Sergipana de Santo Amaro vence concurso de redação da Alfabetização Solidária

“A minha comunidade é assim pequena no tamanho, mais (sic) grande na solidariedade”. Com essa frase, Izabel Santos da Conceição, 50 anos, finalizou a sua redação sobre o local onde vive, o município de Santo Amaro das Brotas, em Sergipe. A aluna da Alfabetização Solidária (Alfasol) foi a vencedora da 8ª edição do Concurso de Redação, na categoria Alfabetizando, que esse ano teve como tema “A comunidade onde moro”. O trabalho da Alfasol na cidade de Santo Amaro das Brotas é conduzido com apoio da Universidade Federal de Sergipe. Os vencedores serão premiados na festa de abertura, apresentada por Pedro Bial, da VI Semana da Alfabetização, a ser realizada de 5 a 7 de setembro, em São Paulo. 

Nascida em Aracaju (SE), Izabel passou sua vida toda no município sergipano de Santo Amaro das Brotas. O trabalho na roça, ao lado de sua família, acabou afastando-a, ainda criança, da sala de aula, mas o sonho de aprender a ler e a escrever não foi apagado. Viúva e mãe de seis filhos, Isabel conheceu a Alfabetização Solidária através de uma alfabetizadora que a visitou em casa e a estimulou a retomar seus estudos. Passou a ter aulas em casa e logo começou a ler e escrever. Ao participar do VIII Concurso de Redação da Alfasol, não acreditava que seria uma das finalistas. Mulher humilde, cheia de esperança, Izabel está agora muito orgulhosa, pois tem sido alvo dos comentários da pequena cidade.

 

A PROPOSTA DO CONCURSO

Aprender a ler e a escrever, além de aumentar a auto-estima e as oportunidades pessoais e profissionais, alavanca a maior participação social do indivíduo. Ciente do poder transformador desse processo, a Alfabetização Solidária convidou alunos e alfabetizadores a refletirem sobre seu papel na comunidade onde vivem, ao mesmo tempo em que puderam se reconhecer como agentes modificadores desse espaço. Promovido anualmente, o Concurso de Redação tem entre seus principais objetivos  a valorização e o estímulo ao alfabetizando como agente co-responsável pelo processo de alfabetização, possibilitando a ele se reconhecer, ao mesmo tempo, como autor e leitor.

Neste ano, depois de uma primeira avaliação pelas instituições de ensino superior parceiras, a comissão julgadora do concurso recebeu 798 redações, sendo 614 de alfabetizandos e 184 de alfabetizadores. Muitos dos textos abordaram uma das maiores reivindicações e expectativas dos brasileiros – mais empregos -, ao mesmo tempo em que retrataram a melhora da infra-estrutura regional e o aumento da mobilização das comunidades onde a Alfasol se instalou. Os três primeiros colocados entre alfabetizadores e alfabetizandos e os dois mais votados no júri popular serão premiados com coleções de livros e materiais didáticos.

 

OS VENCEDORES

Em segundo lugar entre os alunos ficou o texto de Ana Marques Jardim, 71 anos, da cidade de Itaobim, em Minas Gerais, que destacou a esperança da população local em dias melhores. Já o terceiro colocado, Sebastião dos Santos Reis, um lavrador de 44 anos do vilarejo de Poço do Juá, no interior de Serra Dourada, na Bahia, contou a história da fundação da cidade por seus avós, Manoel Joaquim e Antônia Francisca, a partir de um pequeno rancho. A perseverança e a determinação do casal foram exemplos para ele começar a aprender as primeiras letras. A partir do ingresso em uma das turmas do programa Alfabetização Solidária, Sebastião relatou um novo sentido para a sua vida e mais coragem para enfrentar o mundo – inclusive para participar das decisões e empreitadas importantes na sua comunidade. Na votação popular, pela Internet, a redação vitoriosa foi Maria Alves do Santos, de Águas Formosas, também Minas Gerais.

Além dos alfabetizandos, alfabetizadores também podem participar do concurso, numa outra categoria. A vencedora foi Maria José de Lima Kurovski, de 41 anos, da cidade de São Paulo. Para ela, que lecionou pela primeira vez em uma turma de jovens e adultos, trabalhar com os alfabetizandos foi uma experiência gratificante. “Os alunos são muito amáveis. Quis mostrar a eles que todos têm capacidade, que é preciso apenas acreditar em si e buscar seus objetivos”, comenta a professora que lecionou para uma turma do projeto Grandes Centros, na Universidade Mackenzie, em São Paulo. As segunda e terceira colocadas são Kayla de Carvalho Granja, de Bom Jesus, (vitoriosa também no júri popular) e Aurélia Oliveira de Lima, de Palhano, ambos municípios do Ceará.

 

O PROCESSO DE SELEÇÃO

Numa primeira etapa, professores e alunos de Instituições de Ensino Superior (IES) parceiras da Alfasol escolheram um texto por sala (entre os alfabetizandos) e uma redação de alfabetizador em cada município atendido. Na segunda fase, uma comissão de triagem, formada por professores de quatro instituições de ensino superior parceiras da Alfasol, escolheu 86 redações – 49 na categoria Alfabetizando e 37 na categoria Alfabetizador, encaminhadas à Comissão Nacional. Posteriormente, os textos foram analisados e selecionados por essa Comissão Nacional, que levou em conta critérios de adequação ao tema, criatividade e originalidade para escolher os vencedores.

A Comissão Nacional que analisou os textos contava com nomes como o de Jorge Werthein, representante da UNESCO no Brasil, Cláudia Veloso Guimarães, coordenadora de Educação de Jovens e Adultos da SECAD/MEC, Sérgio Mindlin, diretor presidente da Fundação Telefônica, Paulo Tarciso Okamotto, diretor presidente do SEBRAE, Ivan Zurita, diretor presidente da Nestlé Brasil, e Olinta Cardoso, diretora superintendente da Fundação Vale do Rio Doce. Também participaram os educadores Joel Gaviolli, da Faculdade de Educação e Cultura Montessori, Ismael Rocha Junior, diretor de Marketing e Pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing, Edison e coordenador da ESPM Social, Edison José Corrêa, da Universidade Federal de Minas Gerais, Pró-Reitoria e Extensão, e Leni Trentin Gáspari, da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória.

Para o professor Joel Gaviolli, integrante da Comissão Nacional, as redações dos alfabetizandos foram claras e explícitas na manifestação de muitas das necessidades sociais do povo brasileiro, além de valorizarem a escrita e a leitura como instrumento para a elevação da auto-estima dos indivíduos. “A grande mobilização dessas pessoas em busca de novas oportunidades de estudo também foi um outro aspecto presente nas redações”, relata Gaviolli.

Além das redações escolhidas pela comissão, a exemplo dos concursos anteriores, foi realizada uma votação popular por meio dos sites: www.semana.org.br e www.cereja.org.br . Pela Internet, finalistas de ambas as categorias também receberam votos.

 

A ALFASOL

A Alfabetização Solidária é foi criada em 1997 com o objetivo de reduzir os altos índices de analfabetismo e ampliar a oferta pública de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil e no Exterior. A entidade adota um modelo de alfabetização simples, inovador e de baixo custo, baseado em parcerias, que já foi premiado várias vezes internacionalmente. Desde 1997, a Alfabetização Solidária consolida resultados significativos no país e teve seu modelo de atuação reconhecido e premiado no exterior. Com o apoio de 166 empresas parceiras, que investem em educação e de 188 Instituições de Ensino Superior e contando ainda com o trabalho de 216 mil alfabetizadores capacitados, a Alfabetização Solidária chega ao final de 2005 com mais de cinco milhões de alunos, jovens e adultos em 2.066 municípios do país.

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