Nós, brasilianos, nos ressentimos, pesarosos, pela falta de compromisso dos gestores para com o dinheiro do povo.
Ficamos perplexos diante da sucessão de “pouco caso”, – para não dizer coisa pior – com que é tratada a coisa pública.
Assistimos, amargurados aos noticiários, dando conta do mais novo “ardil”, sim, porque todo dia, infelizmente, tem uma “falcatrua” novinha em folha.
O pior, e ainda mais triste, é constatar que quando descobertas, já são antigas, vêm sendo praticadas há muito tempo, drenando o já minguado recurso que deveria ser distribuído em forma de benefícios sociais como saúde, educação, infra-estrutura e segurança; para os bolsos e contas daqueles que deveriam zelar por este direito. Para isto que foram eleitos.
A mais nova é este sistema de apropriação indébita, daqueles que se acham no direito de usar as verbas de passagens aéreas para levar cônjuges, namoradas, parentes e aderentes, para onde bem quiserem, inclusive para o exterior, conforme noticiado, por conta e ônus do erário.
Estamos num fim de semana. Qual será a ocorrência de segunda-feira? Quando quase todo mundo já esqueceu a desta semana.
E, mais assustador ainda, é que, alguns useiros, seguros da impunidade e do poder que detêm, ainda afirmam que não vão interromper tal prática, por acharem-na inofensiva e “normal”.
Não é normal não, senhores. Vossas Excelências foram colocados nos postos, em que estão onde, por sinal, são muito bem remunerados, para cuidar do patrimônio destes que, cá embaixo, esperam suas gestões.
O dinheiro a mais que Vossas Excelências usam indevidamente é subtraído, – para não usar outro verbo, – da escolhinha onde uma professora ganhando miséria, ou nada, dá aula sentada no chão, por falta de carteiras e mesas; dos que morrem nas filas das urgências ineficientes dos hospitais, onde faltam médicos e equipamentos; das estradas intransitáveis do nosso país; da segurança pública que infelizmente inexiste, onde o bandido, armado, livre e solto, ataca o cidadão que paga os seus impostos, desarmado e prisioneiro dentro de suas casas-celas ou celas-casas.
Este dinheiro, senhores, não é de sua propriedade não. Ele deve ser encaminhado para atender aos seus fins legítimos. Este tipo de “patrimonialismo” tem que acabar. Coloquem a consciência para funcionar. Vocês já são muito bem remunerados, repito. Por favor, se esforcem para que voltemos a ter fé nos senhores, para que possamos acreditar naqueles que, com tanto carinho, os sufragamos no dia da eleição. A nossa nação precisa acreditar.
A autoestima dos cidadãos, seus eleitores e patrícios, está lá embaixo. Estudo feito pelo Latinobarómetro, uma ONG chilena com sede em Santiago constatou que somente 4% dos brasileiros dizem acreditar em seus compatriotas, contra 36% dos uruguaios, 25% dos panamenhos e 21% dos bolivianos.
Sabemos que o que gera e cultiva o sentimento de patriotismo não é o simples fato de nascer num determinado país, mas, e, sobretudo, a fé e a confiança.
Como pode o brasiliano comum acreditar, ter fé, ter autoestima, se é bombardeado, a todo o momento por notícias de esbulhos, escândalos e malversação dos recursos públicos?
Vossas Excelências podem fazer alguma coisa?
Cá estamos, no aguardo e, até com uma ponta de esperança, aguardando as suas respostas. Depende de vocês.