O Ministério Público, a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, o Procon e as Ongs, ligadas aos direitos humanos, deveriam se reunir com o atual Presidente da Energisa e discutir soluções de amparo àqueles que têm a sua energia cortada.
A forma, a gestão, a logística, mesmo amparada por Lei , diagnostica um poder à Energisa de suprimento de um bem necessário e indispensável. As multas, a renegociação, os 40% cobrados, tudo isso, confere um olhar desumano, impiedoso e discutível em relação a uma Companhia, a Cataguazes Leopoldina que ao olhar do mundo, numa linguagem global, as pessoas teriam um direito a mais: mas não têm. Ou pagam as taxas, o percentual e o restante da negociação anterior: ou ficam no escuro.
Não significa com isso que se deva deixar de pagar pelo consumo, mas é necessário um tempo dado ao cliente, já que com menos de 1 mês de atraso a Energisa passa o alicate. O Ex-Presidente da Energisa, Eduardo Alves Mantovani, um executivo extraordinário, quando começou a gerir a Empresa , foi removido para outro Estado, do mesmo grupo Cataguazes Leopoldina. Ou seja: não há nenhuma ligação da Empresa com Sergipe, mesmo quando seus diretores ou presidentes criam laços. Semelhante ao tratamento dado aos clientes.
É como se uma criança, depois de acostumada numa cidade com amigos e colégio, tivesse que abandonar tudo e ir atrás da família. É uma linguagem empresarial de fato global – não deixa os executivos por muito tempo para que não haja afeto com a cidade, as pessoas, os funcionários da empresa. O executivo tornou-se uma máquina no século atual: sem alma, a serviço apenas do lucro.
“Não sois máquinas. Homens é que sois” disse Chaplin um dia. Uso um ensaio de Henry Mintzberg, professor de Adminsitração, em Montreal, para ilustrar bem esta ausência significativa de um executivo com vida própria. Segue o mestre “ A imagem romântica do executivo, comparado ao maestro que conduz harmoniosamente as várias unidades de sua organização,dificilmente corresponde à realidade.
Se você perguntar a um executivo qual a sua função, ele provavelmente responderá: planejar, organizar, coordenar e controlar. Observe, então, o que ele faz. E não se surpreenda se não conseguir relacionar seu trabalho com essa quatro palavras.Quando telefonam para avisar que uma das fábricas acaba de pegar fogo, ele sugere que se adotem soluções de emergência, para garantir, por exemplo, o fornecimento aos clientes através de uma subsidiária estrangeira, ele está planejando, organizando, coordenando ou controlando? O que dizer, então,quando o executivo presenteia um funcionário que se aposenta com um relógio de ouro? Ou quando comparece a uma reunião a fim de encontrar pessoas e tratar de negócios? Ou, ainda, quando saindo da reunião, comenta com um de seus assessores a interessante ideia de um produto que lhe ocorreu ali?A verdade é que essas quatro palavras que vêm dominando o vocabulário da administração desde que o industrial francês Henry Fayol introduziu-as, pela primeira vez, em 1916, dizem muito pouco sobre o que os executivos realmente fazem.
Na melhor das hipóteses, indicam alguns objetivos vagos adotados pelos executivos em sua rotina.A administração, que tanto se preocupa com o progresso e as mudanças, há mais de meio século não enfrenta seriamente a pergunta fundamental: o que fazem os executivos? Sem uma resposta adequada, como podemos ensinar administração? Como podemos elaborar sistemas de planejamento e informação para executivos?Como podemos, enfim, melhorar a prática da administração?Nossa ignorância sobre a natureza do trabalho administrativo apresenta-se sob várias formas na organização.” E de entendimento – diria.
A empresa diz que por problemas técnicos a Árvore de Natal da Energisa não foi instalada. Por problemas técnicos? Ou por medo dos seus funcionários morrerem como aconteceu no passado e por falta de amor à Sergipe, já que teriam diversos locais para a instalação da mesma? Esta espinha de bagre não saiu da garganta dos sergipanos. Aliás, no mundo subdesenvolvido, onde a população, a sua maioria padece, a Energisa mostra a que veio. Mesmo já tendo recuperado o capital aplicado com a privatização, ela não tem um projeto social de longo alcance – os seus projetos são todos do Governo Federal, porque obrigatórios, e visa o lucro, independente das razões daqueles que têm a sua luz cortada, com cartas comunicando a decisiva entrada no SPC.
Cabe aos órgãos constituídos argüir a empresa sobre o projeto Luz no Campo, o projeto de doação de geladeira e níveis sociais baixíssimos – qual de fato o percentual alcançado ou ficou apenas na farsa de visitas, como a do meu pai, e nunca foi mais lá cumprir o prometido. O atual Presidente da Energisa, Gioreli Sousa Filho, por que não programa um café da manhã com a imprensa, para que possamos dirimir muitas dúvidas que pairam sobre uma Companhia que tem como slogan:” Luz. Realização. Imaginação”.
Mas esqueceu que sem o homem, “o ser e o nada” que Jean Paul Sartre tanto falou , ela, a Energisa não existiria. Falta colocar no slogam: Humanização. Mesmo abrindo um parêntese para negociação de dívida e religação de energia, mesmo assim, com toda Madre Tereza de Calcutá incorporada possível , o faturamento da Energisa continuaria sendo exorbitante. E quanto é aplicado, de fato, em Sergipe? Além da manutenção de suas redes, e do aumento de seu patrimônio? A privatização traz avanços tecnológicos, sem dúvida. Mas é a população quem sempre paga o preço. O que vemos é uma sombra pairando sobre a população que vive a níveis abaixo da pobreza, e mesmo a classe média-baixa flutuante.
Não há, por parte da Energisa, inclusão de nada, nem ninguém. Nem mesmo o seu espaço cultural há um ano produz nada, a não ser exposições circulantes e de graça, sem custo para a empresa. O painel de Jenner Augusto, totalmente recuperado pela empresa e exposto hoje no seu átrio, é um retrato vivo do que se podia fazer pelo Estado de Sergipe, nos bons idos de outros administradores conscientes. Gambiarras foram substituídas por postes e fios oficiais nas invasões e favelas do Lamarão, mas a Energisa ainda caminha dizendo que realiza, que tem ideia e imaginação, com a bandeira do Estado de Sergipe tremulando em propaganda de TV. Muito triste.