A FAMÍLIA DO VISCONDE

Os irmãos Rufino Enéas Gustavo Galvão, Antonio Enéas Gustavo Galvão e Manoel do Nascimento da Fonseca Galvão, nascidos, respectivamente, em Laranjeiras, em Socorro e em Estância, deram a Sergipe muitas glórias, pouco conhecidas dos seus conterrâneos sergipanos. A melhor referência ainda é a de Armindo Guaraná, no monumental Dicionário Biobibliográfico Sergipano, que o presidente do Estado, Maurício Graccho Cardoso mandou editar no Rio de Janeiro, em 1925, como obra póstuma. Os três sergipanos pertenceram à elite itinerante que ajudou a governar o Brasil, presidindo as Províncias, ao longo do Império. Uma elite de militares, matemáticos, engenheiros, médicos e bacharéis, espalhada pelas Províncias, fundando os pilares da administração pública do País. Eram nomeados pelo Imperador e não tinham tempo definido para que exercessem seus Governos. Muitos deles foram, também, Deputados Gerais, deputados provinciais, ministros, galgando posição de destaque na história do século XIX no Brasil. Rufino Enéas Gustavo Galvão apresentou-se como voluntário para sentar praça aos 12 anos e aos 14 já estava na Escola Militar, fazendo uma bela carreira, coberta de glória quando esteve na guerra do Paraguai, concorrendo para a vitória brasileira e escrevendo uma Memória sobre os feitos dos militares brasileiros. Bacharelou-se em Ciências Físicas e Matemáticas, tornando-se Engenheiro militar. Foi, também, Comissário brasileiro para fixar, em 1874, os marcos fronteiriços com o Paraguai. Foi presidente das Províncias do Amazonas, de 7 de agosto de 1878 a 15 de novembro de 1879, de Mato Grosso, de 5 de dezembro de 1879 a 2 de maio de 1881, e do Pará, de 16 de dezembro de 1882 a 1884. Exerceu diversas posições de destaque, sendo Ministro da Guerra, o último do Império, e Ministro do Superior Tribunal Militar. Recebeu o título de Barão e depois de Visconde de Maracaju. Nasceu em Laranjeiras em 1831 e morreu no Rio de Janeiro, em 1909. O Visconde de Maracaju teve alguns filhos que alcançaram notoriedade, como Enéas Galvão, célebre jurista que integrou o Supremo Tribunal Federal, o advogado Gustavo Galvão, o poeta e funcionário público Mário Galvão, todos já falecidos. São netos do Visconde de Maracaju: Paulo Enéas Galvão, médico fisiologista e pesquisador, Enéas Galvão Filho, advogado e Juiz trabalhista, ambos falecidos; são bisnetos Henrique Enéas Galvão e Henrique Enéas Galvão Filho; e trineto Carlos Henrique Paiva Galvão, advogado. O primeiro irmão do Visconde, Antonio Enéas Gustavo Galvão também seguiu a carreira militar, consagrou-se ao lado do irmão na guerra do Paraguai, escrevendo um livro sobre a campanha, lastimavelmente desconhecido. Atingindo o marechalato, foi, interinamente, Ministro da Guerra, de 3 de abril de 1893 a 31 de janeiro de 1894, durante o Governo do Marechal Floriano Peixoto. Antonio Enéas Gustavo Galvão recebeu a honraria de ser Barão do Rio Apa. Nasceu na então Vila do Socorro em 1832 e morreu no Rio de Janeiro em 1895. O segundo irmão não foi militar, foi magistrado. Bacharel da turma de 1858 da Faculdade de Direito do Recife, Promotor e Juiz de Direito de Laguna, na Província de Santa Catarina, atuou em outras localidades daquela Província e da Província de São Paulo, chegando a desembargador em 1890. Integrou o Tribunal de Relação de Mato Grosso e depois foi removido para o Recife, onde exerceu suas funções, sendo presidente do Tribunal de Pernambuco, ali aposentando-se. Teve atividade política, como deputado provincial, em Santa Catarina, vice presidente e nesta condição três vezes assumiu a presidência da Província de Santa Catarina, sendo, ainda, Deputado Geral pela mesma Província. Foi, ainda, presidente da Província de Sergipe, de 8 de março a 11 de novembro de 1873. Nasceu na Estância em 1837 e faleceu no Recife em 1915. Os três irmãos ocupam largo espaço na história do Brasil e pela repercussão de suas jornadas de trabalho, das ações públicas, das obras publicadas podem figurar, sem favor, na galeria dos grandes sergipanos, aqueles que deram ao País uma contribuição original e rica, e que alicerçaram os fundamentos da cultura brasileira. Isto leva à pesquisa sobre vultos militares sergipanos, que desde a guerra do Paraguai alcançaram destaque, incorporados, adiante, na campanha republicana vitoriosa, nos sucessivos Governos da República e nos seus desdobramentos. O que tem faltado é o registro biográfico, o comentário bibliográfico, enfim a divulgação dos nomes desses sergipanos que ficaram na penumbra do esquecimento. Sergipe não está para o Brasil, em termos da história e da cultura, apenas pela participação dos bacharéis do Recife e de São Paulo, mas também pelos médicos da Bahia e do Rio de Janeiro, pelos engenheiros das escolas politécnicas e militares, pelos militares que também formam uma elite, com nomes como o do Visconde de Maracaju, do Barão do Rio Apa, de Oliveira Valadão, de Siqueira Menezes, de Ivo do Prado, de Pereira Lobo, de José Calasans, (o general, tio do professor homônimo), e de muitos e muitos outros que ganharam projeção nas missões nas participaram e que exerceram outras atividades, intelectuais e políticas, encorpando ainda mais as suas biografias. É preciso, portanto, incorporar ao rol dos mais notáveis de Sergipe os irmãos Rufino Enéas, Antonio Enéas e Manoel do Nascimento, três sergipanos dos mais ilustres, que ainda vivem na memória nacional, projetados por familiares que seguiram os seus exemplos. Seria muito bom atar os contatos, aproximar as famílias, conhecê-las melhor e dar a elas a manifestação sincera da homenagem devida, resgatando o tempo deixado fluir no passado. Sergipe sabe poucos dos filhos de Tobias Barreto, de Silvio Romero, de Fausto Cardoso, de tantos outros nomes, como quase nada sabe sobre a família do Visconde de Maracaju. Permitida a reprodução desde que citada a fonte “Pesquise – Pesquisa de Sergipe / InfoNet”. Contatos, dúvidas ou sugestões de temas: institutotobiasbarreto@infonet.com.br.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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