O assunto do Brasil, desde ontem e continua nos jornais ainda hoje, é o senador José Almeida Lima (PDT). O que aconteceu na tribuna do Senado, terça-feira, não foi bom. Nem para Almeida e muito menos para Sergipe, que sempre teve uma bancada influente no Senado. Talvez isso sirva de lição ou, pelo menos, para que se faça uma alto crítica de que, para conquistar espaço na mídia, junto a tantas feras da política nacional, é preciso pisar com cuidado em um terreno geralmente minado e pronto para degolar quem pretende colocar a cabeça na hora errada. De tantos ataques, é verdade, Almeida Lima não teve nem como se defender. Realmente praticara um ato que mexeu com a política e com a economia do país. Além disso, irritou a jornalistas de todo o Brasil, ao anunciar uma bomba de alto teor explosivo e não passou de um traque de massa, sem qualquer influência no processo para instauração da CPI do jogo do bicho. Claro que os adversários de Almeida Lima estão comemorando, mas Sergipe lamenta esse episódio, porque nunca passou por vexame igual. Na realidade o que mais faltou a Almeida Lima foi uma assessoria política eficiente. É possível que ao apanhar documentos que não levavam a coisa alguma, o próprio Almeida se fechou em copas e não mostrou o seu conteúdo a ninguém. Se fosse mais humilde, teria consultado alguém e certamente ouviria que aquelas denuncias poderiam lhe custar o massacre que sofreu de colegas, da imprensa e do eleitorado sergipano. Ontem o discurso de Almeida serviu de comentários jocosos até por parte de seus eleitores. Não foi nada bom para o senador. Mas é possível que isso fique, por muito tempo, como lição. Almeida Lima tem que ouvir mais. Ser mais humilde, mais simples e não confiar tanto na argúcia política, ainda não demonstrada na tribuna do Congresso. Evidente que o País deseja uma CPI para apurar o caso do jogo do bicho, para saber se há ou não envolvimento do Planalto. Mas jamais com denuncias frágeis, sem provas, com pouca argumentação e que terminam prejudicando a imagem do próprio Senador. Com primeiro mandato, ainda tendo sete anos pela frente, Almeida pode chegar aos holofotes da fama por razões bem mais atraentes do que o descrédito e o ridículo. Evidente que a oposição, principalmente em Sergipe, está eufórica e torce para que essa imagem se perpetue. Quem conhece Almeida Lima sabe que ele é uma pessoa inteligente, mas procurou entrar num processo de discussão sem a humildade natural de quem está começando o mandato. Pretendia logo chegar à mídia como o astro que derrubou o homem mais potente do Governo, que é, sem dúvida, o chefe da Casa Civil, José Dirceu. Isso o fez perdeu o senso da analise do que seja grave ou daquilo que sirva apenas de um argumento à mais para se solicitar um CPI. Foi nessa avaliação que ele se fez infeliz. Antes de fazer o pronunciamento, o senador José Almeida Lima chegou a dizer, em tom de muita seriedade, que depois da sua denuncia ele poderia garantir que José Dirceu seria chamado de ex-ministro. Esse excesso de confiança no nada, sem documentação consistente, sem um fato novo robusto e concreto, o que seria denuncia passou a ser o fracasso de um político capaz, que entra para fama pelo lado inverso do racional, do sério e do heróico. Almeida tem que procurar a humildade e passar a consultar colegas e amigos, mas não pode ouvir apenas aqueles que concordam com ele. Tem que discutir com a assessoria de forma técnica, sincera e dura, porque o bom assessor não pode ser aquele que apenas concorda, mas, principalmente, que condena, muda, sugere e encontra o caminho natural do comportamento mais adequado. Almeida não ouviu a sua assessoria para fazer o pronunciamento, até porque acha que tinha em mãos documentos preciosos, que não poderia vazar. E daí aconteceu o desastre que pôs a nu o centralismo, a vaidade e o inconsciente de que só ele sabe de tudo… ESPAÇO O senador Almeida Lima (PDT) declarou, ontem, que se tiver espaço regimental voltará a falar no mesmo assunto, insistindo nas mesmas provas documentais. Disse que não foi publicado em nenhum jornal que José Dirceu promoveu a operação abafa na Polícia Federal, em julho de 2003, para beneficiar Waldomiro. MESMO NÍVEL Almeida Lima reconheceu que a repercussão do seu pronunciamento junto à imprensa de todo o país foi a pior possível. Entretanto, Almeida Lima insiste que os documentos apresentados por ele na tribuna do Senado, tem o peso que anunciou. E afirmou: “farei tudo novamente”. IMPRENSA O senador José Almeida Lima disse, ainda, que não considera a imprensa desinteligente e nem comprometida. “Agora que ela estava devidamente acionada para dar repercussão negativa, não tenho dúvida”. Almeida negou que convocou a imprensa para ver seu pronunciamento. GILMAR O deputado estadual Gilmar Carvalho (PV) recebeu um apelo da direção nacional do seu partido, para não desistir da candidatura à Prefeitura de Aracaju. “Vamos para a campanha!” Conclamou. A direção Nacional do Partido Verde se comprometeu em ajudar no financiamento da campanha. COMISSÃO Gilmar Carvalho está na Comissão de Ética da Assembléia Legislativa, por aprovação de requerimento do deputado João da Graça. Ele vai responder a quem se referiu quando disse que uma corja de mais de 15 políticos foi pedir sua cabeça ao governador João Alves Filho, da radio Jornal. CASSAÇÃO Um dos deputados que integra a Comissão de Ética já defende a cassação de Gilmar Carvalho. Na sua opinião, esse é o desejo de todos os parlamentares. Um outro deputado fortalece a tese de que “se não for para cassar, seria melhor não levar Gilmar Carvalho à Comissão de Ética”. DEMISSÃO Já está assinada e guardada em uma das gavetas do birou do governador João Alves Filho (PFL), a exoneração do secretário da Cultura, José Carlos Teixeira. Deveria ter sido anunciada no início da semana, mas a catástrofe provocada pelas chuvas na região centro sul do Estado, cancelou a demissão. VALADARES O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) quer explicações sobre os critérios de liberação de verbas para as vítimas das enchentes do Nordeste. Valadares diz que o ministro Ciro Gomes não pode fazer nada porque tem suas verbas contingenciadas. O ministro da Fazenda, Antônio Palloci, tem que explicar esse fato. AUDIÊNCIA O governador João Alves Filho convidou toda a bancada federal para a audiência que terá hoje, em Brasília, com o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. O deputado federal José Carlos Machado viria a Bahia e Sergipe com a Comissão Externa da Câmara, mas preferiu permanecer em Brasília e acompanhar o governador. HELENO O deputado federal Heleno Silva (PL) já confirmou presença na audiência do governador João Alves Filho com o ministro Ciro Gomes. O parlamentar considerou que se trata de um compromisso com Sergipe e é importante a presença dos deputados neste momento em que o Estado precisa de socorro urgente. RECADO O ministro Ciro Gomes queixou-se ao senador Valadares de que o governador João Alves Filho deixara um recado ríspido com o seu secretário geral.Segundo Ciro, João teria dito que queria ver o Governo Federal não resolver os problemas de Simão Dias, porque era a terra do senador Valadares e do prefeito Marcelo Deda. PRESSÃO O governador João Alves Filho determinou que o pagamento dos Cargos em Comissão fosse feito dia 10, para pressionar os seus auxiliares. O problema é que a maioria dos secretários não cumpriu a determinação de reduzir em 30% a folha destinada aos CCS em cada Pasta. COMISSÃO A vice-governadora Marília Mandarino vai receber, hoje, a comissão externa da Câmara Federal, que se reúne com prefeitos de regiões atingidas pelas chuvas. O deputado federal João Fontes (sem partido) integra a comissão e revela que a intenção dos parlamentares é exigir uma ação imediata do Governo Federal. Notas PECADO O deputado federal João Fontes disse, ontem, que o pecado do senador Almeida Lima foi criar uma expectativa muito grande em torno do relatório, passando a impressão que denunciaria alguma sociedade entre José Dirceu e Waldomiro. Para João Fontes, o que Almeida revelou é muito grave. João Fontes reconhece que se destacar com um discurso em Brasília é muito difícil e acredita que o Governo montou toda uma estratégia para descaracterizar o discurso de Almeida e reduzir a força para uma CPI. JACKSON O deputado federal Jackson Barreto (PTB), adversário ferrenho do senador Almeida Lima, de quem é primo, disse que o discurso desmoralizou “a gente”. Fez questão de relatar a sua indignação com a chacota com que vem sendo tratado em Brasília, todos os parlamentares da bancada sergipana. Jackson Barreto avaliou que, em toda a história de Sergipe, nenhum senador levou o Estado a esse tipo de situação. O discurso do senador sergipano continua sendo o comentário principal nas rodas políticas do país. MAGALHÃES O senador José Almeida Lima explicou que não respondeu aos ataques de terça-feira, porque não tinha mais direito, de acordo com o regimento interno da Casa, mas revelou que está esperando a oportunidade para responder principalmente a Antônio Carlos Magalhães, que o chamou de leviano. João Fontes concorda com Almeida Lima e lembra que ACM não tem condições de exigir dignidade de ninguém, desde quando se sabe do envolvimento dele no caso do painel eletrônico e nos grampos telefônicos. É fogo Jackson Barreto ao ser recebido, ontem, pelo ministro Ciro Gomes ouviu: “que discursos fez o seu primo”. Respondeu rápido: “pelo amor de Deus não me lembre isso”. A recuperação das estradas vicinais, no alto sertão, é hoje a maior cobrança das famílias nos povoados do alto sertão. O senador Arthur Virgílio (PSDB) amenizou a situação do seu colega Almeida Lima ao lembrar que a CPI é para apurar o escândalo de Waldomiro e não o discurso do senador. O deputado José Carlos Machado pediu que constasse dos anais da Câmara o pronunciamento do governador João Alves Filho feito anteontem. A vinda da Comissão Externa dos deputados a Sergipe é emblemática, porque em poucas horas não dá para se resolver coisa nenhuma. A vantagem é que parlamentares dos Estados do Nordeste vão ouvir dos prefeitos de que o Governo Federal não ajudou em nada. Com a situação dramática de cidades sergipanas, a discussão sobre sucessão municipal está sendo esquecida. A deputada federal Ana Lúcia vai continuar sua luta para que a TV da Assembléia seja posta em funcionamento o mais rápido possível. Os formandos de vários cursos da Unit estão em apuros porque um cidadão contratado por eles para a festa, fugiu com todo o dinheiro. A informação é que ele foi para Portugal. O deputado estadual Gilmar Carvalho (PV) está preparando uma grande manifestação para a senadora Heloisa Helena (sem partido). A senadora Heloisa Helena virá a Aracaju dia 15 próximo, para receber titulo de cidadã sergipana. Será feita uma manifestação publica. Almeida Lima lembrou que o pronunciamento do senador Renan Calheiros foi o mesmo que fez para defender o presidente Collor. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br