Tartarugas: mortandade diminui, mas número é preocupante

Morte de tartarugas na costa sergipana diminui, mas biólogos ainda se preocupam (Foto: Projeto Tamar)

O número de mortes de tartarugas na costa sergipana caiu consideravelmente desde o mês de março, quando aconteceu o fim do período reprodutivo do animal. De acordo com o Projeto Tamar, foram 109 casos entre os meses de abril e junho. Se comparado ao panorama de janeiro deste ano, quando 106 foram encontradas mortas na costa litorânea de Sergipe, são constatadas quedas graduais em cada mês. O número preocupa, embora não esteja associado à nenhuma anormalidade. 

Essas mortes foram registradas nas bases da instituição em Aracaju, na Praia do Abaís, em Pirambu, em Ponta dos Mangues e Sítio do Conde, na Bahia. 

Fábio Lira, biólogo do Tamar, explica que essa redução se dá por dois fatores. Primeiro por que os répteis já saíram do seu período reprodutivo, e desta forma, há uma menor incidência dos animais nas praias. E depois, principalmente, pela pausa na pesca de arrasto de camarão, principal causa das mortes. “Estamos em um período de baixa estação. A época reprodutiva das tartarugas acontece no verão, porque precisam de temperaturas maiores para desovar, é mais propício”.

Após seis meses, ainda não é possível avaliar os impactos causados pela alta taxa de mortandade para a espécie, mas gera bastante preocupação para os biólogos, principalmente se relacionados a um dado alarmante. “A cada mil filhotes, apenas uma ou duas conseguem chegar à idade adulta. É complicado que uma tartaruga que conseguiu se sobressair, que conseguiu chegar à maturidade, morra por conta de pesca. Isso gera uma perda muito grande”, analisa. “Só poderemos perceber os impactos nas próximas temporadas, já que agora as que voltam à costa são as que foram soltas no mar há cerca de trinta anos. Pode ser que tenhamos um aumento no número de desovas”.

Ação humana

Tartaruga foi encontrada morta na Praia da Aruana, no mês de janeiro (Foto: Arquivo Infonet)

Mesmo com a informação de que é normal o baixo número de tartarugas que conseguem chegar à vida adulta, a ação humana ainda dizima muitas espécies em todo o mundo, como a pesca artesanal, o acúmulo de lixo no mar e o alto índice de ocupação nas praias.

Segundo Lira, em algumas praias do litoral sul de Sergipe, pessoas estão colocando pedras para tentar conter o avanço do mar. “No Abaís, Caueira e praia do Saco, essas barreiras impedem que as tartarugas avancem para completar o processo reprodutivo com a desova, e acaba reduzindo o espaço para isso. Tem também gente que anda com veículos nas praias. Tudo isso atrapalha”.

Atualmente, a tartaruga-oliva e outras espécies de desovam no Brasil estão ameaçadas de extinção, de acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza e ocupam o Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas de Extinção.

Por Victor Siqueira

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