Sindicatos apontam crescimento de ataques a bancos

Agência destruída em assalto a banco na cidade de Boquim (Fotos: Arquivo Portal Infonet)

Diante do resultado de pesquisa realizada por entidades sindicais, que revelam aumento de mais de 50% em ocorrências de ataques a bancos, os bancários decidiram incluir itens relativos a segurança de funcionários e clientes na pauta de reivindicações que compõe as negociações trabalhistas entre empregadores e empregados. “Estamos cobrando isso e consideramos importante incluir segurança na nossa campanha salarial que está sendo construída na nossa data base [setembro]”, informa o presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe (Seeb/SE), José Souza.

A 3ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos foi elaborada, conjuntamente, pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CVTV) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), com apoio técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estados Sócioeconômicos (Dieese), e divulgada no último dia 20.

A pesquisa distingue os ataques entre assaltos e arrombamentos. De acordo com a pesquisa, em Sergipe foram registrados 10 ataques a bancos no primeiro semestre deste ano, dos quais são quatro assaltos e seis arrombamentos. Se comprado com o mesmo período do ano passado, em que ocorreram sete, os ataques cresceram 42,86%: O número de arrombamentos se manteve em seis, mas os assaltos aumentaram em 300%, uma vez no primeiro semestre de 2011, a pesquisa indica o registro de apenas um assalto em Sergipe e quatro no primeiro semestre de 2012.

Sergipe já vem debatendo há muitos anos questões da segurança bancária

Em nível nacional, a pesquisa indica que ocorreram, no primeiro semestre deste ano, 1.261 ataques a bancos, entre os quais 377 assaltos, com sequestro de bancários e vigilantes, e 884 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos. De acordo com a pesquisa, a média é de 6,92 ataques por dia, em nível nacional. Já no mesmo período do ano passado foram 838 ataques, entre os quais 301 assaltos e 537 arrombamentos.

Portas giratórias

O presidente do Sindicato dos Bancários em Sergipe, José Souza, não vê compromisso dos bancos com medidas de segurança e garante que em todo o país, inclusive em Sergipe, há bancos que estão excluindo até mesmo as portas giratórias nas novas edificações. “Isto já está acontecendo em Sergipe. É um retrocesso e um desrespeito à lei municipal, que proíbe funcionamento de agências sem portas giratórias”, analisa o sindicalista.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), em nota encaminhada ao Portal Infonet, revela que a segurança dos funcionários e clientes se constitui “uma preocupação central” dos bancos a ela associados. Segundo a Febraban, os investimentos em segurança aumentaram em 62,4% nos últimos nove anos, bem superior aos pontos de atendimento, que cresceu 26%. Os investimentos, segundo a Febraban saíram do patamar de R$ 3 bilhões ao ano, em 2002, para R$ 8,3 bilhões, em 2011.

Souza: segurança é um item incluso na pauta de reivindicações da categoria

“Esses investimentos crescentes, aliados a uma série de medidas preventivas, levaram o número de assaltos a banco em todo o país a cair constantemente ao longo dos anos”, enaltece a nota enviada pela Febraban. De acordo com a estatística da entidade, os assaltos diminuíram 78% em onze anos, saindo de 1.903 no ano 2000 para 422, em 2011.

Os sindicalistas questionam os números da Febraban observando que a pesquisa da entidade patronal se restringe a assaltos, consumados ou não. “Enquanto a pesquisa da CNTV e Contraf aponta 377 assaltos no primeiro semestre deste ano, a Febraban apurou 200 no mesmo período, uma diferença de 177 casos”, observa o relatório da CNTV e Contraf.

O presidente do Seeb/SE alerta que a classe patronal não tem demonstrado preocupação com as ocorrências policiais conhecidas como saidinha de banco. O sindicalista diz que a classe patronal se protege com o discurso de que as saidinhas de banco ocorrem fora das agências. “Mas eles esquecem que a saidinha de banco começa dentro da agência bancária porque os locais de saque são desprotegidos”, comenta Souza.

Legenda

Na nota, a Febraban reconhece que o aprimoramento da segurança bancária provocou mudança de atitude e os assaltos passaram a ocorrer fora das agências, mas garante que os bancos também se preocupam com as saidinhas de banco. “Preocupados em contribuir para a redução da criminalidade em outras frentes, os bancos brasileiros vêm atuando em estreita parceria com governos, polícias (Civil, Militar e Federal) e com o Poder Judiciário para combatê-los, propondo novos padrões de proteção”, destaca a Febraban na nota encaminhada ao Portal Infonet.

Sugestões dos empregados

Vigilantes e bancários do país apresentam sugestões, inclusas na pauta de reivindicações em suas respectivas negociações de acordo coletivo, para reduzir a incidência de ataques a bancos no Brasil. Abaixo, o Portal Infonet reproduz as sugestões dos empregados.

– Porta giratória com detector de metais antes da sala de autoatendimento com recuo em
relação à calçada onde deve ser colocado um guarda-volumes com espaços chaveados e
individualizados

– Vidros blindados nas fachadas

– Câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, bem como nas
calçadas e áreas de estacionamento, com monitoramento em tempo real e com imagens
de boa qualidade para auxiliar na identificação de suspeitos

– Biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, com o
reposicionamento do vigilante para observar também esse espaço junto com a colocação
de uma câmera de vídeo, o que elimina o risco do chamado ponto cego

– Divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos

– Ampliação do número de vigilantes visando garantir o cumprimento integral da lei
7.102/83 durante todo horário de funcionamento das agências e postos de atendimento

– Fim da guarda das chaves de cofres e das unidades por bancários e vigilantes, ficando
as chaves na sede das empresas de segurança

– Proibição do transporte de valores por bancários; operações de embarque e
desembarque de carros fortes somente  em locais exclusivos e seguros; e fim do
manuseio e contagem de numerário por vigilantes no abastecimento de caixas
eletrônicos

– Atendimento médico e psicológico para trabalhadores e clientes vítimas de assaltos,
sequestros e extorsões

– Escudos e assentos no interior das agências e postos de atendimento para os vigilantes

– Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros 

– Maior controle  e fiscalização do Exército no transporte, armazenagem  e  comércio de
explosivos 

– Isenção de tarifas de transferência de recursos – com a isenção, os bancários acreditam que os saques ficam desestimulados e, consequentemente, com menor probabilidade das ações nas saidinhas de banco 

Por Cássia Santana

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