Até 40% das despesas de um condomínio residencial é resultante do consumo de água, uma conta que costuma ser salgada e é repartida tanto entre quem economiza, quanto por quem gasta a bel-prazer. Numa época em que ser politicamente correto, principalmente em questões ambientais, é uma tendência cada vez mais presente, aumenta o número de condomínios que, para também preservar o bolso dos moradores, optam pela mudança no sistema de medição de água. Obras de mudança no sistema de medição duram até três meses
Em Aracaju, não faltam exemplos de condomínios que fizeram a individualização. Há três meses, os cerca de 380 moradores do residencial San Marino, localizado no bairro 13 de Julho, decidiram pela mudança e aguardam apenas a instalação dos 96 medidores pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) para diminuir a conta de água, que já chegou a ultrapassar R$ 14 mil.
Para esconder a nova tubulação, a saíde é usar sancas de gesso
Um dos moradores do local, o estudante Marcelo Passos diz que o maior impacto resultante da modificação está numa nova consciência que as pessoas tendem a adotar. Uma vez que, a partir dessa nova medida, cada residente vai ter a noção exata do quanto gasta, não sendo mais responsável por pagar por aquilo que não consumiu. “A partir do momento que o nosso bolso é atingido, sempre encontramos uma maneira de reduzir nossos gastos”, lembra.
Marcelo estima que a economia pode chegar a 25%. Ele espera um reflexo também na taxa de condomínio, que hoje é de R$ 380. “Aliando a necessidade ambiental com economia que a individualização da medição de água irá gerar, vejo que só temos a ganhar”, diz.
Marcelo Passos espera economizar até 25% na conta de água
Discussões
Para efetivar a mudança várias reuniões entre os moradores foram realizadas, com a finalidade de explicar vantagens e desvantagens do novo sistema. “A princípio parecia um pouco desconfortante, principalmente pelos custos. Mas ao perceber o que pesava mais, os moradores decidiram pela aprovação em assembléia geral”, explica o síndico do San Marino, Carlos Madureira.
Para executar o serviço de modificação, foram montadas três frentes: uma para a adaptação do encanamento, outra para esconder os tubos e uma para a pintura. Antes, entretanto, o projeto elaborado por um engenheiro foi submetido à aprovação da Deso. Os trabalhos foram realizados em três meses, ao custo de R$ 1.100 por apartamento.
As vantagens, segundo ele, vão desde “a diminuição das despesas com água e esgoto, que agora serão individuais, à solução mais ágil de problemas com vazamentos”. Um outro detalhe, aponta Madureira, é a valorização do imóvel em até 20%. A taxa de condomínio só deve baixar, segundo projeções do síndico, após o segundo mês de implantação total do sistema. Carlos Madureira acrescenta que a medida também valoriza os imóveis
Cálculo
O síndico ressalta que após a mudança, os condôminos continuarão a repartir os custos com água gasta nas áreas comuns do residencial. Isso porque ainda existirá o medidor que distribui a água para os dois edifícios. “Depois que a leitura do contador central for feita, esse número será subtraído do total que for gasto em cada apartamento. A diferença é o valor que será repartido entre os moradores e deve corresponder ao que utilizamos para os serviços básicos em todas as áreas”, explica.
Gasto com áreas comuns
Winston aconselha que haja um contador apenas para as áreas comuns
E nesse aspecto é que, de acordo com o advogado especializado em defesa do consumidor, Winston Neil, estão morando os maiores problemas com a mudança no sistema. “Acontece que em muitos casos, o resultado dessa subtração continua sendo alto. Por isso o ideal é que haja um contador apenas para as áreas comuns”, aconselha.
Winston diz ainda que o consumo individual é uma grande tendência e que é até objeto de uma Lei Municipal. Sobre os custos da mudança, ele concorda que devem ser repartidos por igual e que a redução na taxa de condomínio deve ser imediata. “Apenas o uso das áreas comuns, como piscinas, salão de festas, etc. devem ser repartidos”, confirma.
Condomínios aderem à mudança
A engenheira-civil Fernanda Figueiredo, proprietária de uma empresa que faz obras desse tipo, revela que mesmo diante do grande número de condomínios adeptos à mudança, as pessoas ainda relutam em fazer o serviço. “Muita gente questiona logo sobre o quebra-quebra, mas os trabalhos não incomodam tanto assim; não há nenhum caos. É uma coisa que só traz benefícios”, explica. Fernanda diz que obra de modificação não causa tanto quebra-quebra
Fernanda diz que não há limite de idade para os edifícios nem de número de pavimentos. A obra costuma durar entre um a três meses, custando da R$ 500 a R$ 1.500 por morador. “A partir de cinco pavimentos tem que ser usada a nova tecnologia, a Telemetria, que faz a medição de forma remota, sem ser necessário que o agente da Deso confira cada medidor”, ressalta. A detecção de vazamentos e até de fraudes são outros benefícios.
Segundo ela, entretanto, não são apenas os condomínios novos que fazem a mudança. Aqueles que tiveram os projetos aprovados antes de 2002, quando a medição individual tornou-se obrigatória, e foram entregues há pouco tempo também estão aderindo à individualização. “O número de residenciais que estão fazendo a mudança é grande. Em termos de conscientização, seria muito bom que as pessoas pensassem no quanto isso é benéfico”, pontua.
Por Diógenes de Souza e Raquel AlmeidaPortal Infonet no WhatsApp
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