Produtores de Propriá reclamam da Codevasf

Produtores de arroz: polêmica nas condições de trabalho (Foto: Fernando Pires/Ascom Codevasf)

O presidente do Sindicato União dos Produtores Agricultores Rurais de Propriá (Supatrarp), Eribaldo de Faria Lima, denuncia suposto descaso da Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) com os cerca de 483 rizicultores que estão encontrando dificuldades para manter a produção de arroz na região do baixo São Francisco.

De acordo com o sindicalista, os maquinários estão danificados e os parceleiros [Dono de uma parcela de terra] enfrentam dificuldades devido à falta de manutenção. Segundo o presidente do Supatrarp, as estradas estão em precárias condições, o que tem dificultado o escoamento da produção na região.

Como consequência, pelos cálculos do sindicalista, a produção está reduzindo ao patamar de 40%. “Já tivemos várias reuniões com a superintendência para discutir as nossas dificuldades, mas eles sempre dizem que os recursos ainda estão chegando, mas nenhuma media é adotada”, comenta o presidente Eribaldo de Faria. “Mas eles estão investindo alto na reforma da sede da Codevasf aqui em Propriá, mas o principal, que são os equipamentos e as estradas, está abandonado”, diz.

O presidente do sindicato diz que as bombas responsáveis pelo abastecimento de água nos perímetros irrigados sempre apresentam problemas e a frequente falta de manutenção também é um dos fatores para emperrar a produção.

Investimentos

A Codevasf não concorda com as denúncias do sindicalista. Em nota encaminhada ao Portal Infonet, a Superintendência Regional da Companhia informa que “todos os equipamentos de uso comum são recuperados de acordo com programação anual elaborada pela Companhia”.

Segundo a Codevasf, somente no ano passado, 31 bombas e pouco mais de 30 km de canais, dos quais 7 km no perímetro irrigado de Propriá, foram recuperados na região. “Quando ocorrem falhas ou quebras, tendo em vista que vários equipamentos possuem mais de 30 anos de uso, as equipes de manutenção são imediatamente acionadas para solucionar o problema”, garante a superintendência, na nota.

“Os investimentos, somados à assistência técnica, levaram os perímetros irrigados do Baixo São Francisco (Propriá, Betume e Cotinguiba/Pindoba) a produzir quase 80% das 26,6 mil toneladas de arroz colhidas em Sergipe em 2012”, diz a nota da Codevasf. “A rizicultura, principal atividade dos perímetros, atingiu recorde de produtividade (10 toneladas por hectare em vários lotes), sustentou 5 mil empregos e, ao final da colheita, em março, deve gerar receita de aproximadamente R$ 10 milhões para os agricultores”.

A Superintendência Regional da Codevasf garante ainda que os perímetros irrigados do Baixo São Francisco vão receber quase metade dos recursos federais, que giram em torno de R$ 210 milhões, que serão investidos pelo programa Mais Irrigação em Sergipe a partir deste ano. “Os R$ 103 milhões que serão aplicados nos três projetos servirão para aquisição de equipamentos, construção e revitalização de canais, modernização de 103 estações de bombeamentos e construção de uma unidade de secagem e beneficiamento de arroz, entre outras ações”, revela a Companhia, na nota.

A Codevasf informa também que, em relação à assistência técnica nos perímetros, a Companhia atende orientação do Tribunal de Contas da União, ficando impedida de realizar a prorrogação de contrato com a empresa que prestava esse serviço. Segundo a Codevasf, o contrato vigorou até o dia 23 de dezembro do ano passado. “Um processo emergencial de licitação já está sendo preparado e deverá ser deflagrado nos próximos 30 dias. Aliado a isso, a Codevasf lotou em Propriá dois engenheiros agrônomos recentemente contratados após aprovação no último concurso público”, esclarece a Companhia.

Quanto à reforma da sede da companhia em Propriá, a Codevasf considera necessária, “inclusive pelo inestimável valor histórico”, e que “a ação não implica prejuízos aos investimentos nas demais ações e áreas de atuação da empresa”.

Por Cássia Santana