Assentados abastecem merenda em Japaratuba

Grupo de 26 agricultores integra o “Casa do Bolo – Doce Lar” (Foto: Incra/SE)

Em mais um dia comum nas pequenas instalações da “Casa do Bolo – Doce Lar”, no assentamento Caraíbas, em Japaratuba (a cerca de 55 Km de Aracaju-SE), o ritmo de trabalho é frenético. Há dois dias da entrega de mais uma grande encomenda, o grupo de 26 agricultores, que deixa de lado enxadas e arados, divide espaço com fornos e equipamentos culinários para atingir a mais uma meta. “Até o final desta semana, eles irão entregar mais de 51 mil unidades de sete produtos para a prefeitura. É assim toda semana”, explicou a zootecnista Luciana Costa Araújo, de 34 anos, que integra a equipe do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) do Incra, que atua no assentamento.

São biscoitos amanteigados, bolachas de goma e mangaba, bolos, pães de queijo e doces como queijadinhas e pés-de-moleque. Tudo destinado, exclusivamente, às refeições diárias de crianças e adolescentes matriculados nas escolas de Japaratuba. “Nós buscamos a integração deles aos mercados institucionais. Eles apresentaram os produtos, se prepararam e conseguiram esse contrato com a prefeitura, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)”, contou Luciana.

Unidos na Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares do Assentamento Caraíbas  – Doce Lar (Coomafac), os “agricultores-confeiteiros” venceram uma chamada pública promovida pelo governo municipal no último dia 12 de agosto, assinando o primeiro grande contrato da história da Casa do Bolo.

Com duração prevista até o encerramento do ano letivo, em dezembro, o fornecimento dos produtos renderá ao grupo R$ 359 mil. “O pagamento é feito todo mês e o dinheiro cobre os custos da Casa do Bolo e garante uma renda para as famílias”, contou o presidente da cooperativa, Natalino da Silva Santos, de 32 anos.

A casa dele e da esposa, que também trabalha na Casa do Bolo, já reflete as mudanças promovidas pela nova atividade.
“Hoje nossa renda principal vem da Casa do Bolo. É um dinheiro certo todo final de mês e que já está ajudando a gente a comprar máquina de lavar, fogão, sofá, mesa e outros móveis. A vida está melhorando”, analisou Santos.

Um progresso também vivenciado por outras famílias. “O dinheiro daqui é uma benção. A gente paga as contas, compra coisas para as crianças e melhora a casa. Já comprei até um tanquinho, para não precisar mais lavar roupa no riacho”, contou sorrindo Eliene dos Santos, de 40 anos, que integra a equipe da Casa do Bolo.

Organização e qualidade

Capacitados por profissionais do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e acompanhados semanalmente pela equipe de Ates que atua no assentamento, o grupo de agricultores da Casa do Bolo mantêm um sistema produtivo que chama a atenção pelo alto grau de organização. “Eles têm todo o trabalho bem dividido. São equipes diferentes, com funções distintas e que se auxiliam de acordo com as demandas que chegam”, explicou Luciana.

Com jornadas de trabalho bem definidas e planilhas que organizam entregas, estoques e fazem um rigoroso controle de custos, a Casa do Bolo não apenas tem garantido o cumprimento do novo contrato, como tem arrancado elogios dos responsáveis pela merenda escolar em Japaratuba. “Eles são muito organizados e têm muito cuidado com a produção e o armazenamento dos produtos. Os alimentos são de boa qualidade e têm sido muito bem aceitos pelos alunos”, analisou Rachel Rodrigues Correa, nutricionista da Prefeitura Municipal de Japaratuba para a merenda escolar.

De olho no futuro

Criada há apenas dois anos, a Casa do Bolo não para de crescer. Na última semana, o local recebeu seu segundo um forno industrial duplo, que passou a integrar um conjunto de equipamentos que reúne desde prensas a raladores e batedeiras industriais.

Para a estruturação do local, os agricultores tiveram um apoio decisivo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Por meio do crédito “Apoio Mulher”, as agricultoras que compõem o grupo investiram R$ 22 mil na compra dos equipamentos que hoje asseguram a produção. “Quase tudo que a gente tem aqui veio do Apoio Mulher e a gente deve ao Incra”, afirmou Eliene.

Visando expandir a atuação da Casa do Bolo e ampliar a renda das famílias envolvidas no projeto, os trabalhadores já traçaram dois grandes objetivos. “Nós precisamos ampliar o nosso espaço de trabalho e buscar novos contratos para fornecer merenda escolar”, resumiu o presidente da Coomafac.

A estratégia para alcançar a ambos os objetivos já está traçada. Para ampliar o espaço e adquirir mais equipamentos para a Casa do Bolo, o grupo, apoiado pela equipe de assistência técnica, pretende apresentar um projeto ao Incra para a obtenção de recursos do Programa Terra Sol, dedicado à implantação e expansão de agroindústrias em áreas de reforma agrária. Já para a assinatura de novos contratos com prefeituras, os trabalhos estão adiantados. “Nós já apresentamos nosso cardápio e estamos aguardando a abertura de chamadas públicas em novembro, para tentar fornecer alimentos para as prefeituras de Própria, São Francisco, Cedro de São João, Siriri e Muribeca”, contou Santos.  

Além de garantir renda para as famílias do Caraíbas, o fornecimento de alimentos pela Coomafac às escolas de Japaratuba também beneficia outros quatro assentamentos, que fornecem matérias-primas para a Casa do Bolo e produtos in natura (coentro, abacaxi, abóbora, maracujá e macaxeira), incluídos no contrato assinado em agosto.

Fonte: Incra

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