90 Anos de um Grande Gesto (II)

O projeto monumental do Baptistão mostra a área alagada junto da qual foi construída o estádio
O nome de Adolfo Rollemberg está, definitivamente, ligado ao futebol sergipano, pois foi o seu grande gesto de disponibilizar, para o Clube Esportivo Sergipe e o Cotinguiba Esporte Clube, o terreno onde foi construído o Campo que levou o seu nome. Era um Campo modesto, protegido por cerca comum, com arquibancada de tábuas de madeira, cobertura de zinco, algumas vigas e um gramado que não resistia as chuvas, mas, com toda a precariedade, era o único para o futebol em Aracaju.

O benfeitor morreu antes de ver sua obra sequer iniciada. Seu nome, contudo, sobreviveu como marca de uma praça de esportes, presente na memória dos últimos 90 anos. Neste ano em que o Clube Esportivo Sergipe e o seu rival Cotinguiba Esporte Clube completam 100 anos, o Campo do Adolfo está, também, no centro das celebrações, ao lado dos dois clubes, que foram criados para o esporte do Remo, tiveram suas Garagens, onde mais tarde fizeram suas sedes sociais, e disputaram regatas memoráveis, no estuário do rio Sergipe, mas que consagraram e glorificaram suas existências com o Futebol, ao lado da Liga Desportiva Sergipana, mediadora dos interesses desportivos sergipanos, precursora da Liga Sergipana de Esportes Atléticos, fundada em 10 de novembro de 1926, com o propósito de valorizar o amadorismo esportivo.

Na sua fundação, tendo Newton Porto como presidente da Assembléia Geral, assinaram a ata de constituição da Liga Virgílio de Almeida e Waldemar Monteiro, pelo Clube Esportivo Sergipe, Francisco Junqueira e Antonio Nascimento, pelo Paulistano Futebol Clube, Pelino Tavares da Mota e Luiz Nogueira de Carvalho, pelo Clube Náutico Brasil, João Barbosa e Iolando Macedo, pelo Vasco da Gama Esporte Clube,  Pedro Lisboa Ramalho, pelo ETÉA Futebol Clube, José Alves Nascimento e Natanael Alves Cunha, pelo Esporte Clube Siqueira Campos, Wasghinton Campos e Pedro Rodrigues, pelo Guarany Futebol Clube, Antonio Moura, pelo Cotinguiba Esporte Clube, Marcos Pimentel e Jessé Silva, pelo Vitória Futebol Clube, Pedro Freire e José Santos Graça, pelo 13 de Julho Futebol Clube e João de Luca, pelo Palestra Futebol Clube.

Nota-se no curso da organização do desporto em Sergipe o papel desempenhado pela Capitania dos Portos, desde a capacidade aglutinadora do Almirante Amintas José Jorge, uma figura destacada da vida cultural e social sergipana, a quem se deve, no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, na Loja Maçônica Capitular Cotinguiba, na Liga Sergipana de Combate ao Analfabetismo, no Asilo Rio Branco, muitos dos avanços e conquistas que elevaram, no tempo, a sensibilidade e a solidariedade social. Os desportos, desde os primeiros passos, muito devem a Capitania dos Portos e a figura do Almirante Amintas José Jorge.

Além do Campo do Adolfo Rollemberg, no retângulo das ruas Campos, Vila Cristina, Duque de Caxias e Monsenhor Silveira, o futebol contava com pequenos clubes de várzeas, nos bairros Siqueira Campos e Industrial (antigo bairro Siqueira Meneses), onde clubes afamaram suas histórias, como foi o caso do Industrial, mantido pela fábrica Sergipe Industrial, e, mais tarde, do Confiança, fundado por Sabino Ribeiro, em 1930, que ganhou projeção e estádio, com Joaquim Sabino Ribeiro Chaves. O passar do tempo e principalmente a profissionalização do futebol, que se deve a visão lúcida e atualizada de Robério Garcia, tornaram difícil a sobrevivência dos clubes menores e sem praças próprias para a prática do esporte. Neste sentido foram muito importantes os esforços de Joaquim Ribeiro construindo o Estádio Sabino Ribeiro, no Bairro Industrial, e João Hora de Oliveira, benemérito do Estádio João Hora, construído na margem da ferrovia, depois avenida Rio de Janeiro, atual avenida Augusto Franco.

O Poder Público foi cobrado, muitas vezes, para construir um Estádio de Futebol apropriado e com todas as condições para a prática do esporte bretão. Em 1948, o Sergipe- Jornal  mostra a precariedade do Campo Adolfo Rollemberg, e pede providências ao Governo do Estado para que construa, no local da antiga Cavalaria, na rua Campo do Brito, nas proximidades do Horto Florestal (onde hoje está sediada a DESO) onde existia uma arquibancada feita para a VIII Exposição Agro-Pecuária, o Estádio Estadual. O Governador José Rollemberg Leite (1947-1951) foi sensível e contando com a colaboração decisiva de Djenal Tavares Queiroz, que utilizou a força dos braços dos presidiários, dotou a capital sergipana de um Estádio Estadual, campo oficial dos jogos de futebol. No Governo Luiz Garcia (1959-1962) o Estádio foi reconstruído e ampliado em suas dependências, até que na década seguinte, no Governo Lourival Baptista, fosse novamente reconstruído e ampliado.

Há exatos 40 anos Aracaju ganhava o Estádio Lourival Baptista, conhecido popularmente como “Baptistão”. (continua)

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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