Capa do Livro 2003- O ano da educação, de Marcos Prado Dias |
Em 2003, Sergipe viu um conjunto de ações revolucionárias e transformadoras na Educação Pública dos sergipanos. Assumia naquela oportunidade o cargo de Secretário de Estado da Educação o médico, professor, escritor e humanista Marcos Aurélio Prado Dias. Voltava pela segunda vez ao cargo, mas dessa vez com mais força política e uma determinação arrebatadora. Promoveu um trabalho de enorme dedicação, que não se limitava aos dias úteis da semana, mas entrava pelos fins de semana, sábados, domingos e até feriados. Visitava todas as escolas sempre no começo da manhã, antes de ir para o trabalho burocrático. Ia de sala de sala, para conversar com alunos e professores, solicitar deles apoio para conservar a escola, para plena dedicação aos estudos e principalmente, terem orgulho de ser alunos e professores de escola pública. Dizia ele aos assustados alunos. “Fiz toda a minha formação em escola pública e hoje estou no comando da Secretaria de Educação. Vocês podem também vencer pela educação, pois é ela quem liberta, transforma e prepara para os desafios do mundo”.
Com o lema “Educação do Futuro”, Marcos Prado implantou em Sergipe, em apenas um ano, programas importantes e pioneiros para o desenvolvimento educacional do Estado, entre eles o Sergipe Cidadão, para erradicação do analfabetismo, que chegou a receber o primeiro prêmio nacional da Alfabetização Solidária e que foi implantado antes mesmo do programa federal Brasil Alfabetizado, com reconhecimento pela UNESCO.
A sistematização e ampliação para oito polos do Estado do Pré-Vestibular SEED, gratuito, que atendeu milhares de jovens sergipanos e que começou a interiorização pela sua cidade natal, Itaporanga d’Ajuda, numa época em os índices de aprovação de alunos de escolas públicas nas universidades era muito baixo.
Outra grande ação foram os Centros de Excelências, iniciado como piloto no tradicional Colégio Atheneu Sergipense. Foi uma experiência notável, apesar da oposição implacável e do corporativismo perverso do Sintese, que tudo fez para destruir os bons projetos, aliás, como faz até os dias de hoje. O Programa Alfa e Beto, para alunos iniciantes do fundamental, o Centro de Qualificação Prof. Antonio Garcia Filho (primeiro secretário de Estado da Educação, Saúde e Cultura do nosso Estado), a expansão do Programa de Qualificação Docente (PQD), criado na gestão anterior de Luiz Antonio Barreto, em parceria com a UFS, foram outras ações no ano santo de 2003.
Com o Ministro da Educação da época, Cristóvão Buarque, Marcos Prado cultivou uma grande amizade e com ele partilhou, como grande ideal, a busca pela melhoria da educação. Infelizmente ambos foram defenestrados de suas funções por interesses escusos e manobras palacianas. Apesar do enorme prestigio concedido aos professores, retirando um famigerado redutor salarial que afligia e penalizava 15 mil professores, promover o pagamento da progressão vertical e de quase três mil processos de titulações, manter franco e democrático diálogo com os sindicalistas, estes nunca lhe deram tréguas, por questões ideológicas e partidárias. lnfelizmente, é assim. Nem todas as boas ações são reconhecidas e valorizadas.
Alvo de denúncias infundadas ele saiu da vida pública para dedicar-se à profissão e responder aos diversos processos abertos, entre eles a da inadequada aplicação de recursos. Entre o exercício digno de sua profissão e a preparação de longas defesas, Marcos Prado Dias viu se desfazer as intensas ações e as conquistas obtidas em pouco mais de uma ano de comando à frente da Secretaria de Educação. Livre de todos os processos, inocentado nos diversos foros que enfrentou, veio a falecer em 2012. Simplicidade, honestidade, competência e dignidade.
Esse foi Marcos Aurélio Prado Dias, gente que fez e que Sergipe lembra e reconhece.