A Câmara de Vereadores e sua história

 

                                                            Luiz Antônio Barreto

Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento e Jorge Carvalho do Nascimento, professores e doutores, assinam a autoria do livro Fontes para a história do poder legislativo da cidade de Aracaju, tratando da primeira década de funcionamento da Câmara de Vereadores (1855-1865). O livro, de correta apresentação gráfica e excelente conteúdo, foi editado pela Câmara Municipal, com projeto gráfico de Adilma Menezes, o que é garantia de boa qualidade editorial, traz a Editora Criação como selo para a circulação. Lançado quarta-feira, dia 30 de março, festejando os 155 anos de instalação da Câmara Municipal de Aracaju, o livro deve agora correr mundo, cumprindo seu papel no imenso campo do conhecimento.

As publicações oficiais são, em certa medida, vistas com reserva, pela praga da descontinuidade administrativa, que depõe contra o País e o Estado. A própria Câmara Municipal de Aracaju tem um exemplo: ela editou, em 2005, uma revista – Anais Municipais – anunciada como publicação trimestral, e ficou no primeiro número, menos por ação do então Presidente Zeca da Silva, mas pela burocracia interna, que não enxergou importância naquele periódico de número único. A publicação de agora exige continuidade, para tornar público e fonte de pesquisas, as Atas e outros documentos que foram produzidos pela Câmara e estão sob a sua guarda.


Não fosse a Universidade Federal de Sergipe, da década de 1970 para cá, levantando as fontes primárias da história, não fosse o trabalho de alguns professores verdadeiramente interessados na pesquisa e na elucidação dos fatos, não fosse, ainda, o jornalismo cultural que sobrevive nas folhas diárias dos jornais, e pouca coisa restaria para manter o acervo da história ao alcance dos sergipanos. Pouca coisa, produzida por autores, em grande parte, do passado, a quem Sergipe deve render, sempre, todas as homenagens. Felisbelo Freire, Clodomir Silva, Manoel dos Passos de Oliveira Teles, Carvalho Lima Júnior, Sebrão, sobrinho, Epifânio Dória, dentre outros, são salvaguarda da história, com seus textos indispensáveis, ao lado de outros tantos, formando um guia de fontes imprescindível às novas gerações.


José Calasans, José Silvério Leite Fontes, Maria Thetis Nunes, Maria da Glória Santana, Ibarê Dantas, Terezinha Oliva, Francisco José Alves, e outros professores e autores avulsos, como Vladimir Souza Carvalho, aos quais são acrescentados, dentre outros, os nomes de Jorge Carvalho e Ester Vilas-Bôas, Ana Maria Bueno de Freitas, que respondem pela atualização da pesquisa e pela interpretação dos materiais pesquisados, abriram caminho para uma novíssima geração de estudiosos, que vão além dos estudos curriculares. Há um amplo registro em Dissertações e Teses que testemunham o fazer dos novos historiadores.


A publicação das Fontes para a história do poder legislativo da cidade de Aracaju está fadado a marcar, com vigor, a atuação do Presidente Emanuel Nascimento, em nome dos seus pares da Mesa Diretora e dos demais vereadores aracajuanos. O livro sugere uma série, e cada um deles induz a uma análise, em forma de estudos abertos, em seminários ou centros, de forma a fazer circular as novas informações, com as quais o pensamento crítico e a historiografia ampliam os horizontes interpretativos. Os autores do livro publicado pela Câmara têm, já, um conjunto de obras de referência que asseguram a qualidade do novo trabalho, que em si é um documentário essencial e esclarecedor, trabalhado com o método e com a clareza próprios ao tipo de investigação. Uma Introdução – Estudando a história do poder legislativo da cidade de Aracaju – e um texto sobre a cidade de Aracaju e sua Câmara de Vereadores, dão acesso ao documentário das Atas, que é o repositório maior das informações construídas no curso de dez anos, pela ação dos edis aracajuanos.


A organização do Arquivo, a publicação do livro, são fatos auspiciosos que colocam a Câmara Municipal de Aracaju numa posição avantajada, como um exemplo da maior valia, no contexto de tantas omissões e descasos com a documentação sergipana. O Presidente Emanuel Nascimento merece aplausos, juntamente com o grupo de vereadores que apoiaram a sua iniciativa, dando oportunidade a que os professores Ester Vilas-Bôas e Jorge Carvalho pudessem ordenar os documentos, traze-los à publico e torna-los fontes para a história, não apenas da Câmara, mas da cidade e capital de Sergipe.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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