Mangabeira: ordem para retirada de energia causa tumulto

Moradores bloquearam vias e atearam fogo em pneus e galhos secos (Fotos: Ícaro Novaes/ Portal Infonet)

A realização de um cumprimento de uma ordem judicial para retirada da energia elétrica das casas localizadas na Invasão da Mangabeira, Zona de Expansão de Aracaju, gerou tumulto. Durante a ação, os moradores acusaram a Polícia Civil da ação truculenta e agressão. Apresentando hematomas, alguns populares estavam revoltados com a ação da polícia e prometem manifestações para os próximos dias.

De acordo com os moradores, logo no início da manhã a Empresa Distribuidora de Energia Elétrica (Energisa) e um oficial de justiça, amparados pelo reforço da Polícia Civil do Grupamento Tático de Repressão e Busca (Gerb), foram a comunidade das Mangabeiras fazer a retirada dos fios elétricos que forneciam energia de forma clandestina para a invasão. Inconformados, os moradores tentaram impedir, e então teria começado um confronto entre polícia e moradores.

Indignado, o líder comunitário afirma ser inaceitável esse tipo de ação. “Os moradores só estavam reivindicando um direito que é seu, o da energia elétrica. Se não estava regularizada, que regularize, mas não se pode vir com uma ordem a agir dessa maneira, agredindo moradores, donas de casas. As pessoas daqui existem e precisam ser vistas”, afirma Cremilson de Oliveira.

Idosa mostra ferimentos e diz que foi fruto da ação policial

Balas de borracha

Valter Amorim faz parte dos moradores da Mangabeira e acusa a polícia de tê-lo atingido com balas de borracha.“Eles chegaram arrancando os fios de energia e nós fomos tentar impedi-los. Não se pode chegar dessa forma num local onde vivem mais de cinco mil famílias. Quando tentamos cercar os postes de iluminação, eles vieram pra cima da gente atirando e com spray de pimenta, sobrou até para as crianças”, denuncia o morador Valter Amorim, mostrando as marcas no corpo.

"Quando tentamos cercar os postes de iluminação, eles vieram pra cima da gente atirando e com spray de pimenta, sobrou até para as crianças”, supostamente por bala de borracha. A mãe de Valter Amorim também fez questão de mostrar os ferimentos na mão. Segundo a idosa o ferimento foi fruto da ação da polícia.

Valter: atiraram para todo lado

PM tenta amenizar

O policiamento militar local, comandado pelo capitão Franco tentou amenizar a situação conversando com os manifestantes na expectativa de que eles liberassem as vias. O fogo também era outra preocupação dos Pm’s, que temiam o alcance das chamas à rede elétrica. “Nós estamos sabendo pelos moradores que houve um cumprimento de ordem judicial por volta das 8h com apoio da Polícia Civil, fato que não estávamos cientes. Vamos tentar convencer eles a liberar as vias e saber o que realmente houve”, informou o capitão Franco da 4ª Companha do 1º Batalhão da PM.

Segundo Isaías Santos, outro morador manifestante, as agressões foram absurdas e a comunidade não sabe como será os próximos dias na localidade. “Há um ano lutamos por uma casa ou terreno, mas ninguém nos dá ouvido. Agora pra variar, tiram nossa energia na covardia. Vamos lutar por nossos direitos e isso não via ficar assim”, enfatizou injuriado.

SSP

A assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública de Sergipe (SSP/SE) afirma que a “Ação tratou de uma operação da Polícia Civil a partir de uma denúncia da Energisa. Foi portanto, para cumprir os mandados judiciais. Para o cumprimento foi deslocado os policiais do Gerb e de delegacias. O intuito foi cumprir os mandados e retirar as ligações clandestinas, preservando a vida das pessoas, porque algumas ligações estavam passando pelos rios, o que é um perigo. Quanto às denúncias de truculência, a Polícia desconhece e afirma que agiu com legitimidade no sentido de cumprir os mandados”, esclarece a SSP, por meio da assessoria de imprensa.

Oliveira: Essas pessoas existem e precisam ser vistas Capitão Franco conversa com moradores durante manifestação

Por Ícaro Novaes E Aldaci de Souza