As conversações sobre clima obtiveram progresso na elaboração de um novo tratado da ONU para conter o aquecimento globa1, mas não chegaram a atender às demandas das nações em desenvolvimento de que os países ricos façam grandes reduções nas emissões de gás que levam ao efeito estufa.
Os governos expressaram posições muito mais claras depois de uma primeira revisão de um esboço de texto do tratado que deve ser firmado em Copenhague, em dezembro, para suceder o Protocolo de Kyoto. Serão restringidas emissões de gás do efeito estufa emitidas principa1mente pela queima de combustíveis fósseis.
Os cortes apresentados por países ricos chegam no máximo a 24 por cento em relação aos níveis de 1990 –bem distante das demandas das nações em desenvolvimento. E esse número exclui os Estados Unidos, que planejam reduzir as emissões para o nível de 1990 somente até 2020 –tiveram um corte de cerca de 14 por cento desde 2007. Se os EUA fossem incluídos no ba1anço, a média das nações industria1izadas cairia praticamente pela metade.
A China e muitos países em desenvolvimento querem que as nações ricas reduzam até 2020 em pelo menos 40 por cento seus níveis de emissão em relação a 1990 para evitar que a piora no aquecimento globa1 desencadeie mais secas, elevação dos níveis dos mares, doenças e extinção de espécies de plantas e animais.
Os países industrializados não estão mostrando a ambição necessária para combater a mudança climática e, faltando quatro meses para aprovar um acordo pós-Kyoto, as metas de redução de gases poluentes desses Estados não se ajustam aos objetivos fixados pela ONU.
São insuficientes os objetivos identificados pelos Estados Unidos, país que não ratificou o Protocolo de Kyoto, mas que quer assinar o acordo que substituirá o pacto.
Os EUA, junto com a China, são os maiores poluidores do mundo, devem reduzir os gases poluentes em 17% até 2020 em relação a 2005, este volume só representaria uma diminuição de 4% frente aos níveis de 1990, que são os tomados como ponto de partida no resto dos países.
O mundo está caminhando “como sonâmbulo” em direção a desastres naturais evitáveis cujos efeitos poderiam ser significativamente reduzidos com um aumento modesto nos gastos com redução de riscos, disse John Holmes, subsecretário-geral de assuntos humanitários da ONU.
Ele espera que a Plataforma Global concorde em gastar 3 bilhões de dólares por ano com a redução de riscos de desastres. Esse valor representa cerca de 10 por cento dos 8 bilhões de dólares gastos anualmente com ajuda após desastres, mais 1 por cento do orçamento de assistência ao desenvolvimento, de 239 bilhões de dólares
Os desastres mais prejudiciais em países em desenvolvimento podem dar a impressão de causar menos danos porque os bens danificados custam menos, mas os danos reais em termos de vidas e subsistência são muito maiores disse Holmes.
A maioria das dez maiores “megacidades” mundiais, com 25-35 milhões de habitantes, fica em áreas costeiras perigosas ou zonas de risco de terremotos. Quase 1 bilhão de pessoas vivem em
“assentamentos informais” ou favelas urbanas, e esse número cresce em 25 milhões de pessoas por ano, à medida que a urbanização expõe mais pessoas ao risco de desastres, disse Holmes.
O Congresso Científico Internacional sobre Mudanças Climáticas terminou em Copenhague com um intenso debate entre cientistas e o primeiro-ministro da Dinamarca.
A I)jnamarca assumirá a presidência da Convenção do Clima da ONU em dezembro, quando 190 países negociarão novas metas de emissão para o próximo período de Protocolo de Kyoto, o pós-2012.
A disputa em torno dos limites de temperatura acabou sintetizando a principal conclusão do Congresso em Copenhague: cientistas precisam a1ertar os governos de que o problema é mais sério do que se imaginava.
As piores previsões sobre as mudanças climáticas feitas pela organização das Nações Unidas há dois anos poderiam estar se concretizando, afirmaram os cientistas reunidos em uma conferência em Copenhague, na Dinamarca. Em um comunicado fina1 onde delinearam seis pontos-chave para alertar os lideres políticos do mundo, os cientistas afirmam que há um risco crescente de mudanças climáticas abruptas e irreversíveis.
Os pesquisadores também alertaram que mesmo aumentos modestos de temperatura afetarão milhões de pessoas, particu1armente em paises em desenvolvimento. Mas, segundo eles, a maioria das ferramentas necessárias para diminuir as emissões de dióxido de carbono já existe.
Segundo as novas previsões, o nível das águas pode subir mais de um metro em várias partes do globo, com enormes impactos para milhões de pessoas.
Nós poderemos ver centenas de mi1hões de pessoas, provave1mente bilhões, que terão que se mudar, e sabemos que isso pode causar conf1itos. Então, poderemos ver um grande período de cont1itos em todo o mundo, de décadas ou séculos.(Ambientebrasil)