do quintal encontramos cobra dentro do barraco e tem muita muriçoca e insetos, mas não reclamo porque estamos lutando por uma melhora na vida”, menciona.

Para o profissional da construção civil, Cristiano Anderson dos Santos, pai de quatro filhos, a situação na ocupação é difícil e apesar dos esforços dos moradores, os problemas são visíveis. “Aqui tudo é com muita dificuldade, para construir esse barraco fui para o mangue procurar pau para fazer tudo. Tentamos nos ajudar, mas é difícil porque falta tudo por aqui. Nessa chuva molha tudo dentro de casa e as crianças apresentam problemas de pele”, lamenta Cristiano.

Prefeitura

O telhado improvisado corre o risco de desabar

Por meio de nota enviada ao Portal Infonet a assessoria de comunicação do município de Nossa Senhora do Socorro esclarece que em decisão judicial ficou acertado que a prefeitura cadastraria as famílias do Motu para que, no futuro, elas pudessem ser contempladas com suas casas. A informação é que as equipes da Secretaria Municipal da Assistência Social estiveram no local por alguns dias e cadastraram apenas 50 famílias que fazem parte do movimento, um número que segundo o município é bem inferior ao que é apresentado pelo Motu.

A assessoria explica que durante o cadastro boa parte dos barracos que estão no local estavam fechados e segundo informações colhidas por assistentes sociais, nesses barracos não existem pessoas residindo, ou estavam em horário de trabalho ou à procura de emprego. “Os barracos fechados foram fotografados para que, junto aos cadastros, seja apresentado à Justiça”, salienta a nota.

O matagal nos fundos dos barracos traz riscos aos moradores   

Com relação ao atendimento específico para as pessoas do Motu, tanto no âmbito da Assistência Social quanto na Saúde, a prefeitura salienta que os integrantes do Motu têm o mesmo direito que qualquer cidadão do município. “Eles podem ser atendidos nos Centros de Referência de Assistência Social – Cras -, no Centros de Atenção Psicossocial – Caps – ou nos postos de saúde do município. Diante desta disponibilidade, o que não pode acontecer é que seja montada toda uma estrutura específica para os integrantes do movimento. Até porque, por enquanto, eles ainda estão em situação irregular”, ressalta a nota.

Sobre o pedido de reintegração de posse, a prefeitura confirmou que já entrou com o pedido que foi deferido, restando apenas o cumprimento da medida.

Por Kátia Susanna

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