Os jornais resistem, bravamente, diante das novas mídias que instantanizaram o noticiário, em todo o mundo. Grandes redes de informações internéticas, trabalham em tempo real, alimentando a curiosidade do público, no acompanhamento de fatos que têm uma nova circulação, registrando números grandiosos de acessos, incomparáveis aqueles obtidos pelos jornais. A alusão vale, também, para um conjunto de abordagens temáticas, culturais, científicas, popularizadas, ao alcance da consulta por qualquer internauta, nos pontos de “lan house” espalhados pelas cidades.
Alguns jornais tradicionais sentem necessidade de mudanças e de adaptações, no sentido da sobrevivência, incorporando linguagens e tecnologias atualizadoras. O jornal, como suporte de um conteúdo vário e atraente, não perdeu, até agora, sua importância, mas sofre uma concorrência extremamente ágil, e surpreendente. Pequenos aparelhos de uso pessoal, que são levados em bolsos e bolsas, reúnem possibilidades cada vez mais diversificadas de uso. É música, é foto, é imagem em movimento, é acesso a rede mundial de computadores, é gravação de áudio, é arquivo de textos, é captação de imagens, uma parafernália que cabe, enfim, num objeto do tipo reduzido de telefonia celular, universalizado nos últimos anos em todas as camadas da sociedade.
Os jornais concorreram, é certo, com o cinema, com o rádio, com a televisão, e com sistemas alternativos de comunicação, desde o serviço comunitário de auto falante, os carros de propaganda, o folheto de cordel, e soube resistir como suporte preferencial da notícia. É, portanto, de se esperar que os novos enfrentamentos lhes sejam favoráveis. De qualquer forma, os jornais representam, em todo o mundo, um acervo histórico sem precedentes, pela variedade de suas páginas, que se constitui na mais rica fonte de pesquisa. Não há como ignorar os arquivos dos jornais, com fotos, textos, e com a presença de jornalistas que constroem marcas definitivas no curso do tempo, unindo-se ao objeto, intrinsecamente a ponto de se confundir com ele, como Orlando Dantas teve seu nome associado, indelevelmente, ao da Gazeta de Sergipe.
A imprensa cumpre, então, uma trajetória de 200 anos no Brasil, de 176 anos em Sergipe e de 153 anos em Aracaju. Não é uma história de pernas curtas, de circunstância, que possa ser desprezada. Ao contrário, é um capítulo especial da vida humana organizada socialmente, transformada no cotidiano da sua existência numa singular referência,que pertence ao repertório esclarecido da humanidade. A luta diária é sem tréguas, e nem sempre conquistou vitórias. Aracaju, por exemplo, ainda mantém o hábito de editar jornais de terça a domingo, descartando a 2ª feira. Na medida em que os jornais do domingo, que têm maior conteúdo, circulam nas tardes de sábado, cria-se um lapso de tempo entre o mpróprio sábado e a terça feira, sem impressão de jornais, salvo aqueles semanários, como o CINFORM, que saem extamente na 2ª feira.
Aracaju dispõe, atualmente, de três jornais diários: o Jornal da Cidade, fundado por Ivan Valença e Nazário Pimentel, o Correio de Sergipe, que já foi Jornal da Manhã, Tribunal de Aracaju e A Voz de Lagarto, e o Jornal do Dia, o caçula dos três, fundado por Gilvam Manoel e Elenilton. Cada um com seu perfil, seu corpo radacional e de colaboradores, estabelecendo um equilíbrio incomum de qualidade jornalística. É provável que apareçam jornais de grupamentos políticos, mas há pouca chance de consolidação e de sobrevivência, porque os custos de produção de um jornal diário ou semanal requer cobertura de anúncios e de venda de espaços. Os alternativos são jornais comuns ao longo da história da imprensa em Sergipe e alguns deles ficaram na lembrança dos leitores, como O Cálamo, do Álvares, de Aracaju, que não tinha data certa de circular, ou como o Correio de Própria, feito por Jaime Laudário, também sem periodicidade definida. De todos os alternativos o que mais resiste, é aquele que é feito carinhosa e corajosamente por Ilma Fontes – O Capital, que corre mundo com suas páginas pluralizadas de literatura.
Não sendo fácil caminhar 200 anos de história, não será fácil enfrentar o repertório de tecnologia que incorporará a informação. É pagar para ver, apostar na capacidade dos jornais como instrumentos bem dotados para a batalha midiática, e guardar, com zelo, as milhões de páginas que a inteligência produziu e que representa um patrimônio social, no qual estão os fundamentos da cultura letrada do Brasil.