Atualmente, temos ouvido bastante se falar em inovação e empreendedorismo. Parece que são palavras mágicas e da moda que deixam empresas ou pessoas falar com tanta naturalidade de produtos, processos e serviços inovadores com tanta facilidade. Lamentavelmente há ainda muito pouco conhecimento sobre esses assuntos. A primeira coisa que precisamos afirmar é que a inovação não precisa ser essencialmente técnica como uma maioria expressiva das pessoas acredita; também não precisa ser um produto “novo e útil” como lemos na maioria das descrições. São poucas as inovações técnicas que podem competir com as inovações sociais, como por exemplo: o jornal, as compras a prazo e o seguro. Neste artigo estaremos conversando apenas sobre inovação social e empreendedorismo. Uma das características das inovações sociais é que onde elas foram introduzidas conseguiram causar não só grandes transformações sociais, como também causaram mudanças na economia. No começo do século XIX o fazendeiro norte americano não tinha dinheiro suficiente para investir em máquinas agrícolas. A oferta no mercado era grande, mas a produção estava baixa e os fazendeiros não possuíam dinheiro para comprar as máquinas que iriam ajudá-los a desenvolver as suas plantações. Portanto, havia o produto, o cliente, mas não existia disponibilidade financeira. Bem, como tempos de crise sempre dão origem às soluções inovadoras surgiu a idéia, através dos fabricantes dos equipamentos, da possibilidade de que fossem feitas vendas à prestação. Isto permitiu que os fazendeiros pudessem comprar os equipamentos para pagá-los através dos seus ganhos no futuro e não nas receitas do passado como era a prática comum. Com este fato, naquela ocasião as dificuldades foram transformadas em possibilidades e o resultado foi fantástico. Na maioria das vezes a inovação social acontece por conta de uma nova percepção; todavia, lamentavelmente, esse tipo de inovação é muito difícil de ser alcançada. A inovação social se fundamenta, basicamente, em raízes culturais, um exemplo claro disso foi o que aconteceu no Japão. Segundo Drucker (1986) os japoneses tomaram a decisão deliberada cem anos atrás de, primeiramente, concentrar os seus recursos na inovação social utilizando para isto a seguinte estratégia: imitar, importar e adaptar inovações técnicas. O que resultou num sucesso surpreendente. Mas, para haver inovação social é preciso se aprender a enxergar por novas perspectivas. Um exemplo disto pode ser dado quando o homem percebeu que poderia tirar a carroceria de um caminhão e colocá-la em um navio, isto fez com que o navio deixasse de ser visto apenas como um “navio” e passasse a ver considerado um equipamento para manipular cargas ou, como foi denominado posteriormente um “navio cargueiro”. Essa inovação que parece ser muito simples não apenas quadriplicou a produtividade do cargueiro marítimo como certamente naquele momento salvou a marinha mercante e foi o grande mecanismo para o transporte de produtos para os mais diferentes e diversos portos do mundo nos últimos quarenta anos. Agora o que significa empreendedorismo? Na verdade empreender trata-se da capacidade de transferir recursos econômicos de um setor de baixa produtividade para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento. Portanto, os empreendedores são indivíduos inquietos, e não apenas pessoas que abrem negócios como muitos de nós pensamos. Os empreendedores mudam ou transformam valores, sempre estão buscando a mudança, reagem a ela e a exploram como sendo uma oportunidade. Logo são indivíduos que conseguem entrar em sintonia com modelos mentais ainda não percebidos pela maioria das pessoas. Vale considerar que a inovação é o instrumento específico do espírito empreendedor, mas vale considerar também que a inovação não consegue se estabelecer com sucesso em ambientes que não foram preparados ou são propícios ao pensamento criativo. Daí, se isso não acontece, lamentavelmente não existe muita possibilidade de inovar verdadeiramente e com isso continuamos copiando e testando os velhos modelos e experiências do passado. (*) fbcriativo@fbcriativo.org.br
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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