Polícia investiga crimes pela internet em Itabaiana

Polícia investiga crimes cibernéticos em Itabaina (Foto: reprodução / Whats App)

Uma das vítimas da polêmica, a estudante I. A.  (Foto: Reprodução / Whats App)

O delegado responsável pela repressão de Crimes Cibernéticos (DRCC), Alessandro Vieira

O Departamento de Repressão a Crimes Cibernéticos de Sergipe (DRCC), por meio da Polícia Civil, investiga a autoria da criação e veiculação indevida de imagens de jovens das cidades de Itabaiana e Ribeirópolis, ambas localizadas no Agreste sergipano. Os vídeos passaram a ter circulação em todo o Estado através da ferramenta Whats App na última semana. O material contém conteúdo de caráter ofensivo e de injúria, que para a polícia, é considerado um “crime contra a honra”.

De acordo com o delegado responsável pela repressão de Crimes Cibernéticos, Alessandro Vieira, a polícia tomou conhecimento do caso após uma das vítimas ter prestado Boletim de Ocorrência (B.O.) na Delegacia de Proteção a Mulher de Itabaiana na última sexta-feira, 7. Ainda segundo Alessandro, cerca de dez jovens envolvidas na polêmica [boa parte delas menores de idade], deverão prestar depoimento a polícia na próxima semana para dar suporte as investigações.

“Várias jovens foram referidas e vão ser chamadas a dar depoimento para darmos início às investigações. Estamos montando uma agenda juntamente com a delegada de Proteção a Mulher de Itabaiana para que a gente possa ouvir essas pessoas, coletar mais dados e partir em busca da identificação da autoria. Temos que procurar mecanismos e identificar os autores”, contou o delegado.

A estudante, I.A., 20 anos, é uma das jovens que teve a sua imagem utilizada de maneira indevida. Ainda perplexa, ela não acredita no ocorrido. “No dia do vídeo, estava na escola e recebi inúmeras ligações de pessoas falando do vídeo, ao assistir não acreditei, fiquei em choque. Logo contei a minha mãe e ela ficou do meu lado. Depois daí todos na cidade já me olhavam de outra forma e quando eu passava pela rua, muitos comentavam o ocorrido”, relata a estudante.

A secretária, A.A., 34 anos, é outra vítima da polêmica. Ela conta que só percebeu a dimensão do problema ao caminhar pelas ruas da capital do Agreste. “No começo não dei importância, mas só percebi a repercussão do problema quando fui às ruas, as pessoas riam apontavam para mim. Não está sendo fácil, fui contratada há três meses em uma empresa e estou temendo pelo meu emprego. Além disso, tenho uma filha de 15 anos, que quando viu o vídeo caiu no choro. Outras jovens envolvidas no vídeo estão sem sair de casa e teve até um caso do pai de uma das garotas, que quando tomou conhecimento do caso, acabou tendo um infarto”, relata.

Apesar do momento de sofrimento vivenciado, A.A. confia no trabalho da polícia. “A maioria das pessoas pensam que não vai dar em nada levar o caso apara a polícia, mais eu acredito nela e espero que descubram o culpado e que ele pague, porque estamos sem vida social”, disse.

Motivação do crime

Para o delegado Alessandro, a motivação da criação e reprodução do conteúdo indevido tem ligação com alguma desilusão amorosa ou no intuito de prejudicar a imagem das vítimas. “A intenção é causar um constrangimento a vítima, e normalmente quem tem essa intenção é que provavelmente porque já conhece, ou tem ou teve algum tipo de relacionamento de amizade, de frustração porque não conseguiu namorar uma delas, são várias motivações, vamos investigar”, relata.

Os constantes registros de crimes cibernéticos em Itabaiana têm chamado a atenção da polícia, que classificou a modalidade criminosa como um surto na cidade. “A cidade de Itabaiana tem um surto nesta modalidade criminosa, mas isso se repete em todo o Brasil e no mundo, não é nada novo, nós temos vários casos também em Aracaju, especialmente em jovens de idades escolar. Tem casos de ligações de imagens que levam a pornografia e aí a pena é bem maior. Mas nesses casos que o objetivo é ofender, difamar, a pena é pequena", explica.

Alerta

O delegado chama atenção ainda que os jovens e adolescentes utilizem a ferramenta, incluindo a internet, de forma positiva, para que outros casos como este não venham à tona. “O que a gente precisa trabalhar fortemente é que as pessoas se eduquem em relação ao uso da internet, e especialmente a necessidade de procurar um advogado para buscar indenizações inclusive, porque você tem que responsabilizar essas pessoas no bolso. A legislação criminal é muito leve em relação a crimes contra a honra, em alguns casos é lavrado um termo circunstanciado que não é apenas uma sanção que vai inibir”.

Em casos de veiculação de imagem indevida, o delegado dá a dica. “ A vítima deve procurar a polícia de imediato, registrar a ocorrência, materializar o fato, ou seja, fazer a prova de que o fato ocorreu e depois procurar os seus direitos, tanto na esfera criminal, que a polícia vai cuidar disso, tanto na esfera civil, que é aí que ela deverá procurar uma advogado".

Danos

O delegado não tem dúvidas. Uma vítima de crime cibernético passa a conviver com o trauma pelo resto de sua vida. "Você vai identificar o autor das imagens, mas nunca vai conseguir trazer de volta a imagem da pessoa ofendida, o arranhão da imagem irá permanecer, e por isso orientamos busque uma advogado, busque indenização para que a pessoa seja desestimulado a praticar essa conduta", finaliza.

A identidade das entrevistadas não foi revelada para proteger suas imagens.

Por Leonardo Dias e Raquel Almeida

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