Estudantes exigem reunião com MPF para deixar reitoria da UFS

Reitoria está ocupada há mais de 24 horas (Fotos: Portal Infonet)

Já passa de 24 horas a ocupação da reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS) por um grupo de estudantes que reivindica melhorias principalmente nos cursos de comunicação. A única condição para que eles deixem o espaço é a realização de uma reunião entre o reitor da instituição, professor Josué Modesto dos Passos Subrinho, o chefe do Departamento de Comunicação Social (DCOS), professor Fernando Barroso, e o Ministério Público Federal (MPF), que dê soluções práticas para os problemas de estrutura, equipamentos e falta de docentes.

Os estudantes já tiveram uma reunião com Subrinho, mas a resposta dada por ele não agradou. De acordo com a estudante Raiane de Souza Silva, do 3º período de Audiovisual, falou-se no encontro apenas de ‘burocracia’ e ‘licitações’. “Essa conversa nós já ouvimos em outras vezes. Para as necessidades básicas e urgentes esses argumentos não servem. Percebemos que falta vontade política para resolver a questão”, disse.

Pelo menos 30 estudantes estão dormindo no local

Ela comentou, ainda, que o reitor da UFS não concordou em participar de uma reunião com o MPF porque “não iria resolver nada”. “A gente quer a participação do MPF para que tenhamos alguma resposta”, explicou Raiane.

Grupo dorme na reitoria

Estão na reitoria cerca de 30 estudantes dos cursos de Jornalismo, Audiovisual, Publicidade e Propaganda, História, Direito, Biologia e Educação Física. O grupo chega a 150 quando há alguma atividade, como os debates realizados entre os manifestantes. Eles reivindicam, principalmente, a melhoria das condições de infraestrutura dos cursos, a retomada de obras paralisadas, o aumento do número de equipamentos para aulas laboratoriais e a contratação de professores.

Os estudantes de Educação Física também podem se juntar à ocupação ainda nesta terça-feira, 31. O caso deles, segundo Raiane, é mais grave, pois as obras nos espaços destinados às aulas práticas do curso estão paralisadas. “Eles não têm nem a piscina”, destacou.

Raiane diz que o grupo pode ganhar reforço com estudantes de Educação Física

Licitações

O reitor da UFS foi procurado pelo Portal Infonet, mas não pôde atender à ligação porque estava em audiência. O pró-reitor de Graduação da UFS, professor Sandro Holanda, explicou que o posicionamento do reitor não se deu como os estudantes relataram. “Essa é uma questão inerente à UFS, que deve obedecer às regras do processo de licitação. A forma de resolver o problema não depende apenas da universidade, depende também da empresa vencedora da licitação cumprir o contrato. Ocorre que nem sempre temos a garantia de que a empresa que apresentar o melhor preço vai cumprir o contrato”, explicou.

Holanda disse, ainda, que o problema com licitações se estende a toda a universidade. Algumas obras estão no terceiro processo licitatório justamente porque as empresas muitas vezes abandonam os trabalhos antes da conclusão. Tal situação se arrasta desde 2009, quando o Portal Infonet já havia abordado o problema. “O que o MPF pode fazer é dizer para a universidade que resolva o problema, pois não descumprimos nenhuma regra. Pelo contrário, a regra [da licitação] é que nos atrapalha; por outro lado, ela é necessária”, acrescentou o pró-reitor.

Grupo só deixará o local após reunião com o MPF

A assessoria de comunicação do MPF informou que até o momento não recebeu nenhuma representação ou solicitação de reunião na UFS. A representação seria necessária para que o órgão analise a situação e, caso encontre irregularidades, possa tomar as providências necessárias.

Por Diógenes de Souza