Por especial obséquio do Portal Infonet, estou aqui abrigado desde 21 de junho de 2007, ocupando algumas dezenas de títulos.
São páginas de conteúdo diversificado, procurando externar um temário útil, e, sobremodo, tentando mexer com os meus neurônios ainda resistentes à senilidade, caçoando inclusive com o pensar de meus leitores, para, quem o sabe, suscitar-lhes o bom debate.
Procuro agitar ideias, simplesmente.
E as ideias; “igualmente às prostitutas, as ideias batem boca em público”, frase atribuída a Walter Benjamin, pensador incluído entre os muitos da minha admiração.
Walter Benjamin, para quem esqueceu, foi um pensador marxista, judeu alemão, cuja morte, tida como suicídio, é cercada de muito mistério, porque aconteceu nos Pirineus, entre a França e a Espanha, quando este tentava fugir dos horrores nazistas.
Cito Walter Benjamin por notícia nunca incomum ao império das intolerâncias ideológicas, porque as ideias, diferente do bate-boca das prostitutas, as ideias matam; assassinam.
Foi assim com Rosa Luxemburgo, a grande águia alemã, abatida a pauladas e jogada na sarjeta, numa época livre, já em prenúncio totalitário, quase parecida ao nosso momento atual, em tantos ódios mal disfarçados.
Sou um homem que leio pouco. Adentrei no pensamento de Benjamin por intermédio de outro marxista notável; um brasileiro já esquecido: Leandro Konder.
Mais precisamente a partir de sua obra “Walter Benjamin – O Marxismo da Melancolia”, que recomendo, sem ser marxista.
O tema me vem a mente, porque um de meus leitores mal se apresentando como Marcos, resolveu me desancar, a mim e ao Ex-Presidente Lula, em cusparada: “Odilon, você é um marxista caviar! Lula é um ladrão safado, etc. etc.”
Perguntei-me se este Marcos por alguma peçonha enrustida, em tanta nocividade biliosa, desejava, em verdade, reduzir-me a “corno, veado, fi-da-égua ou fil-da-puta”, só porque eu escrevi o artigo anterior, onde tentei externar três dos muitos erros do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para este meu ledor, tão anônimo, quão antônimo, em coragem, exposição e valentia, o Professor Odilon não deve possuir opinião por ser um “marxista caviar”.
Marxismo caviar seria originado dos idos de 1968, quando a “esquerda escocesa”, junto com “padres de passeata” e “grã-finas com rosto de cadáver”, segundo o genial Nelson Rodrigues, pululavam nas grandes passeatas, fustigando os militares tolerantes, que só fizeram despertar o vespeiro dos seus colegas radicais, desembestando e radicalizando tudo, com direito até a coices de “três patetas”, brutalidades feitas e permanecidas, fechando o Congresso e aprofundando o regime autoritário por quase duas décadas, acoimando na chincha ampla patetice Brasil afora.
Afora isso, e por reverbero da “chienlit française” que cunhou o termo “la gauche caviar”, a esquerda caviar ressurgiu a partir de um título utilizado por Rodrigo Constantino numa pregação capitalista rasteira por superficial.
Neste particular de crítica ao marxismo, prefiro os textos de José Guilherme Merquior, formidável, e por isso esquecido, Friedrich Hayek e Roger Scruton, best-sellers encontráveis nas nossas livrarias.
De caviar, o sambista Zeca Pagodinho graceja: “Você sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar. Caviar é comida de rico,…”
Devo dizer até a quem interessar, que eu não sou rico, mas gosto de caviar. Posso até dissertar sobre a qualidade de cada um dos três tipos principais; o beluga preto do esturjão verdadeiro, o vermelho e o laranja.
Comi dos três tipos la no Mar Adriático, inclusive na Finlândia onde Trump se reuniu com Putin.
Estive em São Petersburgo e em Moscou em julho de 2016, conferindo a beleza que todos vimos via TV nesta Copa recém encerrada.
Mas, ao lembrar a beleza das cidades russas, esqueço-me de alguns como aquele habitante da caverna de Platão que teima em afirmar que a CCCP dantes, jamais poderia legar a Rússia que hoje é.
CCCP, para quem não lembra, era a sigla da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, pintada como terrível em tempos de “guerra fria”, quando era proibido pensar diferente do dourado no ocidente.
Divergência discutível em minha opinião, porque estudo, leio, viajo bastante e desconfio destas certezas monolíticas, espancadas pelo chicote oscilante que é serventia a qualquer radicalismo, os da esquerda ruinosa, os da direita raivosa, e os por simples amorfia doutrinária peçonhenta e supersticiosa.
A parte tudo isso, gosto de banhar-me no imenso manancial das ideias, como nas diversas águas que a vida me tem proporcionado; no Atlântico Oceano, por proximidade e rotina, no Pacífico por distante e no Índico por exótico.
E alguns Mares, como o Mediterrâneo, o Tirreno, o Adriático, o Báltico e tantos outros para descarrego iônico de maus olhados, em amplo pensar e perquirir.
Porque o mau olhado faz medo, sobretudo porque hoje nos faltam aquelas mãos santas benzedeiras, de saudosa lembrança.
Lambanças que me fazem retornar à opinião de alguns leitores incomodados com os meus mergulhos e outros orgulhos.
E aqui eu relembro de um texto antigo em que analisei a Holanda, o cuidado com os esgotos, a utilização de diques para conter o mar e fertilizar o solo, antes verdadeiro charco insalubre, texto em que um mau ledor incomodado gritou pra mim ominoso: “Vá lavar prato na Holanda!”
Aquele leitor não sabia que por melhor altivez, eu lavo pratos em minha casa, ora essa! Fico ditoso em compartilhar as tarefas domésticas com minha querida Tereza, isso a mais de quarenta e cinco anos. A minha melhor companhia, em viagem mundo afora, sem precisar lavar prato.
Ela que muitas vezes discorda do meu pensar diferente, sobretudo quando alguém me tira do sério e suscita asneiras.
Porque vejo assim a opinião de qualquer um que ousa emitir comentários na internet, sem assumi-los com verdadeira identificação.
Vejo estes dilapidadores anônimos, como os mais terríveis, por perigosos. Se pudessem nos fuzilariam em tocaia suprema, por valentia.
Escondem-se porque temem que lhes vejamos, a cara, que todos temos, e o cu (terrível!), que todos o possuimos também.
E aqui estou eu desagradando minha Tereza e tantos leitores queridos, porque ânus e focinhos, todos os temos, o de cima com face lisa e bem exposta, e o de baixo, tão escondido e sujo mais das vezes, por fetidamente anônimo, em diarreia permanente.
O que nem todos possuímos é cérebro! Eis a diferença! E quanta gente o tem, melhor do que eu, inclusive!
É essa a grande deficiência do anônimo, do heterônimo, e até do epônimo mal-ajambrado.
Que todos sejamos respeitados por nossas opiniões.
E que elas, como as prostitutas, não tenham pejo de discutir em público.