Projeto Rondon 2011 atuará em 20 municípios sergipanos

Coordenado e financiado pelo Ministério da Defesa, o Projeto Rondon é uma oportunidade de alunos de Instituições de Ensino Superior (IES), tanto particulares quanto federais, atuarem dentro da sua área profissional a partir de atividades que envolvam o desenvolvimento sustentável em comunidades carentes de sua localidade.

Em Sergipe, o Projeto Rondon 2011 está sendo sediado na Universidade Tiradentes (Unit) que conta com uma equipe de 10 pessoas, dentre professores e alunos, formando a operação ‘Siri’. Segundo uma das coordenadoras do Projeto no Estado e professora no setor de saúde da Unit, Carla Porto, as atividades acontecem nas férias acadêmicas, sendo geralmente em janeiro/fevereiro e em julho.

“Neste projeto a gente trabalha voluntariamente, tanto os professores quanto os alunos. São estes estudantes que vão levar à comunidade, o conhecimento que é adquirido dentro dos bancos universitários, sendo que eles vão colocar tudo isto em prática. O Projeto Rondon pode ser considerado o maior projeto de extensão universitária nacional”, diz Carla.

Equipe da Unit que atuará no Projeto Rondon 2011 em Sergipe (Fotos: Portal Infonet)

Ações

A coordenadora Carla informa que as ações do Projeto deste período envolvem 40 IES de todo o Brasil, e as ações acontecem em quatro Estados do país, entre Sergipe, Rio Grande do Norte e mais outras duas localidades. Cada município recebe uma equipe de duas universidades, que trabalham em conjunto de ações distintas, determinadas pelo Ministério da Defesa em ‘conjunto A’ e ‘conjunto B’.

Cada universidade terá uma equipe com dois professores e oito alunos (universitários), de diversos cursos de graduação. Em Sergipe, o projeto atuará em 20 municípios, desde Ilha das Flores e Neópolis no norte sergipano até Tomar do Gerú e Cristinápolis na região Sul.

Unit receberá 39 IES que participam do projeto

Na equipe ‘Siri’, o projeto envolverá universitários dos cursos de Serviço Social, Direito, Odontologia, Comunicação, Enfermagem, Educação Física e Comunicação. De acordo com a outra coordenadora do Projeto, Ana Célia Góes, que atua na área de Serviço Social, estes alunos já estão sendo capacitados há alguns dias, pois são eles que irão desenvolver e executar as atividades na comunidade, junto à coordenação e suporte dos professores.

“Estes estudantes estão preparados com a experiência da academia e o que vêem na sala de aula irão colocar em prática. É como se fosse um estágio acadêmico numa comunidade, mas diretamente levando oficinas e capacitação voluntariamente a essas pessoas”, esclarece a coordenadora.

Carla e Ana Célia coordenam o projeto em Sergipe

“É muito gratificante a troca com a comunidade. Muitos integrantes, por exemplo, nunca foram na periferia para trabalhar com as comunidades e de repente vão atuar atendendo à profissão que está se propondo a assumir. Mas não vamos apenas levar conhecimento, aprendemos muito mais do que levamos”, ressalta a professora.

Experiência

Para a estudante de Direito da Instituição e integrante do projeto, Nayara Sthefany Gonzaga Silva, 21, além de praticar conteúdos ensinados na academia, a equipe poderá transmitir princípios básicos de democracia e de participação cidadã nas comunidades.

“O Direito por si só é um curso extremamente teórico e a gente sente falta desta prática. Além da parte do escritório e da parte jurídica do auxílio, vou participar também junto aos conselheiros. Então durante os trabalhos estaremos deixando contribuições que ali vão ficar arraigadas às idéias teóricas, e transmitir o ideal que o Direito tem de existir, além de realizar os objetivos do Rondon”, aponta a estudante.

Ainda segundo ela, um dos pontos que chama atenção no projeto é a questão da interdisciplinaridade entre cursos envolvidos nas ações. “Esta é uma grande oportunidade que temos de ter contato com profissionais da área de humanas e também de saúde que é muito distante da minha, mas que trará também trocas significativas”, conclui Nayara.

A estudante de fisioterapia Manuela Dantas, 21, afirma que será bastante válido o contato que todos terão com comunidades de outra região de Sergipe. “É uma realidade diferente até da periferia de Aracaju. Deve ser muito interessante o contato com as pessoas, além de passar conhecimento para os multiplicadores”, acrescenta.

Breve histórico

Interdisciplinaridade entre os cursos é ponto importante no projeto, diz Nayara

Em 1967, 30 estudantes e dois professores, inspirados no trabalho com a intenção de contribuir para o desenvolvimento social e econômico do país, executaram o que foi considerado a ‘Operação zero’ do Projeto que homenageou o militar e humanista, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Eles passaram 28 dias efetuando trabalhos de levantamento, pesquisa e assistência médica no interior da Amazônia. Na sua volta, o projeto tornou-se um sucesso no país, sendo adotado o slogan ‘Integrar para não entregar’.

Em 19 de janeiro de 2005, uma nova fase do Projeto Rondon foi relançada no município de Tabatinga (AM), sendo originada de uma proposta solicitada pela União Nacional dos Estudantes (Une) ao Exmo. Sr. Presidente da República em novembro de 2003. Já em 2004, o Grupo de Trabalho Interministerial foi criado com o objetivo de estabelecer o direcionamento do Projeto, definindo sua sistemática de atuação.

Multiplicador

Manuela diz que o contato com outras comunidades será válida

“Não trabalhamos mais de forma assistencialista, porque o Rondon saía das comunidades e estas ficavam desassistidas. Agora, como a gente trabalha com essa idéia de multiplicar a informação, a equipe do projeto sai do município, mas deixa a semente plantada para que as atividades que ali foram desenvolvidas durante os 15 dias possam continuar sendo difundidas por longo tempo por essas pessoas que foram capacitadas”, avalia Carla.

Os integrantes também informam que ninguém da equipe recebe dinheiro algum dos trabalhos que são desenvolvidos. “Quando se trata de um projeto em outro Estado, o Ministério da Defesa assume todos os ônus em relação à passagem, alimentação, estadia, deslocamento, etc. Geralmente as prefeituras assumem esta parte”, conclui a coordenadora Ana Célia.