Mais de 100 pessoas estão alojadas em rua do Centro

Mais de 100 pessoas estão alojadas na rua (Fotos: Portal Infonet)

“Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai. Se as tristezas desta vida quiserem te sufocar, segura na mão de Deus e vai”, o trecho de uma conhecida canção religiosa, mas na manhã deste domingo, 31, serviu de inspiração para o vendedor de frutas e verduras que foi obrigado a deixar a ocupação do Casarão do Parque e levar os pertences para o meio da rua. O caso já foi mostrado ontem,30,  pelo Portal Infonet, mas a retirada das família começou na manhã deste domingo,31.

“Não sei o que vou fazer da minha vida, somente segurando na mão de Deus e pedindo forças. Sou trabalhador, tenho três filhos pequenos e não temos para onde ir. Fomos retirados do prédio e agora nos jogaram aqui na rua”, desabafa Aldemir Santos Barbosa que em lágrimas conta que não tem dinheiro para voltar para o aluguel.

“Sou trabalhador, antes de morar nesse casarão vivia com a minha família em uma casa alugada no Bugio. Eu pagava R$300 fora o dinheiro da água e da luz, mas infelizmente não tive mais como pagar. Morar no Casarão não era a melhor coisa, mas tinha onde abrigar a cabeça dos meus filhos e agora? Para onde vamos?”, questiona o vendedor de 37 anos, pai de dois filhos gêmeos de quatro anos e uma menina de dois anos.

Adriana com o filho de três meses fica emocionada ao falar sobre o destino da família

Sentada na calçada com o filho de apenas três meses, Adriana dos Santos, mãe de outros cinco filhos, diz também não saber o que fazer. “Estou aqui no meio da rua. O pouco que temos foi jogado na rua e agora ninguém aparece para dizer nada sobre a nossa situação. Nos colocaram para fora e agora”, fala.

O mesmo questionamento das famílias é feito pelo defensor público Alfredo Nicolau que acompanha a situação das famílias há anos. “A Defensoria Pública lamenta profundamente a ausência do poder público municipal e estadual. Foram protocolados ofícios para a assistência social do Estado no último dia 8 de maio dando conta dessa ordem de despejo, ou seja, já se passaram 23 dias e nenhuma assistência foi providenciada para as famílias. A Defensoria entrou com uma ação cautelar, mas não foi julgada. São 45 famílias, 110 pessoas, sendo 45 crianças de zero a 12 anos que estão no meio da rua sem saber para onde irão”, explica o defensor público que questiona o fato das famílias não poderem ocupar a Praça Olímpio Campos.

O Defensor Alfredo Nicolau também aguarda uma posição por parte do poder público

45 crianças estão em situação de risco

Pertences estão tomando a porta de lojas da região

“As famílias cumpriram pacificamente a ordem de despejo, mas a Guarda Municipal impediu que eles ocupassem a praça, a solução foi colocar os pertences no meio da rua”, esclarece.

Sobre o impasse, o subcomandante da Guarda Municipal, capitão Jonatas Souza, diz que o órgão municipal tem a atribuição de resguardar o patrimônio e diz que os guardas estão no local para apoiar o trabalho da PM.

A assessora adjunta da comunicação da Polícia Militar, Capitã Evangelina de Deus, lembrou que a ocupação ocorre de forma pacífica e que a PM tem a atribuição de fazer cumprir o mandado de reintegração de posse.

Semfas

Na tarde deste domingo,31, às 15h18, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal da Família e da Assistência Social (Semfas) encaminhou nota ao Portal Infonet onde "Informa que não foi notificada para conceder auxílio moradia para as novas famílias que ocuparam o Casarão do Parque. Em 2014, a Semfas já cumpriu determinação de uma Ação Civil Pública movida pela Defensoria Pública de Sergipe, onde foi realizado um cadastro das famílias que ocupavam o Casarão, que é de propriedade particular, e concedido auxílio moradia para aqueles que atenderam aos critérios dispostos na Lei Municipal nº 38732010 que trata da concessão do benefício eventual para subsidiar aluguel de imóvel no valor de trezentos reais. Na ocasião, cerca de 150 famílias que residiam no Casarão do Parque passaram a receber o auxílio moradia e saíram do local. A Semfas informa ainda que a Polícia Militar de Sergipe solicitou à Prefeitura de Aracaju apenas a participação dos Conselhos Tutelares e Conselhos de Direitos na ação de reintegração de posse do Casarão do Parque que ocorrerá neste domingo, 31 de maio", explica a nota na íntegra.

* A matéria foi alterada às 15h45 para acréscimo da nota da Semfas

Por Kátia Susanna

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