A Marqueteira Política

Cartas do Apolônio

Lisboa, 27 de agosto de 2004

 

Caros amigos de Sergipe:

 

Tenho assistido via internet (graças à boa vontade do pançudo compadre Pascoal Maynard que grava e manda para mim), aos programas sergipanos do horário eleitoral gratuito na televisão. E confesso, nunca mais precisei ver o Casseta e Planeta.

 

O Adelmo Macedo, o homem do “por conseguinte” por exemplo, falando do Metrô que vai implantar em Aracaju, convenhamos, é muito mais divertido do que aquele Bussunda.

 

Foi através deles que descobri mais uma vocação latente na prodigiosa cabecinha de Zenóbia, a minha patroa sexagenária: a de marqueteira política.

Zenóbia, como todo gênio incompreendido, faz análises aparentemente tresloucadas, mas que no fundo têm muito sentido. Aliás, fundo é o que ela mais tem.

 

Segundo o novo Duda Mendonça de saias, o programa do Déda é realmente o melhor. Mas não por ter mais acabamento artístico ou consistência política, nada disso. Seus argumentos são fundamentados à luz da psicanálise.

 

Segundo o seu abalizado parecer técnico, “a imagem de Déda projeta em mulheres e homossexuais passivos, desejos latentes ligados ao princípio do prazer’ (curioso, dos ativos a danada não falou!). “Ainda por cima, sua propaganda diz que ele faz e  faz bem feito. Aí já é sacanagem”, complementou a freudiana.

 

Daí que o seu primeiro conselho como marqueteira extra-oficial foi o rompimento do casório: “Esse rapaz deve urgentemente separar-se da atual esposa!”, recomendou.

 

Zenóbia argumenta do alto de suas seis arrobas, que as mulheres suspiram pelo alcaide, mas que a sua condição de casado o torna carta fora do baralho contribuindo para uma possível rejeição do mulherio que representa algo em torno de 51% do eleitorado (isso fora os gays!). Donde seu argumento, logo se vê, não é tão amalucado assim.

 

Outra constatação zenobiana é a necessidade do Renato Sampaio entrar urgentemente num tratamento fonoaudiológico com a Neusinha Maranhão. Diz a beletrista que aquela sua voz de bebê chorão não está soando muito bem aos ouvidos aracajuanos. 

 

“Como é que uma criatura é agraciada com uma aposentadoria de 13 mil mensais e ainda reclama da vida mansa? Francamente, não cola!”, disse-me com ares indignados, ao conferir minhas partes pudendas.

 

Melhor a Vera, aquela Enéias imberbe, com suas propostas mágicas para resolver todos os problemas do Brasil quebrando tudo o que é rico na cepa e mandando o FMI pra ‘puta que los pario’, com o perdão da má palavra.  

 

Do Jorge Alberto, o homem do lindo slogan, ela pouco falou. Constatou apenas que “tem belas filhas, pode explorá-las”. Em compensação, da Susana Zenóbia fez um verdadeiro tratado de ciências políticas.

 

A começar pela crítica à entrada do que ela chamou de “Teletubbies eleitorais” aqueles rapazes abestados que saltam no horizonte tendo ao fundo um girassol gigante como que substituindo o astro rei. Achou o “ó”.

 

Gostou da pastora, que treinada sob as hostes da Batista Renovada, tem o dom da oratória, mas achou o programa das meninas macambúzio e capiongo. Sugeriu que o pessoal da agência do big boss parasse de fumar um pouco pra ver se melhorava a coisa.

 

Com tantos conselhos a dar, acho que vou abrir uma consultoria de marketing e explorar o talento zenobiano. E já sei por onde começar. Vou fazer uma permuta com a Shana. Ninguém mais vai meter o pau nela!

 

Até semana que vem

 

Um abraço do

 

Apolônio Lisboa

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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