A morte do professor Laranjeiras – Araripe Coutinho

 

Araripe Coutinho

 

A morte do Professor Laranjeiras

 

 

A notícia abriu o dia com a sensação de que perdemos o sorriso. José Carlos Azevedo, o professor Laranjeiras, foi mestre de várias gerações. O coração o fulminou na tarde da quarta-feira, 11,quando ia dar mais uma aula no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe. Laranjeiras era um negro de sorriso aberto, meio tímido, muito amado. Eu fui seu aluno na década de 80, arrumava o seu diário com seu horário para que quando chegasse ali estivesse pronto. Tinha uma caligrafia linda, um jeito de dar aula vivaz e era temido por ser professor de matemática. Exigente que era. Foi da geração de Caetano Quaranta, Conceição Ouro, Liomar Quaranta, José Jefferson Euzébio Ribeiro, Magaly Santos Pinto, Arinaldo Andrade, Yara Mendes Freire e tantos outros contemporâneos seus.

Laranjeiras tinha um colégio, mas como sempre modesto, nunca gostou de publicidade e notas para sua vaidade. Vivia de seu trabalho, como um operário da educação. Era um visionário e apesar de sua área exata, tinha uma sensibilidade rara. Dos gênios.

Foi professor do Estado, do Ginásio de Aplicação desde a rua Campus e da cidade de Laranjeiras, sua terra natal, daí o seu nome. É , sem dúvida, uma perda irreparável. Palavras soltas que a gente repete nestas horas. Mas  Laranjeiras foi e continuará  sendo meu inesquecível mestre de matemática, esta ciência-matéria que não combina com o coração.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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