O progresso científico é um fragmento, o mais importante indubitavelmente, do processo de intelectualização a que estamos submetidos desde milênios e relativamente ao qual algumas pessoas adotam, em nossos dias, posição estranhamente negativa. (Max Weber) A cidade tem sido, ao longo da história, o locus privilegiado para o desenvolvimento do saber. Foi, é e continuará sendo, indefinidamente, a referência mais significativa da prática dos ofícios do conhecimento. Eventualmente, pode-se falar de um Vale do Silício, mas é a cidade – como Santa Rita do Sapucaí, Houstin, Campinas, Petrolina etc. -, a qual se justapõe uma atividade científica relevante que nela se realiza, que passa a fazer parte de sua denominação amiúde utilizada. Assim, como Manchester, na Inglaterra, por exemplo, é denominada a cidade-símbolo da Revolução Industrial, Santa Rita do Sapucaí é conhecida pelas suas empresas de base tecnológica, Campinas-SP é lembrada pelo Centro de Telecomunicações, Houstin pelo seu Complexo Aeroespacial, Petrolina pela tecnologia em fruticultura irrigada etc. O reconhecimento da cidade como o centro de ações científico-tecnológicas tem feito com que, cada vez mais, se estruturem, nos municípios, entidades destinadas a incentivar e catalisar o processo de desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico. O Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia – CMCT é o órgão que a Prefeitura Municipal de Aracaju, com tal objetivo, reestruturou, depois de haver sido criado há cerca de uma década pela Câmara Municipal. Evidentemente, as ações municipais, no âmbito científico e tecnológico e da inovação, não eliminam nem concorrem com as praticadas pelos demais entes federativos – União e Unidades Federadas. Pelo contrário, devem ser complementares e ao interpenetrarem-se pela cooperação interinstitucional potencializam os resultados esperados. Por outro lado, o Ministério da Ciência e Tecnologia ao dar-se conta da extrema concentração do sistema nacional de ciência e tecnologia – maior que a concentração industrial – tem estimulado sua desconcentração, promovendo ações que favoreçam a produção científica e tecnológica nas áreas periféricas do país. Nestas circunstâncias, os cenários negativos que se podiam construir sobre o desenvolvimento científico e tecnológico de Sergipe foram positivamente modificados por três variáveis importantes que se podem introduzir presentemente no seu equacionamento – a reestruturação do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia (CMCT), a emergência do Pólo de Novas Tecnologia (PELOTEC), da Universidade Federal de Sergipe, e a criação da Fundação de Amparo à Pesquisa de Sergipe (FAP-SE ). Da concreta atuação concertada dessas entidades, junto aos setores organizados da sociedade, como os dos empresários e dos trabalhadores, dentre outros, poder-se-á vislumbrar um futuro alvissareiro para a Ciência, Tecnologia e Inovação em Aracaju e Sergipe. Não será ocioso lembrar que a cidade é o principal centro irradiador das grandes conquistas da humanidade. É o pólo, onde forças centrípetas e centrífugas, de todo gênero, atuam com intensidade e freqüência paradigmáticas. É, portanto, na cidade, na polis, onde se objetivam o conhecimento da Ciência, da Tecnologia e da Inovação. A escola, a fábrica, a qualidade de vida, a política antes de serem nacionais, elas são citadinas e cidadãs. E, a cidadania é o atributo e o bem social que mais nos aproxima da nação e da humanidade, conduzindo-nos com segurança e celeridade à democracia. Os centros urbanos mais importantes do país, notadamente as capitais, que abrigam os principais órgãos representativos do poder político estadual, carecem de ações efetivas em vários setores da atividade pública, para que possam garantir sua sustentabilidade socioeconômica. Um dos pontos da Agenda 21, por exemplo, refere-se à Cidade Sustentável, que significa atuar no sentido de promover o desenvolvimento e a utilização de modernas tecnologias de transporte, educacionais, ambientais, de construção de moradias e de equipamentos sociais etc. Logo, a função Ciência, Tecnologia e Inovação não é estranha ao âmbito da administração municipal. Ela é imprescindível à boa gestão pública em todos os níveis de governo, mas é a cidade que lhe confere materialização e visibilidade. Portanto, sem a compreensão adequada da importância da ciência e da tecnologia para o processo de desenvolvimento não será possível alcançar níveis satisfatórios de evolução socioeconômica. Afortunadamente, apesar do escasso entendimento de alguns setores, há na sociedade sergipana considerável contingente de pesquisadores, técnicos e políticos que entendem o papel desempenhado pela Ciência, Tecnologia e Inovação para a superação do atraso e da miséria que ainda afligem parcela ponderável de nossa população. A comunidade político-científica reunida no plenário do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia (CMCT), procurando interpretar as demandas dos cidadãos de Aracaju, resolveu iniciar suas atividades com a indicação de ações concretas para a função Ciência, Tecnologia e Inovação. Assim, sugeriu a realização de quatro projetos, a saber: 1. Ciência na Escola, para incentivar o ensino de ciência nas escolas da rede municipal ; 2. Mercado Digital, visando a instalação de um corredor tecnológico de informática no centro histórico de Aracaju; 3. Saneamento, para viabilizar a elaboração de projetos de saneamento básico tecnologicamente adequados às condições edafo-topográficas de Aracaju, e 4. Prêmio Inovação Aracaju, para promover a criatividade dos micro, pequenos e médios empresários, com a elaboração de estudos de viabilidade técnico-econômicos para suas empresas. A Terceira Revolução Científica e Tecnológica com a nova economia e o fenômeno da globalização impuseram-nos uma grave crise de paradigmas, para cuja racionalização recorremos a Einstein: “Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante do que o conhecimento”. * Nilton Pedro da Silva, doutor em Economia e advogado, é diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFS e presidente do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia da Seplan/Aracaju.
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