O Movimento Brasil Competitivo (MBC), uma organização civil criada por grandes empresas nacionais e voltada para o estímulo ao desenvolvimento, e a Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser divulgaram na quarta-feira uma pesquisa confirmando que São Paulo é o estado mais competitivo do país. Nenhuma novidade. Sergipe aparece numa razoável 12ª colocação no ranking que envolve os 26 Estados e o Distrito Federal. No Nordeste, fica atrás apenas de Pernambuco e Paraíba, embora tenha a melhor infra-estrutura da região, segundo atesta a própria pesquisa. Mas o resultado relativo a Sergipe deve ser olhado com cautela. O Indicador de Competitividade dos Estados (ICE) é um índice que tem avaliação máxima igual a 1. São Paulo tem nota 0,849 e Sergipe, modestos 0,408 — menos da metade, portanto, do que o Estado que é a locomotiva deste trem desigual que é o Brasil. O MBC informa que o ICE busca apontar os principais fatores que definem a competitividade dos estados; mostrar as diferenças entre os estados para cada fator de competitividade, permitindo, assim, a comparação das políticas efetuadas até então e a utilização dos dados para benchmarking (processo contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas empresarias); indicar quais os pontos fracos de cada estado no tocante à competitividade; e apresentar a evolução dos indicadores ao longo do período 2002-2005. Também informa que a pesquisa objetiva servir como instrumento para as agências de desenvolvimento, governos e empresários para o estabelecimento de políticas, estratégias e ações que visam melhorar a competitividade das regiões, provendo maior prosperidade econômica para os cidadãos. O ICE é formado por três categorias que mensuram a competitividade: qualificação da força de trabalho; conhecimento e inovação; e infra-estrutura, que se subdivide em transporte, comunicação, saúde e energia. A melhor nota de Sergipe (0,505) é nessa última categoria. O Estado é aí o 10º mais bem aparelhado do país. A pior nota é no conhecimento e inovação: modestíssima 0,258. Nessa categoria específica, caímos para um desastroso 20º lugar. Isso revela a precariedade na pesquisa produzida pelas universidades sergipanas e pelas agências fomentadoras da investigação científica, como Fapese e FAP. Quanto à qualificação da força de trabalho, Sergipe mantém-se no mediano 12º lugar. Veja o resultado completo da pesquisa: UF ICE-F Qualificação força de trabalho Conhecimento e inovação Infra-estrutura Índice Ranking Índice Ranking Índice Ranking Índice Ranking São Paulo 0,849 1 0,903 2 0,834 1 0,809 2 Rio de Janeiro 0,792 2 0,866 3 0,698 2 0,811 1 Distrito Federal 0,744 3 0,949 1 0,511 7 0,772 3 Rio Grande do Sul 0,711 4 0,720 4 0,692 3 0,722 5 Paraná 0,696 5 0,717 5 0,647 4 0,724 4 Santa Catarina 0,648 6 0,708 6 0,573 6 0,662 6 Minas Gerais 0,589 7 0,567 8 0,594 5 0,608 8 Mato Grosso do Sul 0,506 8 0,619 7 0,313 16 0,586 9 Espírito Santo 0,475 9 0,482 11 0,333 12 0,610 7 Pernambuco 0,436 10 0,529 10 0,357 8 0,423 13 Paraíba 0,432 11 0,540 9 0,356 9 0,399 14 Sergipe 0,408 12 0,459 12 0,258 20 0,505 10 Rio Grande do Norte 0,400 13 0,365 19 0,344 10 0,491 12 Goiás 0,401 14 0,394 15 0,302 17 0,506 11 Amazonas 0,385 15 0,426 13 0,330 13 0,400 15 Ceará 0,352 16 0,387 16 0,336 11 0,331 22 Mato Grosso 0,343 17 0,402 14 0,262 19 0,366 19 Bahia 0,341 18 0,327 20 0,317 15 0,377 18 Amapá 0,329 19 0,309 22 0,320 14 0,359 20 Tocantins 0,312 20 0,367 18 0,232 26 0,336 21 Pará 0,299 21 0,377 17 0,235 24 0,284 23 Alagoas 0,299 22 0,266 24 0,248 21 0,382 17 Acre 0,299 23 0,323 21 0,285 18 0,287 24 Roraima 0,295 24 0,279 23 0,222 27 0,382 16 Piauí 0,237 25 0,211 25 0,242 23 0,257 25 Rondônia 0,225 26 0,177 26 0,234 25 0,265 26 Maranhão 0,192 27 0,154 27 0,246 22 0,176 27 Fonte:
Pelo resultado, pode-se concluir que, em tese, é melhor que grandes empresas nacionais e multinacionais invistam aqui do que na maioria dos estados nordestinos e da região Norte. Mas, na prática, sabe-se que nem sempre os indicadores econômicos e sociais definem uma decisão estratégica. Há o aspecto político a considerar. A Bahia, por exemplo, aparece numa situação sofrível na pesquisa, com índice de 0,341, mas é um estado politicamente muito mais forte do que Sergipe. E isso, sim, é decisivo.
A vez do teto salarial
O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que nenhum servidor público poderá receber salário superior ao teto fixado pela reforma da Previdência, que corresponde a R$ 24.500. A decisão foi unânime (10 votos) e considerou que a extinção de verbas individuais não violou direitos constitucionais. De acordo com os ministros, o subsídio incorporou esses direitos e só pode ser pago em parcela única.
O que provocou a decisão foi a constatação, pelo Conselho Nacional de Justiça, do qual o ministro Nélson Jobim é presidente, de que no próprio Judiciário, mais exatamente nos Tribunais de Justiça e nos Ministérios Públicos estaduais, há salários superiores ao dobro do teto.
A exemplo do que fez ao estabelecer a resolução que pôs fim ao nepotismo no Poder Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) irá estudar a edição de uma resolução para definir os tipos de adicionais permitidos e quais não podem ser incluídos no teto. Um levantamento do Conselho mostra que os tribunais têm mais de 40 tipos diferentes de gratificações, representações ou adicionais. A decisão do CNJ sobre a regulamentação do teto salarial do Judiciário está agendada para a esta terça-feira.
Não se sabe se o descalabro salarial aplica-se ao Judiciário de Sergipe. Uma pesquisa encomendada pelo próprio STF, relativa ao ano de 2003, já havia mostrado que a Justiça sergipana não dá grande despesa ao Estado.Naquele ano, o TJ sergipano destinou 81,38% de sua receita ao pagamento de pessoal, gasto inferior à média dos tribunais de Justiça estaduais brasileiros, que foi de 84,25%. O TJ de Minas Gerais, por exemplo, usou mais de 92% dos recursos para pagar pessoal, enquanto o de São Paulo gastou quase 91% nesse quesito. Os gastos são maiores onde se pagam salários maiores.
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