1º de Maio – Dia Mundial do Trabalho

Aproveito o Dia do Trabalho para provocar uma reflexão junto aos trabalhadores, sindicatos e empresários das pequenas, micro e grandes empresas públicas e privadas: a prevenção de doenças no local de trabalho.
O local de trabalho é onde, geralmente, as pessoas passam a maior parte do dia. Transformar o espaço de relações profissionais em ambiente de prevenção traz grandes benefícios à vida dos trabalhadores e, consequentemente, para as próprias empresas.
As reuniões dos sindicatos de classe geralmente discutem questões salariais e condições de trabalho. Devido ao grande poder de mobilização, as reuniões podem ser momentos estratégicos de divulgação de algumas informações sobre prevenção. Os sindicatos podem convidar técnicos da área de saúde, para a abordagem de temas atuais que são mais preocupantes. Em alguns casos, determinados serviços de saúde podem ser levados às sedes dos próprios sindicatos.
Além das doenças ocupacionais e do trabalho, existem alguns assuntos ligados à saúde pública que podem ser abordados nas reuniões dos sindicatos e nas SIPAT – Semanas Internas de Prevenção de Acidentes do Trabalho: prevenção da infecção pelo HIV e Sífilis, prevenção das Hepatites Virais e prevenção do Tétano.
A prevenção do HIV/AIDS no local de trabalho
Em empresas que ainda não desenvolvem um trabalho de prevenção e solidariedade, percebe-se que é comum, diante de situações que envolvem a existência de funcionários soropositivos, pessoas entrarem em pânico, ficarem angustiadas ou simplesmente não saberem como agir. Por outro lado, também é muito comum que, ao se descobrir soropositivo, o indivíduo passe a dar um significado muito especial ao seu trabalho. O trabalho dá segurança, estabilidade, benefícios em assistência, traz o convívio social com amigos e outras vantagens. Além disso, o trabalho é um direito dessas pessoas.
É importante lembrar que não existe uma lei que dê estabilidade a esses trabalhadores. Porém, diante de várias decisões judiciais, é garantido o cancelamento desta demissão caso fique comprovado que o funcionário foi demitido porque era soropositivo. Também nenhum trabalhador poderá ser obrigado a realizar um teste de diagnóstico do HIV. Não apenas divulgar a importância do uso da camisinha, mas disponibilizar os preservativos na própria empresa em local de fácil acesso é uma medida importante. Divulgar a importância da realização do teste para o diagnóstico do HIV, informando os locais do município/estado de oferta dos testes, vai ajudar a combater o diagnóstico tardio da AIDS. O esclarecimento sobre as formas de transmissão e o que não transmite o HIV ajudará a evitar atitudes discriminatórias.
A prevenção da sífilis no local de trabalho
A Sífilis é uma DST- Doença Sexualmente Transmissível que, embora na maioria dos casos seja silenciosa, isto é, assintomática, pode trazer consequências sérias para o trabalhador (por exemplo, lesões cardiovasculares). Além da divulgação da prevenção com relação ao uso da camisinha, a informação mais importante para o trabalhador, no momento em que a sífilis congênita (sífilis transmitida da gestante para o filho) é um grave problema de saúde pública, é a participação do homem no pré-natal, através da realização do exame para diagnóstico da sífilis e HIV.
Incentivo à Vacinação dos trabalhadores
Muitos trabalhadores desconhecem a existência de algumas importantes vacinas disponíveis na rede básica de saúde. Por outro lado, as unidades básicas de saúde registram pouca procura pelas vacinas disponíveis para jovens e adultos. Em muitas unidades de saúde, sobram as vacinas contra a hepatite B e contra o Tétano, doenças tão sérias e que podem provocar graves consequências para a saúde do trabalhador e até podendo levar a incapacidade para o trabalho.
A Hepatite B é uma inflamação do fígado provocada por vírus, cuja transmissão pode ocorrer por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada, da mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação, ao compartilhar material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings, por recepção de sangue infectado. A maioria dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. Mas, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Além da camisinha, uma maneira segura e eficaz de prevenir a infecção pelo vírus da hepatite B é tomar as três doses da vacina contra a hepatite B, assim distribuídas: a segunda 30 dias depois da primeira e a terceira, seis meses depois da primeira. Com relação aos trabalhadores, devem receber essa vacina: jovens e adultos até 29 anos, os profissionais na área de saúde, policiais, bombeiros, manicures, tatuadores, podólogos, vítimas de abuso sexual, entre outros grupos.
O Tétano é uma doença infecciosa grave, não contagiosa, causada por toxina produzida de uma bactéria, que ataca principalmente o sistema nervoso central, provocando rigidez muscular principalmente no pescoço, dificuldade para abrir a boca (trismo) e engolir, riso sardônico produzido por espasmos dos músculos da face. A contratura muscular pode atingir os músculos respiratórios e pôr em risco a vida da pessoa. Para evitar a doença é essencial que todas as pessoas estejam adequadamente vacinadas. Grande parte da população adulta nunca recebeu, ou desconhece que tenha recebido a vacina contra o tétano e necessita, portanto, do esquema vacinal completo. A vacina contra o tétano (toxóide tetânico) está disponível nas unidades de saúde. Em adolescentes e adultos não vacinados, o esquema vacinal completo é feito com três doses com intervalo de dois meses entre as doses e reforço de 10 em 10 anos.   Para as trabalhadoras gestantes a vacinação é uma importante medida de prevenção do tétano neonatal ou “mal dos sete dias” (tétano que acomete recém-nascido e é adquirido quando ocorre contaminação do cordão umbilical).
A vacinação é uma importante medida para manutenção da saúde do trabalhador. Para ter maiores informações, é importante que os membros das CIPAS e representantes dos sindicatos procurem as unidades de saúde.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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