O Brasil recebeu um elogio internacional; esta grande besteira, este título que os novos colonizadores criaram para iludir os países descabeçados, quando, em verdade o que querem, desejam e sonham é espoliar as nações pobres, de modo a manter o fosso separando séculos de exploração. Fôssemos um país sedimentado culturalmente e bem alicerçado nos nossos costumes e cultura, estaríamos a repelir esta perfumaria boba que nos chega de fora com tanto estardalhaço. E o estardalhaço se torna mais tolo ainda, quando os analistas econômicos ficam a cobrar reformas trabalhistas e previdenciárias, ao lado de reduções drásticas das conquistas sociais e nos investimentos públicos, tudo o que representa uma plataforma liberal de estado indiferente aos pobres e descamisados, e que vem sendo sucessivamente rejeitada nas nossas últimas eleições. Sim, porque o ideário político reformista dos partidos que elegeram os últimos presidentes da república não combina com esta vertente econômica conservadora que deseja se escudar num discutível “investment grade” para em cobrando reformas rejeitadas e não discutidas nas urnas, pretendem alijar os mais carentes no processo de desenvolvimento. Porque todo mundo sabe que as reformas requeridas suscitam restrições de conquistas trabalhistas de férias, décimo terceiro salário, FGTS, tudo o que vem sendo o amparo do trabalhador ao longo de décadas a partir da CLT e do período Vargas, e que ao longo do tempo tem estado ausente no debate político e mais precisamente nas sucessivas eleições acontecidas. E assim tais reformas pretendidas e badaladas pela grande imprensa representam uma discussão fora de hora, por incompatível com o que vem sendo referendado nas urnas. Melhor seria que tudo isso fosse discutido às claras, no momento dos grandes pleitos eleitorais para marcar um posicionamento bem definido, por ideológico. Por agora, a discussão perde o sentido. E o “investment grade” parece representar estes costumeiros diplomas que firmas e empresários recebem por seus feitos notabilizados em noites de muita luz e cor, disfarçando a desluz e o descolor do título adquirido só por mero embuste e estupor. Vejo, portanto, o “investment grade” como mais um embuste, um novo estupor que o colonizador nos quer impingir. Assim, melhor é não lhes ouvir o conselho. Nosso país, sem exageros de ufania, é muito maior que qualquer revista e qualquer título ou editorial numa língua que não é por final, a da nossa soberania. E a soberania começa com o povo comendo melhor, trabalhando com afinco, e sendo feliz para livre criar, tudo o que não é importante para estes títulos jocosos. Quando isso acontecer, quando nos tornarmos imunes a estas piadas exóticas e idióticas que nos visitam regularmente, seremos o melhor país do mundo, sem ufanismo bobo nem comendas desnecessárias. Assim, ao “investment grade” dê-se em atraso, mas ainda em tempo, o valor que ao nada se deve encaminhar, por melhor destino; a lata de lixo por mor serventia.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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