Itacanema: chuvas inundam casas e invasores reclamam

Moradores usam chafariz improvisado (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

“A gente aqui já virou uma verdadeira comunidade unida”. A reação é da dona de casa Patrícia Batista, uma das ocupantes dos imóveis do Conjunto Itacanema, em Nossa Senhora do Socorro, numa referência ao lamaçal que se acumulou no conjunto nos últimos dias.

Segundo os ocupantes, desde domingo, 3, as famílias estão enfrentando problemas maiores com a falta de pavimentação da área. Com as chuvas, muita lama se acumulou e as famílias se uniram e realizaram um verdadeiro mutirão para limpar as casas e também os acessos.

“Quando chove aqui ninguém sai de casa e, se sair, cai dentro da lama”, conta o flanelinha Wilson Santana Santos. “Mesmo assim, a gente fica aqui porque a gente está procurando um teto e quatro paredes para morar”, justifica.

Wilson: resistência

De acordo com informações do secretário Henrique Matos, de Comunicação de Nossa Senhora do Socorro, já há decisão judicial pela reintegração de posse em favor do município. Ele diz que a prefeitura não tem condições de adotar medidas para minimizar os problemas do bairro porque as obras do conjunto ainda não foram concluídas e também devido à ocupação irregular.

O secretário diz que a prefeitura está aguardando o cumprimento de decisão judicial na ação de reintegração de posse para dar prosseguimento às medidas que deverão ser adotadas para concluir as obras. “Vamos aguardar a área ser desocupada para fazer novo levantamento de custo porque a ocupação pode ter provocado danos à obra”, informa o secretário.

As obras do conjunto foram paralisadas porque, segundo o secretário, as empresas que ganharam a concorrência desistiram de dar continuidade ao trabalho e a prefeitura teve que fazer novos ajustes para encaminhar uma nova licitação. “Fizemos levantamento de custo e estávamos na fase de iniciar a licitação, mas as casas foram invadidas e o processo acabou interrompido”, argumenta.

Patrícia: uma comunidade unida

Assim que ocorrer a desocupação, segundo Henrique Matos, a prefeitura fará novo levantamento de custo e, se constatar que não ocorreu danos aos imóveis, a licitação terá prosseguimento automaticamente para que as obras sejam concluídas e os imóveis sejam entregues às famílias cadastradas.

No entanto, os ocupantes revelam que desconhecem a ação judicial movida pela prefeitura e revelam que ainda não foram notificados pelo Poder Judiciário. “Estamos aqui porque não podemos pagar aluguel”, justifica a dona de casa Maria José Soares Santos, que saiu do Conjunto Rosa Elze, onde pagava aluguel de R$ 200, para ocupar uma das casas do Loteamento Itacanema.

O secretário de comunicação do município informa que há muitas pessoas que não são residentes de Nossa Senhora do Socorro. Ele reconhece que há moradores do município, mas garante que a prefeitura ainda não possui uma política de habitação para atender à demanda daqueles que não estão cadastrados na prefeitura.

Por Cássia Santana