O médico Henrique Batista, membro da Academia Sergipana de Medicina, lançou no último dia 14 de maio, o livro “História da Medicina em Sergipe”. Trata-se de uma obra singular, que situa a medicina de Sergipe num período efervescente, segundo ele iniciado com a inauguração do Hospital de Cirurgia em 1926 e concluído com a fundação da Faculdade de Medicina de Sergipe em 1961. Sem dúvida, dois momentos mágicos. O primeiro, implanta no estado uma medicina científica, cuidadosa, técnica, amparada nos conceitos mais modernos da prática hipocrática, trazida a Sergipe pelas mãos do cirurgião Augusto Leite, após concluir sua formação Capa do livro de Henrique Batista
Se o Hospital de Cirurgia é a “Casa de Augusto”, a Faculdade de Medicina é a “Casa de Garcia”. Os paulistas agiram muito bem ao reconhecer o mérito do médico e professor Arnaldo Vieira de Carvalho. Cirurgião dos mais renomados de sua época, ele foi incumbido pelo então presidente do Estado, Rodrigues Alves, de implantar o ensino médico no Estado de São Paulo. Criada pela Lei 1.357, em dezembro de
Curiosamente, foi Antonio Garcia quem propôs à Mesa Diretora do Hospital de Cirurgia a denominação de “Hospital de Clínicas Dr.Augusto Leite” para o nosocômio, como forma de apaziguar os ânimos de grupos que resistiam à incorporação da unidade à Fundação do Ensino Médico de Sergipe. Criada pela Decreto 681, de 19 de junho de 1962, assinado pelo governador Luiz Garcia, a entidade era fruto da fusão do Hospital de Cirurgia com a Sociedade Civil Faculdade de Medicina de Sergipe e que além das duas instituições já citadas, contava ainda com a Casa Maternal “Amélia Leite”, a Escola de Auxiliares de Enfermagem, o Centro de Estudos, o Centro de Puericultura e o Instituto de Pesquisa e Medicina Experimental. A proposta dele foi aceita, a fundação porém teve vida efêmera, mas mesmo assim o Hospital foi peça fundamental para o desenvolvimento do ensino médico em Sergipe durante anos, até a instalação do Hospital Universitário no Campus da Saúde com a incorporação do Hospital Sanatório à UFS. Se as vaidades fossem menores, os espíritos mais desarmados e o reconhecimento prevalecesse, a Faculdade de Medicina de Sergipe seria inegavelmente a “Casa de Garcia”.
Quem lê o livro de Henrique, como Samarone o fez, percebe claramente esta verdade, que alguns ainda ainda resistem em aceitar. Ao descrever esse período marcante da medicina sergipana, o autor traz uma enorme contribuição para o resgate da história, ao incluir nomes e instituições quem foram importantes para o desenvolvimento das ciências médicas em nosso Estado. Com ampla pesquisa de campo, o livro “História da Medicina em Sergipe” chega para se somar a outras obras de grande valor, como “As Febres do Aracaju: dos Miasmas aos Micróbios”, do professor e acadêmico Antonio Samarone. Nada mais oportuno este lançamento, quando a Sociedade Médica de Sergipe comemora seu 70º aniversário, entidade fundada em 1937, portanto dentro do período de ouro da nossa Medicina.