A FORMAÇÃO DOS PADRES SERGIPANOS

Foi publicado em Natal, pela editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o livro A formação de padres no Nordeste do Brasil, de autoria da professora doutora Raylane Andreza Dias Navarro Barreto, dos quadros da Universidade Tiradentes. Com formação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Sergipe, onde fez Mestrado estudando os padres de Dom José: o Seminário Sagrado Coração de Jesus (1913-1933). A autora doutorou-se em Natal, defendendo uma tese sobre a formação de padres no Nordeste, notadamente nos Estados de Sergipe e da Paraíba, cujos bispos tinham em comum mais do que a responsabilidade que exerciam em seus respectivos Seminários, tinham uma ligação pedagógica e uma afinidade moral, que marcam os seus Seminários. Convém, de logo, intimizar a relação dos dois bispos, Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, do Seminário Nossa Senhora da Conceição, instalado em João Pessoa, e Dom José Tomás Gomes da Silva, formado na Paraíba, fundador do Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Aracaju.

A Tese da professora Raylane Navarro Barreto na verdade, está ampliada pelos estudos feitos sobre o Concílio de Trento, que balizou o ensino religioso e estabeleceu diretrizes para a formação de padres, e pela visão panorâmica sobre a história da educação religiosa no Brasil. E, é claro, pela incorporação essencial da sua Dissertação, que estuda, em profundidade, os 20 anos de funcionamento do Seminário diocesano de Aracaju, com seu elenco de padres, alguns dos quais também professores, intelectuais, sem faltar os desligamentos que desfalcaram a Igreja no seu trabalho benemérito, destinado à sociedade sergipana. O procedimento formativo permitiu a autora comparar o alcance pedagógico das duas instituições onde as classes e os saberes mereceram reflexão aguçada.

É certo que a formação de padres em Sergipe precedeu a aventura do ensino superior, muitas vezes desejada, outras vezes tentada. Desde as Cadeiras de Gramática Latina e especialmente as Cadeiras de Retórica que havia, ainda que timidamente, uma intenção religiosa, na preparação de jovens que bem poderiam, adiante, ingressar nos Seminários. Com a criação do Seminário local, o ensino superior tem início, deixando para traz as idéias de um curso de Direito, apoiado por juristas e intelectuais sergipanos, bacharéis de Olinda, Recife e São Paulo, porque somente em 1924 houve uma tentativa de instalação de uma faculdade, que não funcionou sob a legação de falta de alunos, e, finalmente, em 1950, com apoio governamental, em dinheiro e estrutura, os magistrados, advogados e outros ligados ao mundo jurídico organizaram a Faculdade de Direito de Sergipe, antecedida das escolas de Economia e de Química, graças a sensibilidade do governador José Rollemberg Leite.

A comparação detalhou os dois seminários, com seus prédios, seus espaços e suas instalações, suas administrações e, ainda, suas singularidades. Raylane Navarro Barreto registra o predomínio das regras comportamentais, passando pelos métodos de ensino, antes de dedicar-se a ensaiar sobre a vida intelectual interna do Seminário Sagrado Coração de Jesus, representada, principalmente, pela Academia São Tomás de Aquino e pela sua revista Scientia et virtus, dando visibilidade a professores e alunos, ou padres e seminaristas, com seus trabalhos e reflexões.

Ganha especial relevo o conjunto de informações biográficas dos padres dos dois centros formadores, seus paroquiatos, seus pendores, seus progressos, dentro e fora da Igreja, como um legado do esforço formador. Ganham registro, também, aqueles que largaram a batina, durante o curso, ou após a ordenação. A citação não interfere na imagem construída pelo Seminário, principalmente o de Sergipe, que funcionou até 1933, cumprindo 20 anos de ensino superior, exemplo seguido apenas em 1948 e daí em diante, nos cursos oferecidos pelas seis escolas superiores existentes antes da criação da Universidade Federal de Sergipe (1967/1968), e mais especificamente pela Faculdade Católica de Filosofia, criada em 1950 e que entrou em funcionamento, formando professores, em 1951.

O livro A formação de padres no Nordeste do Brasil é um livro fundamental a quem acompanha a história e a evolução do ensino superior em Sergipe e está destinado a abrir o debate, interessando a outros mestres e doutores que possam abraçar a tarefa de informar e esclarecer os fatos na linha do tempo.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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