Há alguns anos, li um artigo bastante interessante – em uma dessas publicações especializadas em jornalismo científico – que fazia uma análise do livro: Naissance de la biopolitique, ou Nascimento da Biopolítica, de Michel Foucault, filósofo e professor da cátedra de História dos Sistemas de Pensamento, que retraça a história da arte de governar.
Nessa publicação, Foucault trata do governo dos homens somente na medida em que ele se dá como exercício de soberania política. E aponta a racionalização que o governo faz de si e, ainda, o estabelecimento do domínio de sua prática – objetos, regras gerais, objetivos que concorrem para que se governe da melhor maneira.
Lançado na França em 2004, o livro reúne as aulas que Foucault ministrou, em 1979, no Collège de France, na cátedra de “Sistemas do Pensamento”, e que são de grande interesse para a compreensão da realidade atual.
Como em tudo na vida, há quem concorde e há, também, quem discorde das idéias pós-modernas do autor. Mas este não será o cerne deste humilde artigo.
Quero apenas – e tão somente – chamar a atenção para o fato de o governador Marcelo Déda – aluno aplicado que sempre fora na Faculdade de Direito – estar buscando, na prática, e pela primeira vez na sua ainda curta carreira de administrador público, alcançar tais objetivos.
Ou seja, Marcelo Déda está fazendo agora o que não conseguiu fazer, enquanto prefeito de Aracaju, por conta de sua inexperiência como executivo. E, fazendo justiça, nessa nova fase, ele tem se saído muito bem ao traçar objetivos claros que possam ajudá-lo a governar da melhor maneira, dentro, inclusive, da ótica estabelecida pelas idéias de Foucault. Marcelo Déda Chagas está se especializando, dia após dia, na “arte de governar” para desespero de seus adversários políticos.
Senão vejamos: Déda conta hoje com maioria absoluta na Assembléia Legislativa, estabelecendo uma relação de forças positiva e indispensável para qualquer que seja o governante; nos primeiros 12 meses de seu governo priorizou o Planejamento do Estado; conseguiu gerar um superávit financeiro capaz de viabilizar obras e projetos estruturantes e, a meu ver, o mais importante: tem conseguido sensibilizar o compadre Lula a ajudá-lo nesse processo de mudanças ora em andamento em Sergipe.
Sim, isso mesmo. Não pense que é fácil – mesmo sendo compadre e aliado – arrancar recursos federais com tamanha agilidade e em tão curto espaço de tempo. Por mais que se diga o contrário, aliados são sempre deixados para depois. Afinal, já são aliados não é mesmo?
O grande problema de Marcelo Déda, no entanto, tem sido a capacidade operacional do time. Por conta da ineficiência e/ou vaidade excessiva de alguns, o governo tem sido alvo de críticas que poderiam ser facilmente evitadas, caso certos auxiliares rezassem na mesma cartilha ou, pelo menos, lessem os mesmos filósofos que o governador está acostumado a ler.