Qualificações garantem vaga no mercado de trabalho

Juliana Garretti estuda para concurso e também quer se especializar

“A partir de hoje vocês deixam de ser estudantes e passam a ser desempregados”. Com essa frase bem humorada, e dura, o padre Peixoto encerrou a missa de formatura de Psicologia da Faculdade Pio X, turma 2009/1. E embora todos tenham achado engraçado naquele momento, a frase reflete a realidade de muitos jovens que deixam a universidade sem a menor perspectiva de conseguir um emprego.

É o caso da psicóloga Juliana Garretti, 23 anos, formada há pouco mais de um mês. Após quatro anos nos bancos do curso de Psicologia, Garretti se diz saudosa dos tempos de faculdade. “Hoje eu digo com todas as letras: já estou com saudades da faculdade. A minha única preocupação era estudar, agora tenho que me preocupar em ganhar dinheiro”, diz a jovem.

Segundo Juliana, a cobrança familiar para que ela conseguisse um emprego começou mesmo antes das cerimônias de formatura. “E não pode ser qualquer trabalho. Tem que ser um emprego na minha área, de preferência por meio de concurso público”, declara. “E é por isso que eu tenho estudado para concurso, e sei o quanto é difícil ser aprovada. Mas como vou me dedicar à preparação para as provas se não posso ficar parada sem ganhar dinheiro?”, questiona.

Além da tão sonhada estabilidade financeira, que na teoria o concurso público pode proporcionar, Juliana quer investir em especializações em sua área. E são justamente essas qualificações o segredo para o sucesso no mercado de trabalho, de acordo com o advogado e especialista no assunto, Antônio Carlos.

“O profissional qualificado tem o mercado aos seus pés”

Para Antônio Carlos, segredo é ter foco

De acordo com o advogado, antes mesmo de deixar a universidade o jovem precisa saber onde ele quer chegar. “O segredo é ter foco. Não dá para chegar à porta do mercado de trabalho sem ter pelo menos uma idéia de qual caminho seguir”, afirma Antônio.

Para o especialista, investir em especializaçãoes e qualificiações é o melhor negócio. “Um profissional bem qualificado tem o mercado aos seus pés”, acredita Antônio. Ainda segundo ele, atualmente as áreas com maior chance de empregabilidade são tecnologia da informação, áreas financeiras, engenharias e saúde.

E se o jovem quer prestar concurso público mas, como Juliana Garretti, não pode ficar apenas em casa estudando, para ganhar dinheiro e/ou experiência deve optar por uma atividade em sua área que não tome todo seu tempo.

“Uma saída é trabalhar com um profissional renomado ou em uma empresa já bem colocada no mercado. O jovem pode trabalhar meio período, ainda que a remuneração não seja adequada, e no restante do dia se dedicar aos estudos ou até mesmo especializações”, ensina Antônio Carlos, mirando-se no próprio exemplo – ele começou como funcionário em um renomado escritório de advocacia, pouco tempo depois virou sócio, a mais tarde abriu seu próprio escritório.

Ampliar os horizontes profissionais

Talita resolveu continuar os estudos mesmo após a faculdade

Conquistar um bom emprego logo após a formatura é a vontade de muitos, e com a jornalista Talita Déda não foi diferente. Graduada em jornalismo em dezembro de 2007, Talita procurou trabalho na área por vários meses, mas por fim resolveu dar continuidade aos estudos na área de audiovisual e multimídia, com um mestrado na cidade de Braga, norte de Portugal.

“Perto de me formar já estava pensando em fazer uma pós ou um mestrado assim que terminasse o curso, já com a intenção de não parar de estudar e de ampliar os horizontes profissionais. No início pensei em Recife e Salvador. Mas morar em Portugal era um desejo antigo, pela beleza e principalmente pela educação na Europa”, conta a jornalista.

Segundo Talita, a busca pela especialização não foi apenas para burlar a falta de emprego, mas principalmente para adquirir conhecimentos na área. “Acredito que as pessoas deveriam se especializar na área em que se graduaram, não só para o crescimento profissional, mas sim pessoal, enriquecer o currículo, garantir um bom emprego e experimentar outros ares e novos conhecimentos”, destaca Talita, que já mora há um ano em Portugal.

Por Helmo Goes e Carla Sousa