A sífilis, apesar de ser uma doença muito antiga, continua sendo um grande problema de saúde. O número de pessoas infectadas aumenta todos os anos, apesar de existirem medidas de prevenção eficazes como preservativos, e opções de tratamento eficazes e relativamente baratas. As mulheres grávidas infectadas pela sífilis podem transmitir a infecção ao feto, causando sífilis congênita, com consequências graves para a gravidez em 80% dos casos.
O Brasil ainda não está conseguindo conter o avanço da sífilis congênita, principalmente, devido a falhas no pré-natal na redebásica de saúde. Anualmente no Brasil são registrados7.200 casos de sífilis em gestantes e 5.400 casos de bebês com sífilis congênita. Em Sergipe, somente em 2.012, foram notificados 340 casos de Gestantes com sífilis e 377 casos de crianças com sífilis. Em 2013, já há o registro de 43 novos casos de crianças infectadas no nosso estado.
Esclarecendo Sobre a Sífilis
A Sífilis é uma doença causada por bactéria que, inicialmente, pode provocarferidas (cancro duro) não dolorosas nos órgãos sexuais (pênis,vagina,ânus). Na maioria dasvezes, tais feridas passam desapercebidas. A Sífilis, quando não tratada, pode comprometer múltiplos órgãos como pele, olhos, ossos, sistema cardiovascular esistema nervoso.É importante lembrar que nem sempre a pessoa com sífilisapresenta sinais e sintomas da doença. A sífilis é uma doença transmitida principalmente através de relações sexuais sem o uso da camisinha masculina ou feminina. Quando a gestante tem sífilis e não trata, juntamente com o seu parceiro, pode infectar o seu bebê ainda na barriga causando a Sífilis Congênita. O uso da camisinha masculina ou feminina é uma importante proteção contra a sífilis. A gestante e seu parceiro devem fazer o exame de sífilisno pré-natal.
A Sífilis Na Criança
A sífilis congênita é a infecção do feto peloTreponema pallidum, em razão da passagem dessa bactéria pela placenta. É, portanto, a transmissão da bactéria damãe para o filho. Tal infecção pode provocar aborto ou a morte do bebê, quando este nasce gravemente enfermo. Quando não há óbito da criança ou quando o diagnóstico não é feito, sequelas como: cegueira, surdez, retardo mental e deformidades físicas, podem ser observadas.
A Sífilis na Gestante
Quando a sífilis é diagnosticada em uma gestante, o tratamento deve ser iniciado de imediato e o parceiro sexual também deve ser tratado, principalmente para evitar uma possível reinfecção da gestante. Também para evitar a reinfecção da gestante, é importante o uso da camisinha masculina ou feminina, nas relações sexuais durante a gravidez.O tratamento da gestante e do parceiro é realizado eficazmente e simplesmente com a penicilina benzatina, que pode e deve ser administrada na unidade básica de saúde.
Eliminação da Sífilis Congênita
A eliminação da sífilis congênita requer insumos de baixo custo que precisam ser garantidos, assim como a qualificação dos recursos humanos envolvidos na assistência pré-natal, momento crítico para a prevenção da sífilis congênita.A sífilis não tratada durante a gestação resulta em uma considerável proporção de mortes fetais e neonatais precoces, agravando o quadro epidemiológico da sífilis congênita.
O primeiro grande desafio é fazer com que todos os casos diagnosticados de sífilis na gestante e parceiro sejam tratados imediatamente. Apesar do fácil acesso à penicilina benzatina, muitos médicos ainda têm medo de prescrevê-la, alegando risco de choque anafilático. Enquantonão houver mudança de atitude dos médicos com relação à prescrição da penicilina, será impossível evitar o nascimento de crianças com sífilis.
O segundo desafio é chegar, através das equipes de saúde da família, a todas as gestantes daquelacomunidade , verificando a situação do pré-natal de cada uma, principalmente, para evitar que o diagnóstico da gravidez e o início do pré-natal não sejam tardios. Um grande obstáculo, principalmente no interior, é a presença de equipes de saúde da família incompletas ou de baixa cobertura, deixando a população de determinadas áreas desassistida. Umas equipes faltam enfermeiros e outras faltam médicos.
O terceiro desafio é fazer com quehomem participe também do pré-natal. Culturalmente os homens procuram menos os serviços de saúde. No interior do Brasil, existem homens machistas que chegam até a proibir que a sua parceira gestante váfazer o pré-natal, para que não “mostre o corpo” para os médicos.